segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Avanços da medicina 2016

Auxílio a prematuros, suspensão da perda de visão e um exame rápido para detectar doenças fatais são alguns dos avanços recentes da pesquisa médica  
 
 
 
Primeiro antibiótico novo em 30 anos
 
Em janeiro de 2015, cientistas da Universidade de Bonn, na Alemanha, em colaboração com a Universidade Northeastern, em Boston, EUA, anunciaram a descoberta de um antibiótico capaz de agir contra uma grande variedade de infecções potencialmente fatais, como pneumonia, tuberculose e infecções do sangue e de tecidos moles.
 
Os estudos mostram ser improvável que o medicamento teixobactina provoque resistência, um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento de novos antibióticos e um grande problema de saúde hoje. A teixobactina foi muito eficaz contra a tuberculose, doença que está ressurgindo em muitos países, principalmente no Leste Europeu. Espera-se que o novo antibiótico seja aprovado na Europa e nos Estados Unidos dentro de cinco anos.
 
Não corte o cordão... ainda
 
Entre as muitas complicações sofridas por prematuros, a mais comum é a hemorragia cerebral, principal causa de morte desses bebês. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Baylor, em Dallas, nos EUA, encabeçados pela Dra. Arpitha Chiruvolu, verificaram que esperar apenas 45 segundos a mais antes de grampear o cordão umbilical reduz significativamente esse risco. “Ficamos impressionados com a redução de quase 50% [da hemorragia cerebral]”, disse ela. “Não houve efeitos colaterais, e muito menos bebês com grampeamento tardio do cordão precisaram ser entubados por apneia ou doenças respiratórias na sala de parto.”
 
Exame rápido para doenças fatais
 
Imagine identificar doenças potencialmente fatais e muito contagiosas, como ebola, dengue e febre amarela, rapidamente e no local – por exemplo, em regiões remotas ou subdesenvolvidas –, de modo a não perder um tempo precioso para começar o tratamento. Esse exame, sob a forma de tiras que mudam de cor, foi desenvolvido por pesquisadores do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA, em conjunto com a FDA, agência americana que regula a comercialização de alimentos e remédios. As tiras funcionam de modo parecido com os exames de gravidez domésticos e alertariam o paciente (que poderia procurar ajuda imediata) e as autoridades de saúde (para a possível presença de uma determinada infecção virótica e fatal). As novas tiras não substituirão os exames mais precisos feitos em laboratório. “Essa é uma técnica complementar para locais sem água corrente nem eletricidade”, explica a Dra. Kimberly Hamad-Schifferli, um dos líderes da equipe. “Queremos ir a campo e pôr as tiras nas mãos de quem precisa.”
 
Sucesso no transplante de útero
 
Surge uma nova esperança para mulheres que, por defeito congênito ou tratamento de câncer, ficam sem útero. Em setembro de 2014, depois de um bem-sucedido transplante de útero, uma sueca deu à luz um menino saudável. Malin Stenberg, 37 anos, nasceu sem útero; o órgão que recebeu foi doado por uma amiga da família, de 61 anos. O Dr. Mats Brännström, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, encabeçou a equipe internacional de médicos e pessoal de apoio que realizou o transplante. Até agora três mulheres deram à luz na Suécia depois de transplantes de útero bem-sucedidos.
 
Pulmão portátil
 
Em julho de 2013, especialistas em transplantes do Hospital Universitário de Leuven, na Bélgica, conseguiram preservar durante 11 horas um pulmão fora do corpo do doador, um recorde na história da medicina. Essa é uma boa notícia para quem sofre de insuficiência pulmonar crônica e aguarda um transplante. A façanha se deve à OCS-LUNG, máquina portátil que fornece ao pulmão do doador um suprimento fresco e constante de oxigênio. Desenvolvida pela empresa americana TransMedics, a máquina revolucionará os transplantes de pulmão e permitirá aos cirurgiões conservarem e monitorarem o pulmão do doador por mais tempo durante o transporte. Ela já está à venda nos mercados europeu e australiano.
 
Nova ajuda para quem está perdendo a visão
 
Em meados de 2015, a Ocata Therapeutics anunciou a segunda fase dos estudos de uma terapia com células-tronco embrionárias humanas. A pesquisa dessa empresa americana com sede em Massachusetts pode restaurar a visão perdida com a degeneração macular relacionada à idade. Na forma mais comum da doença, uma fina camada de tecido que leva nutrientes e oxigênio aos cones e bastonetes do olho começa a se deteriorar. Sem esses nutrientes, a visão fica comprometida. A Ocata estimula células-tronco a se tornarem células saudáveis do epitélio pigmentar da retina, que depois são injetadas no olho. Nos dois primeiros estudos clínicos da empresa, 10 dos 18 pacientes tiveram alguma melhora da visão, e parece que a terapia interrompeu o processo degenerativo em outros sete. Espera-se que, algum dia, o tratamento seja tão comum quanto a cirurgia de catarata.
 
Virada de jogo para salvar crianças
 
Em julho de 2015, a Agência Europeia de Medicamentos anunciou a recomendação para aprovar uma vacina que talvez seja a primeira contra malária em bebês e crianças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que, em 2013, houve 627 mil mortes por malária, das quais quase 90% ocorreram na África subsaariana e 77% delas em crianças com menos de 5 anos. O estudo clínico mais recente da nova vacina Mosquirix mostrou que quatro doses reduziram os casos de malária em quase 40%. Boa parte do crédito da vacina é atribuída a Ruth e Victor Nussenzweig, um casal de cientistas do Departamento de Microbiologia do campus de Langone da Universidade de Nova York, nos EUA, cuja pesquisa contra a malária nos últimos 50 anos lhes trouxe reconhecimento internacional. Hoje, com mais de 80 anos, os Nussenzweigs trabalham para aumentar a eficácia da vacina.
 
Filtrar água com livros
 
Na África subsaariana, cerca de 358 milhões de pessoas não têm acesso seguro a água potável. Agora, pesquisadores criaram um livro sobre segurança hídrica cujas páginas podem ser usadas para filtrar água. Em estudos feitos na África do Sul, no Haiti, no Quênia e em Bangladesh, o papel conseguiu remover mais de 99% das bactérias. Uma página pode purificar até cem litros d’água. A Dra. Teri Dankovich, pesquisadora da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, nos EUA, que desenvolveu e testou a tecnologia em vários anos de trabalho com colegas da Universidade McGill, do Canadá, e da Universidade de Virgínia, nos EUA, espera iniciar estudos em que os próprios moradores utilizem os filtros. Cada página traz instruções no idioma local. “Precisamos pôr o material nas mãos das pessoas para ver o efeito”, diz a Dra. Teri.
 
Vacina contra câncer de pulmão
 
Todas as células, inclusive as cancerosas, precisam de vários “fatores de crescimento” naturais para proliferar. Assim, cientistas cubanos desenvolveram a CimaVax, vacina que, em estudos clínicos, pareceu segura e muito eficaz para inibir a produção do fator de crescimento epidérmico presente em determinadas células cancerosas.
 
De acordo com o Dr. Kelvin Lee, do Instituto do Câncer de Roswell Park, em Nova York, os pacientes com câncer de pulmão metastático que receberam CimaVax sobreviveram bem mais do que os que não receberam. O câncer não desapareceu, mas cresceu mais devagar. Com seus colegas, agora o Dr. Lee espera permissão da FDA americana para fazer um estudo com a CimaVax e diz: “Há muitos outros cânceres que contam com esse fator de crescimento, como os de cólon, mama, cabeça, pescoço, pâncreas e próstata.” Isso significa que é possível que a vacina CimaVax também possa detê-los ou retardá-los.
 
 

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