terça-feira, 30 de agosto de 2016

Nos últimos 5 anos, 49 médicos foram processados por erro no Ceará

No ano passado, em média, foram registrados um processo por mês por pacientes vítimas da má conduta de profissionais de saúde



Nos últimos cinco anos, pelo menos 49 médicos foram processados no Ceará por erro médico. De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado, só em 2015, em média, um processo por mês foi registrado por pacientes vítimas da má conduta de profissionais de saúde.

Em 2014, a vida da pequena Laurinha nunca mais foi a mesma desde que nasceu. Após a mãe, Paula Teixeira, sofrer um choque anafilático ao ser medicada antes do parto, Laura Cruz ficou sem oxigênio, teve paralisia cerebral e passou seis meses em coma, aparentemente sem vida. Hoje a menina respira com a ajuda de aparelhos e se alimenta por sonda em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) montada em casa.

Segundo o pai, Ádamo Cruz, a filha é sobrevivente de um erro médico. “Foi marcado o dia do parto, ele prescreveu um antibiótico profilático para quando ela fosse internada antes mesmo da cirurgia. Logo depois, vi o corpo da minha mulher todo marcado, eu acredito que tenham feito de tudo para reanimá-la, já que ela teve várias paradas cardíacas. A minha filha nasceu morta e foi reanimada na UTI. E seguiu-se o socorro para a minha mulher que não resistiu”, contou o pai à Tribuna Bandnews FM.
 
A família entrou com um processo na Justiça contra os profissionais que podem ter feito os procedimentos errados e contra um hospital particular de Fortaleza, onde a criança nasceu.

O caso da Laurinha – emblemático no estado – é um dos quase 40 processos ético-profissionais instaurados no Ceará pelo Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremec). Em 2015, 12 médicos foram processados, sendo que seis foram julgados por agirem com imperícia, imprudência ou negligência, o que caracteriza erro médico.

O corregedor do Cremec, Albertino Souza, disse que a maioria dos procedimentos ocorre em Fortaleza. “O processo não quer dizer que houve a culpa. Porque ocorre toda a tramitação do processo, com direito à defesa, e no final tem o julgamento, e uma das partes ainda tem como recorrer”, explicou.

Para a presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Mayra Pinheiro, problemas estruturais como falta de mão de obra e longas jornadas de trabalho nas unidades de saúde pública são fatores que podem contribuir para falhas no atendimento médico. “Todos os profissionais estão trabalhando com uma carga de estresse físico e emocional além da nossa capacidade. Isso põe em risco a vida das pessoas. O horário de medicação que atrasa, porque tem poucos profissionais, os improvisos que têm sido feitos hoje, tudo isso leva a erro médico”, destacou.

O número de processos movidos por erro médico que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça cresceu 140% no país, entre 2010 e 2014, de acordo com o órgão.

Tribuna do Ceará
 

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