"Torço para que os CRMs destes médicos sejam cassados e que eles paguem na cadeia. São criminosos."
Na noite de domingo, 24, o ‘Fantástico’ levou ao ar reportagem sobre suposto “plano de saúde cooptava médicos para reaproveitar material cirúrgico”. Na matéria comandada pelo produtor Mahomed Saigg e o repórter Paulo Renato Soares, o programa da Rede Globo mostrou que investigação considerou que “dois diretores da Unimed Federação do Estado do Rio de Janeiro” seriam os líderes da ação criminosa que contaria com a participação de 19 médicos.
Dos 19 médicos citados na reportagem, quatro chegaram a cuidar da saúde de Athos Moura. Repórter da CBN, Athos enfrenta problemas cardíacos desde a infância. Nesta segunda-feira, 25, o jornalista relatou sua surpresa em ver os doutores que deveriam zelar por sua saúde envolvidos em ato que visava justamente o contrário: não ligar para a vida de pacientes. Ele chegou a informar, no site da emissora de rádio, que chegou a ser infectado durante cirurgia (feita por um dos médicos denunciados).
Confira, abaixo, a íntegra do relato de Athos Moura:
O que passei em Londres em 2013 não é novidade para ninguém. Minha jornada para me manter vivo e o sofrimento de minha família foram públicos e compartilhados por diversos amigos. Fui infectado durante uma operação de troca de marca-passo com a bactéria Staphylococcus. A cirurgia aconteceu em dezembro de 2012, no Hospital São Vicente de Paula, na Tijuca. A minha recuperação foi em um hospital de Londres, onde os médicos de lá apontaram uma série de erros dos profissionais brasileiros, que me custou vários sonhos e quase levou a minha vida.
Neste domingo, o Fantástico mostrou uma reportagem sobre uma quadrilha de cardiologistas que colocam a segurança dos pacientes em risco por causa de lucro. Minha primeira surpresa, e boa, foi de que a denúncia partiu do médico que cuida de mim atualmente. Com o desenrolar da matéria, não sabia direito como reagir, e muito menos entender como estou de pé até hoje. Dos 19 médicos denunciados, quatro cuidaram de mim ao longo da minha vida.
Um deles foi meu médico na infância. Outro implantou o meu primeiro marca-passo, aos 17 anos. Outro foi com quem eu tinha consultas, dos 17 aos 24 anos, recomendou que eu trocasse o aparelho e foi responsável por toda parte burocrática da operação. O último fez a cirurgia que acabou me contaminando.
Na Inglaterra, os médicos descobriram que minha cirurgia foi desnecessária. Eu não precisaria usar mais marca-passo, mas, mesmo assim, os médicos daqui nem sequer comentaram isso. Falaram que era preciso trocar. Então, fui fazer a cirurgia, que é simples, e, com o atestado médico dado por eles, viajei para a Europa. Em Londres, após passar mal, e ter de ser operado às pressas, os médicos informaram que fui contaminado por falta de higiene. Os motivos plausíveis eram de que os médicos não lavaram as mãos, equipamentos contaminados ou sala de cirurgia suja.
Hoje, vendo a matéria, me senti revoltado, porque, em certo momento, até pensei que poderia ter sido um deslize. Mas, agora, vejo que pode ter sido consciente. Fui contaminado e quase morri em 2012. De lá pra cá, quantas pessoas passaram pelo mesmo problema? Quantas morreram?
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