Considera pela Polícia Civil e pelo Ministério Público como a maior investigação já realizada para apurar máfia contra a saúde, a Operação Mister Hyde também apreendeu R$ 100 mil e US$ 90 mil
Suspeitas de envolvimento no grande esquema que movimentou milhões de reais no Distrito Federal, 13 pessoas foram presas na Operação Mister Hyde, deflagrada nesta manhã de quinta-feira (1°/9). Sete deles são médicos e os demais funcionários de hospitais, de clínicas e da empresa que estava no centro do esquema, a TM Medical. É a maior investigação já realizada para apurar a máfia contra a saúde. O grupo criminoso enriquecia com a realização de cirurgias desnecessárias, superfaturamento de equipamentos, troca fraudulenta de próteses, além do uso de material vencido em pacientes. Estima-se que cerca de 60 pessoas foram lesadas, somente em 2016, por uma empresa.
Foram 13 mandados de prisão no total, sendo sete temporárias e cinco preventivas; 21 mandados de busca e apreensão; e quatro conduções coercitivas, quando a pessoa é levada para depor. Foram apreendidos R$ 100 mil e US$ 90 mil. Entre os presos estão o dono da empresa TM Medical e líder do esquema, John Wesley e um sócio da empresa, identificado como Micael Bezerra Alves. Uma condução coercitiva é contra o diretor do Hospital Home, Cícero Henrique Dantas Neto. O médico dono de uma clínica no Setor Hospitalar Sul, Rogério Damasceno, um dos mais atuantes do esquema, foi preso temporariamente.
acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram no ano passado, por meio de uma denúncia na internet, feita por um instrumentador cirúrgico. Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DECO), Luiz Henrique Dourado, os golpes começavam pela identificação de um paciente que fosse um “projeto econômico”, ou seja, um alvo para a realização dos procedimentos médicos desnecessários. O hospital entrava em contato com a empresa de venda de próteses e órteses, momento em que o médico alinhava com os funcionários o material que deveria ser incluído no procedimento cirúrgico e também as recompensas financeiras que receberiam pela “indicação” do material, além de superfaturarem os preços. As gratificações eram pagas em dinheiro e por ‘mimos’, como viagens, segundo a operação.
A propina recebida pelos médicos era proporcional à quantidade de material que o médico inseria em cada cirurgia. “Inclusive, a empresa chegava a indicar ao médico a inclusão de material cirúrgico. Ou seja, não é a necessidade do paciente que prevalece e sim o interesse econômico”, afirmou o delegado Luiz Henrique Dourado.
Com a participação de funcionários de clínicas médicas e hospitais, o material era encaminhado à unidade médica, quando então eram criadas condições para facilitar que aquela empresa com a qual o médico fez o acordo ganhasse uma espécie de licitação – já que os planos de saúde exigem que três empresas sejam definidas. Cada pessoa que atuava no esquema fraudulento recebia um “pagamento”, de acordo com a participação em cada etapa do processo. Em caso de negativa do plano de saúde, os investigados faziam diversos relatórios para justificar o procedimento e o uso das próteses e órteses indicadas para forçar a aprovação.
Crime contra a saúde
A propina recebida pelos médicos era proporcional à quantidade de material que o médico inseria em cada cirurgia. “Inclusive, a empresa chegava a indicar ao médico a inclusão de material cirúrgico. Ou seja, não é a necessidade do paciente que prevalece e sim o interesse econômico”, afirmou o delegado Luiz Henrique Dourado.
Com a participação de funcionários de clínicas médicas e hospitais, o material era encaminhado à unidade médica, quando então eram criadas condições para facilitar que aquela empresa com a qual o médico fez o acordo ganhasse uma espécie de licitação – já que os planos de saúde exigem que três empresas sejam definidas. Cada pessoa que atuava no esquema fraudulento recebia um “pagamento”, de acordo com a participação em cada etapa do processo. Em caso de negativa do plano de saúde, os investigados faziam diversos relatórios para justificar o procedimento e o uso das próteses e órteses indicadas para forçar a aprovação.
Crime contra a saúde
De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a operação de hoje teve dois objetivos: o primeiro é evitar a continuidade da ação criminosa dentro das unidades de saúde; o segundo era a coleta de material que pudesse comprovar a existência da quadrilha organizada e ampliar a investigação. Os envolvidos vão responder à Justiça pelos crimes de organização criminosa, crimes contra a saúde pública e estelionato. No entanto, as investigações prosseguem para apurar crimes de lavagem de dinheiro. As penas somadas ultrapassam ao menos 40 anos de prisão para cada um.
MP considera como grave as condutas praticadas. Na investigação foram identificados vários casos de uso de próteses fora do prazo de validade e a simulação de uma venda como se fosse equipamento importado e, no momento da cirurgia, havia a troca e utilização de equipamento nacional. O órgão destaca que a expectativa é de que, nos próximos dias, após a oferta da denúncia, o Conselho Regional de Medicina (CRM) seja comunicado e tome as devidas providências. Entre as medidas punitivas, está inclusive o afastamento dos profissionais envolvidos.
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