Três foram ouvidas nesta segunda-feira (5/9) pela Deco. Agentes recolheram mais materiais na TM Medical, um dos alvos da Operação Mister Hyde, e tiveram o apoio da Anvisa para checar a validade de bisturis e materiais cirúrgicos
Pelo menos 50 pessoas procuraram a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), desde a última quinta-feira (1º/9) para denunciar médicos e hospitais que estariam envolvidos na Máfia das Próteses. Nesta segunda-feira (5/9), o entra e sai da unidade policial, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), foi intenso. Três possíveis vítimas foram ouvidas.
Além disso, os agentes recolheram mais documentos na empresa TM Medical, um dos alvos da Operação Mister Hyde, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e contaram com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para conferir a validade de bisturis e materiais cirúrgicos. Todo o material recolhido será analisado. Micael Alves, suposto sócio da TM, preso preventivamente na operação, foi ouvido novamente nesta segunda.
Muitas das vítimas denunciaram outros hospitais e médicos do Distrito Federal. Diante dos fatos, os investigadores não descartam novos nomes e unidades de saúde que estariam envolvidos na Máfia das Próteses.
“A gente vai investigar tudo. O processo será longo, até porque não estamos conseguindo ouvir todo mundo devido à Operação Legalidade (da Polícia Civil)”, explicou o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente. “Queremos aproveitar para informar as vítimas que elas podem procurar qualquer delegacia próxima a casa delas para prestarem depoimento”, acrescentou.
Drama
Nesta segunda, uma aposentada que teria ficado cadeirante após uma cirurgia com um dos médicos, mesmo com horário marcado antecipadamente com o delegado, teve de voltar para casa sem ser ouvida. O motivo seria falta de pessoal na unidade, devido à Operação Legalidade.
A vítima em questão é uma senhora de 65 anos. Ela conta que perdeu o movimento das pernas depois de passar por uma cirurgia com o médico Leandro Flores, que foi detido durante a Operação Mister Hyde. Ele foi preso e solto um dia depois, na sexta (2), com mais quatro pessoas.
A mulher conta que foi submetida à cirurgia em 2013, por conta de uma artrose. O médico colocou vários parafusos na coluna dela. Depois, a paciente diz que passou a sentir muita dor, procurou o médico e ele teria abandonado o caso. De lá para cá, precisou passar por mais duas cirurgias, mas não foi possível reparar o osso. A aposentada não anda mais.
A família cogitou entrar na Justiça e, quando o caso veio à tona, resolveu procurar a polícia. “Agora, eu acredito que a justiça está começando a ser feita. Eu sempre soube que foi erro médico. Ele causou tanto transtorno para nossa família. Eu não ando mais, fiquei depressiva, minha filha não pode trabalhar porque tem de cuidar de mim.”
Procurado pela reportagem, o advogado Wendell Santana, que defende o médico Leandro Flores, informou que o seu cliente afirma que todas as cirurgias que realizou foram “adequadas, necessárias e que nunca usou nenhuma prótese ou órtese sem necessidade ou fora da literatura médica”.
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