terça-feira, 13 de setembro de 2016

Cúpula da cardiologia do Einstein cai por suposto esquema de próteses

Dois médicos que comandavam o Centro de Intervenção Cardiovascular do hospital de São Paulo, um dos mais conceituados do país, foram afastados após denúncias de que têm relações “espúrias” com empresa fornecedora de próteses cardíacas
 
 
 
 
A suspeita da existência de um esquema envolvendo a máfia das proteses não se restringe ao Distrito Federal. Em São Paulo, dois médicos do Hospital Albert Einstein, um dos mais conceituados do país, foram denunciados anonimamente à polícia por ligação “espúria” com uma empresa fornecedora de próteses cardíacas e acabaram afastados da unidade. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os médicos denunciados, Marco Antonio Perin e Fábio Sandoli de Brito Júnior, estão entre os principais nomes do país na área cardiológica e comandavam juntos o Centro de Intervenção Cardiovascular do Einstein até junho deste ano.
 
De acordo com um comunicado do hospital, as  denúncias traziam “diversas provas sobre o envolvimento espúrio” dos dois especialistas com fornecedoras de próteses cardíacas, entre elas, a CIC Cardiovascular, que tem como sócia Fátima Martins, enfermeira do Einstein nos anos 1980 e que, em 2012, criou essa empresa.

Uma investigação interna aberta logo após as denúncias analisou os e-mails corporativos e detectou repasses de dinheiro para contas de profissionais feitos por pessoas ligadas a essa fornecedora. De acordo com as investigações, os contatos ocorriam ao menos desde 2012, via repasse de recursos, de viagens e presentes.
 
Foi possível verificar que Marco Antonio Perin teria recebido da CIC Cardiovascular mais de R$ 200 mil e Brito Júnior, R$ 100 mil. Além disso, uma apuração interna detectou um aumento de 541% na compra de stents farmacológicos nos anos de 2012 e 2013 e identificou ainda uma “clara preferência” dos médicos pelos produtos fornecidos pela CIC.
 
O caso foi levado à polícia para que seja investigado se os médicos determinaram a realização de implantes desnecessários de próteses, apenas para alavancar os lucros da fornecedora e receber comissões por isso. Porém, ainda não há nenhuma prova de que isso tenha ocorrido.
 
Os médicos denunciados negam terem cometido irregularidades. À reportagem da Folha de S. Paulo, Brito Júnior afirmou que se tratava de um “assunto antigo” já esclarecido com a direção do hospital. “Não tenho absolutamente nada a ver com isso. Nunca recebi nada (de fornecedor).” Já Perin disse que ele e mais dois médicos emprestaram dinheiro a uma amiga, sócia da CIC, e que o valor foi devolvido por depósitos.
 

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