domingo, 4 de setembro de 2016

Jovem denuncia médico por cobrar R$ 2.500 para fazer cesárea pelo SUS

Caso ocorreu na cidade de Itabuna, no sul da Bahia. Bebê está na UTI.
Em 2013, obstetra teve que devolver R$ 1.200 a um casal por procedimento.
 
 
 
Uma adolescente de 17 anos, que não quis se identificar, denunciou que um médico obstetra da Maternidade Ester Gomes, em Itabuna, sul da Bahia, se negou a fazer um parto cesáreo nela pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a gestante, o médico Luis Leite pediu R$ 2.500 para fazer o procedimento.
O caso aconteceu na segunda-feira (22). A adolescente estava com 40 semanas de gestação e sentido dores quando procurou atendimento na maternidade. Durante toda a gravidez, ela fez acompanhamento pelo SUS. Como a jovem não aceitou fazer o pagamento, o parto foi feito em outro hospital, o Manoel Novaes. O bebê teve complicações e está internado na UTI da unidade médica.
 
"[O médico] falou que a cada cesárea que ele faz pelo SUS ele perde R$ 20. Perguntou se meu marido trabalhava. Eu falei que trabalhava na empresa 'tal' [sic.]. Aí ele [médico] disse: então não tem dinheiro, é pobre, não pode pagar essa cesárea", relatou a jovem.
 
Jovem que foi cobrada para fazer parto cesáreo  pelo SUS tinha laudo com
 indicação para o  procedimento (Foto: Reprodução/ TV Santa Cruz)
 
A adolescente conta que chegou à maternidade com o laudo de um cardiologista, emitido no dia 22 de julho. De acordo com o relatório médico, ela apresentava crises de pressão alta, relacionadas à ansiedade, por isso foi recomendado o parto cirúrgico, com anestesia, para evitar estresse.
 
De acordo com a jovem, as orientações do laudo não foram levadas em conta pelo médico Luis Leite, que, após a adolescente se recusar a fazer o pagamento, receitou uma medicação e liberou a paciente para casa.
 
A sogra da jovem, a auditora fiscal Nailma dos Santos Nascimento Moura, está indignada. "E agora, meu neto está na UTI, numa situação grave. A família toda transtornada, todo mundo muito triste, por conta de uma negligência", afirmou.
 
Bebê da adolescente ainda não foi para casa e está  na UTI
 (Foto: Reprodução/ TV Santa Cruz)
 
O bebê, que ganhou o nome de Joaquim, nasceu de parto cesáreo às 5h49 da manhã de terça-feira (23), com 3,148 kg e 50 centímentros de comprimento. A criança joaquim ainda não voltou para casa, porque está na UTI.
 
Conforme o pai da criança, o auxiliar de produção Iuri Kerry, 20 anos, os médicos disseram que o parto de Joaquim foi demorado e, por conta disso, engoliu mecônio, o que provocou problemas respiratórios nele.
 
"Se eu fosse pra casa, como o Dr. Luis Leite falou que não tava no tempo ainda e me passou um remédio pra dor, eu digo a você que nem na UTI meu estava agora. Eu estva sentidno muita dor e voltei pra outra maternidade", desabafou chorando a adolescente.
 
"Todo mundo está ciente de que não é a primeira vez que acontece [do médico cobrar por um cesárea]. Vamos procurar o Ministério Público", disse a mãe da adolescente que teve o bebê, que também não quis se identificar.
 
A reportagem procurou o médico Luis Leite na maternidade Ester Gomes, mas ele não foi encontrado. A direção da unidade informou que o obstetra dá plantão no local às segundas-feiras e ainda vai ser ouvido pelo hospital.
 
O diretor administrativo da maternidade, Denis Dias, disse que um processo administrativo será aberto pra apurar o caso e que, na segunda-feira (29), deve ouvir o médico e a família da adolescente.
 
Outro caso
 
Casal denunciou médico em 2013, também por  cobrança  de parto  normal
pelo SUS  (Foto: Reprodução/ TV Santa Cruz


Também em 2013, a família de um bebê acusou o mesmo médico de negligência pela morte de um bebê após o parto. Conforme a certidão de óbito da criança, o motivo da morte foi uma fratura no braço e sofrimento fetal. Na ocasião, Luis Leite não quis comentar o assunto. Nesta sexta-feira (26), o G1 tentou contato com a unidade médica para saber do andamento da apuração caso, mas até o fechamento desta reportagem não conseguiu.
 
 

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