O homem morreu pouco tempo depois de passar pela cirurgia de amputação do membro; segundo o hospital, a perna estava no laboratório
Doze dias após o sepultamento de Vicente Alves Domingos, de 68 anos, seus familiares foram informados que a perna do idoso, que teve o membro amputado horas antes do falecimento, não estava no caixão enterrado em Kaloré, no noroeste do Paraná.
Vicente lutava contra um câncer e precisou ser internado no Hospital da Providência em Apucarana, na mesma região do estado, em 17 de dezembro. No mesmo dia, devido a piora em seu estado de saúde, sua esposa e filha foram informadas de que ele precisaria passar pela cirurgia de amputação, mas ele acabou morrendo após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Elisabeth Domingos, esposa de Vicente, explica que em nenhum momento o hospital ou mesmo a funerária responsável pelo funeral falaram sobre a ausência da perna.
“Fiz tudo normalmente, achando que a perna estava ali. O hospital não falou e nem a funerária falou nada. No dia 30 que o hospital ligou falando da perna, que era para nós ir buscar a perna. […] Não explicaram nada, falaram que estava no laboratório fazendo exames. Aí, eu falei: ‘Mas para quê?’. Eu não quero saber de exame porque meu marido já está sepultado e eu estava pensando que a perna estava junto”, disse Elizabeth.
Para Daiane Cristina Ribeiro Domingos, filha de Vicente, a situação é um erro do hospital, já que ela esteve presente em todos os procedimentos e nunca foi informada de que o membro não estava junto com o restante do corpo do pai.
“É um erro do hospital porque eu acompanhei desde o começo. Eu que fui no dia da cirurgia, fiquei, acompanhei tudo”, contou.
Agora, além da dor de passar por um segundo sepultamento, mãe e filha alegam que não têm condições financeiras para pagar por um novo enterro. Elas ainda desconfiam de que a perna não seja de Vicente, já que não teriam sido informadas formalmente sobre sua retirada.
“Eles só falaram uma vez: ‘Talvez vá amputar’, mas não falaram mais nada. Dói muito. É um descaso com a gente, com a dor da gente. Ainda vem ligando para gente ter que ir lá pegar. É erro médico, do hospital, de tudo”, desabafou Daiane.
O que diz o hospital
Em nota, a assessoria do Hospital da Providência informou que perna do idoso não foi enviada junto com o corpo, pois precisava passar por exames que fazem parte do procedimento padrão. A instituição de saúde alegou ainda que a família do paciente foi informada sobre a situação no momento da liberação do corpo.
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