segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Em meio a caos na Saúde, corpos de vítimas da Covid-19 são trocados durante liberação em hospital de Manaus

 

Parente de uma das vítimas reconheceu corpo errado e autorizou a liberação em Unidade de Pronto Atendimento. Confusão foi esclarecida após funcionários olharem câmeras de segurança.


Corpos de vítimas de Covid são trocados durante liberação em hospital de Manaus

Os corpos de duas vítimas da Covid-19 que morreram na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) José Rodrigues, em Manaus, foram trocados durante a liberação, nessa sexta-feira (15). Segundo as famílias, o parente de uma das vítimas reconheceu o corpo errado e autorizou a liberação.

Manaus enfrenta colapso no sistema de saúde por conta da falta de oxigênio nos hospitais, que estão lotados devido a um novo surto da Covid-19. Mais de 30 pacientes já foram transferidos a outros estados, mas a previsão do governo é enviar mais de 200.

De acordo com a filha de uma das vítimas, Michele Oliveira, a mãe, de 59 anos, sentiu os sintomas da Covid-19 e foi internada na UPA na terça-feira (12), após testar positivo para a doença.

“Internaram ela porque a oxigenação não estava boa. Quando foi na quinta, ela teve uma pequena piora, mesmo fazendo os exercícios. Como ela era hipertensa e diabética, ela teve essa complicação e foi transferida pra urgência”, disse Michele.

A mãe de Michele foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ela não pôde mais acompanhar. Ela contou ainda que, após cochilar durante a manhã de sexta-feira (15), acordou e presenciou o desespero das pessoas pela falta de oxigênio na unidade.

“Estava um furdunço. Muitos pacientes estavam passando por complicação naquele momento. Eu vi correria de médicos, enfermeiros. Quando saí para ver o que estava acontecendo, vi os cilindros chegando e a agonia do pessoal. Esse pequeno atraso, que seja de cinco minutos, de 10, de 15, faz um efeito muito grande, porque não foi só a minha mãe que me deixou no momento”, lamentou Michele.

Após o falecimento da mãe, Michele deixou a UPA para resolver o funeral e enterro. Quando retornou para a unidade de saúde, os agentes funerários não encontraram o corpo.

“Quando eu cheguei para a retirada, teve um problema de não achar. Normalmente a gente vai e reconhece o corpo e uma pessoa foi lá e reconheceu o corpo da minha mãe como o da sogra dele. Quando eu cheguei, o corpo da minha mãe não estava”, disse.

Michele contou que, no momento, achou que o ocorrido teria acontecido por culpa da UPA e questionaram o que foi feito com o corpo. Os funcionários da unidade checaram em câmeras de segurança e viram que o genro de outra vítima teria reconhecido o corpo dela por engano.

“O genro, talvez no nervoso, identificou o corpo como se fosse o deles. Logo após, o pessoal da funerária que levou foi comigo e pediram desculpa pelo transtorno. A gente fica preocupado em perder o corpo de uma pessoa, mas graças a Deus foi tudo resolvido. Ficamos bem assustados, mas foi tudo resolvido", explicou.

Michele lamentou a morte da mãe em meio ao caos na Saúde do Amazonas. "Quero chamar a atenção pelo descaso de deixarem pessoas morrerem por falta de oxigênio. A minha mãe sempre falava que tinha muito medo de morrer asfixiada. Foi justamente como aconteceu”, lamentou.


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