Parentes foram impedidos de acompanhar idosa dentro da unidade porque ela foi diagnosticada com Covid. Ela sofreu ferimentos na cabeça.
Família denuncia que idosa hospitalizada sem acompanhante sofreu ferimentos em hospital de Manaus.
Familiares de Marcelina Braga Dias, de 88 anos, denunciaram que a idosa foi vítima de negligência médica no Hospital Pronto Socorro 28 de Agosto, em Manaus. Ela está internada com Covid-19, desde sexta-feira (5), e sofreu ferimentos na cabeça após cair do leito.
Nesse sábado (6), o caso foi registrado pela família em um boletim de ocorrência, no 19º Distrito Integrado Policial (DIP), onde também foi solicitado exame de corpo de delito. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) lamentou o ocorrido e disse que o estado clínico da paciente é estável, faz uso de compressa fria e curativo local (veja mais abaixo).
O Amazonas vivencia um novo colapso no sistema de saúde, com hospitais lotados por conta de um novo surto de Covid. Até sábado (6), o estado já passava dos 281 mil casos confirmados e mais de 8,9 mil mortes.
A idosa está em uma Sala Rosa (estrutura destinada a casos graves de Covid-19). De acordo com a família, uma das filhas dela percebeu os ferimentos na cabeça, além de inchaço e sangramento na região, e pediu uma explicação. A queda foi confirmada pelo hospital.
Uma tomografia do crânio foi realizada, mas a família não teve acesso ao resultado, até o momento. Exames mais detalhados, para avaliar se a queda resultou em algum tipo de lesão interna também foram solicitados por familiares, no entanto, não foram feitos, segundo os relatos.
Segundo a neta de Marcelina, Karina Braga, a família pediu acesso aos prontuários da paciente, mas teve o pedido negado. Ela afirma, ainda, que não houve nenhum tipo de amparo ou assistência por parte do hospital.
“Eu fui ao setor de serviço social em busca de explicações, por duas vezes. Na primeira, não constava nada a respeito do ferimento, e na segunda, foi anexada ao prontuário a informação de que a paciente idosa havia caído do leito durante a noite, informação repassada pela assistente social, visto que não temos acesso ao documento", contou.
Ainda segundo ela, o sentimento é de revolta e impotência. A neta pede um acompanhamento mais humano para a avó.
"Isso é um absurdo, uma idosa, doente, utilizando oxigênio levar uma queda por um descuido. Estamos em busca de uma atenção e cuidado, que ela faça todos os exames para verificar se não houve nenhuma fratura, que a gente receba esses exames e que ela passe por um atendimento digno", disse.
Conforme os relatos de familiares, a idosa mal consegue falar, apenas aponta para a cabeça e para as pernas. Quando perguntam se ela sente dor, ela confirma.
O filho da idosa, Adelino Braga Dias, disse ao G1 que o desabafo da família é uma forma de cobrar uma resposta dos órgãos competentes.
"O mais absurdo de tudo foi porque não deixaram ficar ninguém da família, nenhum acompanhante, uma senhora de idade. Em segundo lugar, nada foi feito com relação a esse incidente. Vendo o descaso do hospital, procuramos nossos direitos. E falamos não só pela minha mãe, mas por todas as famílias que têm pacientes no hospital. Não tenho mais palavras para descrever a falta de organização desse hospital", explicou.
A Secretaria de Saúde afirmou que, segundo a direção do Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, a paciente foi socorrida prontamente após a queda, realizou tomografia de crânio e o exame constatou que a paciente não apresentava fraturas ou sangramentos intracranianos.
Conforme a secretaria, com saturação de oxigênio em 98%, a paciente segue realizando o acompanhamento médico para a Covid-19. "Foi realizada avaliação médica completa e a paciente movimentou os quatro membros, sem queixas de dor nesses locais".
A Secretaria Executiva de Controle Interno da SES orienta que a família encaminhe formalmente o relato em um dos canais da Ouvidoria, para devida apuração dos fatos e demais providências. Canais: (92) 98418-5011, E-mail: ouvidoria.sus@saude.am.gov.br ou pelo número da Ouvidoria SUS – 136.
Caos no sistema de saúde
Nos dias 14 e 15 de janeiro, Manaus viveu tristes cenas de caos na Saúde por conta de falta de oxigênio nos hospitais. O governo informou que a média de 30 m³ subiu para 70³ em poucos dias, e ultrapassou a capacidade de fornecimento da empresa contratada.
O mês de janeiro deste ano teve o maior número de novas internações por Covid desde o começo da pandemia. Até então, abril e maio registravam os recordes da doença, quando o estado passou pela primeira onda.
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