segunda-feira, 14 de junho de 2021

Áudio: médica revela falta de aparelhos e pessoal em hospital de campanha do DF

 Em ligação com familiar de paciente internado no Autódromo, profissional diz que não conseguia fazer diálise como deveria. Homem morreu


Familiares de um paciente com Covid-19, de 73 anos, internado no Hospital de Campanha do Autódromo, denunciam que ele morreu por falhas no atendimento. O homem, segundo a família, ficou 12 dias internado, sendo 10 deles intubado.

“O médico falou que iria fazer a hemodiálise, mas no dia seguinte não foi feito. Eu questionei o motivo de não ter sido feito o procedimento nem ele soube explicar”, desabafa um dos filhos, que pediu para não ter os nomes divulgados.

Ainda de acordo com o filho, quando viram que o pai não conseguiria fazer a diálise diariamente, os familiares decidiram entrar com um pedido na Defensoria Pública do DF para a transferência dele para outra unidade de saúde.

“A Defensoria me pediu documentos, que precisei buscar no hospital. Lá, comecei a discutir com a chefe do plantão, que sem nenhum aviso me falou que meu pai tinha morrido. Foi assim que fiquei sabendo”, lamenta.

A família mostrou à reportagem um áudio em que uma das filhas do paciente é informada pela médica sobre a situação do pai, ainda quando ele estava vivo. Ao explicar o quadro de saúde do homem, a profissional afirma que existe apenas um equipamento de hemodiálise para quem está em estado grave.

“O ideal é que se faça diariamente a diálise. Porém, a gente tem uma escassez de aparelhos nessa unidade. Vou falar porque eu conto a verdade, e eu quero que a senhora confie em mim”, afirma a profissional.

“Só tem um aparelho de diálise na unidade. No lugar onde ele está são 20 pacientes e uns 10 precisam de diálise. É um procedimento que leva muito tempo, a gente não consegue eventualmente realizar em todos os pacientes todos os dias, tá? Por uma questão de escassez de recurso pessoal e material também, tá?”, continua. A médica ainda informa que como o estado de saúde do homem é grave, eles estão tentando priorizar o atendimento dele.

Ouça um trecho da conversa. As vozes das pessoas envolvidas foram modificadas para que elas não sejam identificadas, conforme pediram:




Nenhum comentário:

Postar um comentário