terça-feira, 25 de outubro de 2022

Família teme embolia após erro com procedimento no PSM

 Nora de um paciente internado denuncia falha em procedimento, que coloca a vida do sogro em risco, além de muitas outras precariedades vivenciadas por quem precisa de atendimento no Hospital Pronto Socorro Municipal “Mário Pinotti”, em Belém.


 Avelino Gomes, de 60 anos, segue internado no PSM após erro em procedimento; família denuncia descaso

Dias após o DOL noticiar, em primeira mão, a denúncia de pacientes e acompanhantes que relataram a pane do elevador no Hospital Pronto Socorro Municipal “Mário Pinotti”, localizado na travessa 14 de Março, no bairro do Umarizal, em Belém, novas e graves denúncias foram encaminhadas à Redação por familiares de um paciente internado na unidade hospitalar.

Segundo os familiares, Avelino Antônio Almeida Gomes, de 60 anos, deu entrada no PSM da 14 no último dia 10 de outubro, após complicações provocadas pela presença de um tumor no esôfago, que obstruiu a passagem de alimentos.

Na ocasião, ainda de acordo com o relato da família, foi feita uma intervenção para a colocação de um acesso direto de medicamentos à corrente sanguínea.. No entanto, durante a intervenção, um fragmento do cateter de aproximadamente 5 cm se rompeu e entrou na corrente sanguínea do paciente.

Após a falha, o idoso corre risco de morrer com a possibilidade do fragmento, que está alojado em uma região bem próxima ao coração, chegar ao pulmão e provocar uma embolia pulmonar, a qual pode ser fatal.

Após dias de espera e nenhum posicionamento ou previsão sobre quando será realizada a cirurgia vascular para fazer a retirada do cateter do coração de Avelino Gomes, Mayara Mamede, nora do idoso, diz que a família descobriu que o hospital para o qual o paciente seria encaminhado não quis assumir a responsabilidade pelo risco de vida pelo qual o idoso passa, por conta do erro cometido no PSM.

 Avaliação feita por médico do PSM da 14 de Março comprova erro cometido durante cateterismo e solicita intervenção cirúrgica

Mayara ainda denuncia o descaso com o qual o paciente tem sido tratado após o erro cometido pela equipe multiprofissional do Pronto Socorro.

“O médico que foi indicado para tratar o caso do meu sogro disse que não estava sabendo de nada, que o paciente não teria nada a ver com ele e que não seria ele que estava tratando”, conta.

Temerosa do risco de vida que o idoso de 60 anos corre, ela clama que a cirurgia seja feita o mais rápido possível, pois Avelino já estaria sentindo fortes dores, tanto decorrentes do objeto alojado em seu coração, quanto pela obstrução do esôfago provocada pelo tumor cancerígeno.

DESCASO

Além da falta de atendimento de qualidade, Mayara revela outros detalhes sobre o tratamento recebido por outros internados na unidade hospitalar. 

“Lá nessa sala onde meu sogro está, passam até dois dias sem o médico vir e olhar os pacientes e também existem muitas pessoas diabéticas. Uma vez, quando o médico passou lá, ele só pediu a foto das feridas dos pacientes e disse para todos que teriam que amputar as partes do corpo, só olhando pela foto. Isso é muita irresponsabilidade! Inclusive, esse mesmo paciente, que ele disse que seria amputado, morreu no dia seguinte, de infecção hospitalar”, desabafa Mayara.

Outro ponto relatado por Mayara diz respeito ao elevador, que, segundo ela, estaria fora de funcionamento novamente, dias após a última manutenção realizada, conforme noticiado pelo DOL. “Temos que subir uma longa escada com o paciente debilitado lá para o andar onde ele está, porque o elevador não funciona e ninguém aparece para arrumar”, diz.

Um vídeo encaminhado pela nora de Avelino mostra o local onde ele aguarda nas dependências do PSM. Pelas imagens, é possível perceber que a maca está com pedaços enferrujados, não há a presença de roupas de camas oferecidas pelo próprio hospital e a estadia dos acompanhantes é improvisada entre uma maca e a outra.

Outro problema recorrente seria a falta de água no bebedouro do andar onde o idoso está e até mesmo indisponibilidade de cadeiras de rodas para locomoção.

Mayara afirma que também não há alimentação adequada aos pacientes e os próprios familiares têm arcado com as despesas para a compra de comida aos seus parentes internados.

“Nós compramos um leite que seria para misturar na alimentação dele, para ele ficar um pouco mais forte, porque nem isso tinha no hospital. Foi chegar somente hoje pela manhã”, pontua.

SESMA

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma)  se posicionou sobre o caso. "Em relação ao paciente Avelino Antônio Almeida Gomes, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) explica que ele está internado no Hospital do Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, no Umarizal, com o quadro de desnutrição. O paciente precisou ser submetido à cateterização de veia central com intracath para receber hidratação rápida", diz o começo da nota à imprensa. 

Ainda em ntoa, o órgão explica que "durante o referido procedimento (passagem de intracath, que é um cateter mais longo indicado na terapia intravenosa central) ocorreu intercorrência inerente ao risco do procedimento médico, havendo quebra da ponta do cateter no interior da veia jugular".

"Avelino Gomes foi avaliado pela equipe de cirurgia vascular de sobreaviso, submetido a exame de imagem para localização do fragmento de corpo estranho e, também foi encaminhado às medidas de Regulação para transferência do paciente para serviço cardiológico especializado e segue acompanhado para a finalização do procedimento que visa a melhor condição clínica do mesmo", diz o comunicado.


DOL 




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