ASVEM REPUDIA
ARQUIVAMENTO DE PROCESSO DE ERRO MÉDICO
A Associação das Vítimas de
Erro Médico (ASVEM/PE) convoca imprensa, nesta quarta-feira (12.08), às 15h, na
tentativa de coibir o arquivamento do processo da engenheira Urbânia Possidônio
de Barros Carvalho, vítima de erro médico em 2013. O encontro com os
jornalistas acontece em frente ao Ministério Público, localizado na Rua
Imperador Dom Pedro II, 473 - Santo Antonio – Recife.
Depois de passar pelas mãos de sete
delegados o processo da engenheira Urbânia Carvalho, morta em outubro de
2013, está prestes a ser arquivado a pedido da promotora Rosangela Furtado
Padela Alvarenga – 27ª Promotora de Justiça Criminal, sem levar em conta a
solicitação da Delegada, Maria Elizabeth Patriota do Rego Barreto, no Relatório
enviado ao Ministério Público, que diz: “..devido a impossibilidade
administrativa de nomeação de Perito Médico Legista Criminal para análise do
prontuário da vítima, bem como de atribuir ao perito médico legista analise de
erro médico fica esta autoridade policial impossibilitada, embora haja fatos
que levam a crer em erro médico, de indiciamento. Solicitando desde já que o
Doutor Representante Ministerial requisite perante o juiz a nomeação de Perito
Médico-Legista”.
A
irmã da vítima, Urbaneide Beltrão, dispara: “Pelo texto acima, fica bem claro a
solicitação da autoridade policial com relação a recomendação de um perito
médico legista e não um analista ministerial em medicina, como foi utilizado no
processo em questão.
Para
a família esse pedido de arquivamento causou surpresa, já que houvera várias
tentativas junto à promotoria para saber do andamento do processo. “Mesmo
diante dos acontecimentos a família continua firme com seu propósito e
acreditando sempre na justiça, através do Ministério Público como defensor do
interesse público, conduzindo-se, sempre, com isenção, apartidarismo e
profissionalismo”, completa Urbaneide.
A
ASVEM -PE foi idealizada para sensibilizar e conduzir a população a prevenir
erros médicos e proceder em busca de justiça. A organização fundada, em 31 de outubro de 2013, por
três irmãs da engenheira elétrica e agrônoma, funcionária da Chesf, Urbânia de
Barros Carvalho, de 47 anos, mãe de
dois filhos, que morreu no dia 08 de outubro de 2013, depois de
ter o intestino perfurado durante cirurgia de histerectomia total para retirada
de um mioma sendo alimentada com menos de 5 h pós-cirúrgica o que ocasionou o agravamento
do quadro clínico após internamento de mais de 40 dias em hospital do Recife.
Mais Informações com Urbaneide Beltrão pelos fones 3107-4843 /99329-7725
ou Urbanira Carvalho, pelos fones 98786-8409/99644-0421
Relato da Família - No dia 29 de agosto
de 2013, a paciente Urbânia Possidônio de Barros Carvalho internou-se em
Hospital Particular do Recife para realização de cirurgia programada de
histerectomia total recomendada pelo Dr. Paulo Roberto, em virtude da
constatação de mioma em seu útero que lhe causava hemorragia uterina. Por
ocasião da retirada do útero o referido médico lesionou o intestino delgado da
paciente e, conforme relato, suturou com dois pontos. A paciente voltou ao
apartamento não tomando conhecimento da lesão sofrida, tão pouco seus
familiares que a aguardavam. Tendo recebido recomendação médica de DIETA LIVRE
LAXANTE após 4h e 40min da cirurgia com intercorrência de Lesão Intestinal.
Algumas
horas após alimentar-se surgiram as primeiras queixas da paciente que não se
sentia bem, face a dor abdominal e falta de ar, não permitindo, inclusive, que
retirassem o catéter de O2. Durante a noite os sintomas de mal estar se
agravaram, com muita sudorese a paciente Urbânia dizia ter insuportáveis dores
abdominais, com sensação de derramamento de líquido dentro da sua cavidade
abdominal. O seu abdômen encontrava-se extremamente distendido e doloroso, tal
quadro sintomático foi repassado para Dr. Paulo que mesmo sem reavaliar a
paciente, prescreveu, por telefone, dois supositórios de glicerina, que não
surtiu efeito algum. As dores intensas no abdômen, falta de ar e náusea se
agravaram e na madrugada do dia 30 de agosto de 2013. A paciente foi atendida
por vários médicos do Hospital, que tomaram a iniciativa de prescreverem alguns
exames, como: hemograma e outros exames laboratoriais de urgência, já que o
médico responsável pelo caso não apareceu no hospital para verificar, de perto,
o sofrimento da paciente por ele lesionada. As dores eram tão acentuadas que a
paciente não suportava que os médicos sequer tocassem em seu abdômen que estava
bastante tumescente. Diante da gravidade da situação o médico plantonista
solicitou, por duas vezes, a AVALIAÇÃO DE CIRURGIÃO GERAL e falou pessoalmente
com o médico responsável para que reavaliasse o caso. Só às 9:30h o
cirurgião-chefe compareceu para examinar a paciente e, apenas, prescreveu:
Luftal, Tramal e supositórios de glicerina e insistiu que paciente se
alimentasse e caminhasse o que, após relutar bastante, foi acatado pela mesma
que comeu com muita dificuldade e ainda tentou caminhar e quase desmaiou,
devido a tontura e dores continuavam cada vez mais intensa. A náusea e em
seguida vômito em grande quantidade motivou a coleta de secreção para análise
através de sonda. Sem entender e temerários com o estado pós-operatório de
Urbania, a família ligou para o Dr. Paulo, informando-lhe das dores e do vômito
em grande quantidade após a ingestão do Tramal, mas o médico continuou omitindo
o fato ocorrido na cirurgia e inerte a providências pertinentes ao quadro,
tendo apenas suspendido a medicação.
No dia 31 de agosto de 2013, a paciente que
continuava se alimentando com muita dificuldade e com dores insuportáveis, foi
submetida a exames, dentre eles a Tomografia Computadorizada de Abdômen Total,
por iniciativa do Cirurgião Geral plantonista, que ao tomar conhecimento do
resultado o qual evidenciou grande
quantidade de gases e líquido livre na cavidade abdominal, solicitou que
o médico responsável entrasse em contato urgente com a médica responsável pelo
referido exame. Ciente do resultado do TAC de abdômen, Dr. Paulo indica a
revisão cirúrgica de urgência que foi iniciada às 14h30. Tendo, a paciente,
sido alimentada até às 11h do referido dia e deambulado com muita dificuldade
com o auxilio de sua irmã, pouco tempo antes de ser encaminhada ao bloco
cirúrgico e ainda sem saber da lesão que havia sofrido. Com o estômago cheio a
paciente voltou ao bloco de cirurgia, com um cirurgião geral, vindo de outro
hospital, mesmo existindo vários cirurgiões gerais pertencentes ao quadro do
hospital, inclusive o plantonista que já acompanhava o caso. A segunda cirurgia
foi extremamente delicada, devido ao estado grave da paciente, face ao
diagnóstico tardio (02 dias após a intercorrência) e a ausência das devidas
precauções da equipe médica, a fim de melhorar as condições gerais da paciente,
que se encontrava em provável estado séptico e com quadro de peritonite
bacteriana já instalado, para suportar o trauma de outra cirurgia. Na ocasião
os médicos (dois anestesistas) tiveram grande dificuldade de entubar à paciente
em decorrência da enorme quantidade de vômito, motivada pela ausência da sonda
nasogástrica antes da cirurgia para esvaziar o estômago, o que ocasionou a
bronco aspiração de fezes, tendo motivado o procedimento de Traqueostomia
emergencial que posteriormente obstruiu a cânula traqueal (rolha) levando a
paciente a insuficiência respiratória, obrigando-a a ser submetida a mais uma
cirurgia (9ª cirurgia), no dia 07 de outubro, em caráter de urgência para
realização de traqueoplastia com implante de cânula). Prosseguindo a cirurgia o
cirurgião geral insistiu em suturar a lesão anteriormente suturada pelo médico
responsável, ocorrendo, posteriormente, a segunda deiscência, o que a motivou
3ª cirurgia para realização da iliostomia, que posteriormente vazou bastante
líquido intestinal, queimando o corpo da paciente.
Descontentes com a
atuação do referido Cirurgião Geral, e também a pedido da própria paciente
Urbania, os familiares, exigiram a substituição do médico. Apenas no dia 23 de
setembro, outro Cirurgião Geral assumiu o caso e realizou mais 5 (cinco)
procedimentos de LAPAROTOMIA para reverter a infecção, porém a paciente não
resistiu ao quadro, falecendo no dia 08 de outubro de 2013.
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