terça-feira, 31 de março de 2020

Vidas iguais: campanha defende ’emprestar’ hospitais privados ao SUS


A Constituição abre precedente para estados e municípios assumirem a gestão integral da Saúde durante a crise do novo coronavírus

 

Uma vida não vale mais que a outra. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, hospitais abarrotados, escalada nas mortes e sociedade fraturada, é preciso relembrar até o mais fundamental dos princípios humanos. E é a partir dele que nasce uma campanha, ainda embrionária, chamada Vidas Iguais.

O mote é simples: em uma situação de calamidade pública, como esta que vivemos, cabe ao SUS assumir integralmente a gestão de hospitais e profissionais de saúde. Sejam eles públicos ou privados.

É o que defende Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP e colunista de CartaCapital. “Independentemente de o sistema estar lotado ou não, há mais leitos disponíveis a quem tem dinheiro”, explica. Os estados, municípios e até a União garantiriam acesso igualitário a esse serviço.

Essa ideia não é inédita. Desde o dia 16, a Espanha repassou ao conselhos de Saúde pública o poder sobre todos os recursos sanitários. Incluindo os hospitais. Também há exemplos bem sucedidos no Brasil. Na cidade de Betim (MG), o hospital Mater Dei cedeu quatro andares de sua estrutura física para tratar infectados pelo novo coronavírus.

A indenização pelo “empréstimo” viria assim que a rotina volte ao normal. A ideia tem ampla base na lei brasileira, completa o jurista, citando inciso XXV do art 5º da Constituição:

“XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.”

Além de garantir recompor a unidade social, a igualdade no acesso também pode conter o ímpeto suicidário de parte da população que, animada pelo pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na TV, tem estrelado carreatas de “incentivo ao trabalho” em diversas cidades do Brasil.

Curiosamente, a organização repassou aos manifestantes orientações rígidas: todos os carros devem conter álcool em gel, máscaras, e uma bandeira do Brasil. Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) proibiu manu militari que esse eventos ocorressem.
  
Pedro Serrano: Quando se decreta estado de emergência, cria-se o direito ao poder público de requisitar bens, serviços e pessoal de qualquer atividade privada. Esse pedido, é claro, é objeto de indenização. Mas o pagamento só é feito quando acabar a emergência.
  Independentemente de o sistema estar lotado ou não, quem tem convênio e quem tem dinheiro possui acesso a um número proporcionalmente maior que o resto da população. Pode haver lotação e crise, mas a população comum sofre mais. Em meio a uma pandemia e a essa crise, é justo que haja igualdade no acesso a esses leitos. Vidas com dinheiro não valem mais que as outras.

CC: Há exemplos bem sucedidos?

PS: Já houve na Itália e na Espanha, mas tardiamente. Aqui temos a chance de começar mais cedo. Na Itália, chegou-se a estatizar fábricas de remédios. Na Espanha, só os hospitais. Mas nós não precisamos chegar tão longe. Basta requisitar e entregar temporariamente ao SUS.
"Parte da sociedade tem agido de forma muito perversa. Eles sabem que são privilegiados. E isso não é justo"
CC: E quais seriam os ganhos à sociedade?

PS: Além do ganho material, há um efeito simbólico muito grande. Tratar as pessoas de forma diferente em um momento como esse, só promove desunidade, tumulto, desordem… E há também um efeito político. Parte da sociedade tem agido de forma muito perversa, vai fazer carreata, pedindo para afrouxar as orientações técnicas e científicas.

Eles sabem que são privilegiados. Eles acham que a doença não chegará neles e, caso chegue, haverá cuidado. Isso não é justo. Essa perversão, de propor ao outro o sacrifício, só perdura porque temos, nesse momento de pandemia, uma estrutura desigual. A campanha é a resposta adequada a essas carreatas.

CC: Conforme crescem os casos de Covid-19, mais o presidente e governadores se digladiam. E essa divisão começa a afetar também a sociedade. Nesse cenário, como tirar a campanha do papel?

PS: É preciso um movimento social. E também pedir ao Ministério Público que exija essa requisição da Justiça. Não é justo, em uma crise pandêmica, que os mais pobres sofram mais que os mais ricos. O sofrimento também precisa ser igual. Essa perversão de arriscar o outro em nome do próprio dinheiro meu fica inibida.


CartaCapital

Hospital investiga denúncia de abandono a cônsul morto com sintomas de coronavírus

Após o administrador Jorge José González Seba, de 60 anos, morto com suspeita de coronavírus, acusar o hospital Rio Mar de abandoná-lo por medo de contaminação, a unidade de saúde informou, em nota, que abriu inquérito administrativo para apurar responsabilidades no atendimento e adotar as medidas cabíveis. O homem era diabético e foi internado no último sábado com febre e falta de ar, segundo o jornal O Globo. No hospital, que pertence à Rede D'Or e fica na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foi diagnosticado com pneumonia dupla e isolado por quatro dias na UTI.


Na nota, o hospital destaca ainda que "não compactua com eventos desta natureza e reafirma seu compromisso com o correto acolhimento de seus pacientes". A unidade "lamenta profundamente os  transtornos causados e se solidariza com a família do paciente,  colocando-se à disposição para o que se fizer necessário". González era capitão reformado do Exército e cônsul honorário do Suriname no Rio. Ele deixou as acusações contra o Rio Mar em áudios de celular.

A família pretende processar o hospital por negligência e omissão de socorro. Numa das gravações feitas na UTI, o administrador disse que médicos e enfermeiros evitavam se aproximar dele por medo de contrair o vírus. “Me deixaram aqui sem informação, isolado, como se fosse um bicho. Eu me esgoelo, eu grito, eu chamo as pessoas, ninguém atende. Tenho dificuldade até para urinar".


González contou que permaneceu mais de 48 horas abandonado no leito, sem limpeza e troca de fraldas. “Tive que implorar um dia inteiro para que alguém pudesse trazer um copo para eu beber água”, disse. “Nunca pensei que num hospital desse porte eu pudesse ser tratado desta maneira”. O paciente disse compreender o medo de médicos e enfermeiros, mas reclamou de falta de respeito.

O advogado da família, Fernando César Almeida, afirmou que o primeiro teste feito no hospital deu resultado positivo para Covid-19. "Abandonaram o González à própria sorte. Se o hospital não estava preparado para atender pacientes com coronavírus, ele deveria ter sido encaminhado para outra unidade. O que ocorreu foi abandono de incapaz e omissão de socorro", apontou ele.


O corpo de González foi cremado na quinta-feira, sem velório. Ele deixa mulher e três filhos.









Técnica de enfermagem tem pedido de máscara negado e denuncia hospital à polícia no ES

A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo (Sesa-ES) disse que não falta equipamento, mas a liberação deles obedece critérios





A Gazeta



segunda-feira, 30 de março de 2020

Sem treinamento específico, testes rápidos para coronavírus comprados pelo Governo podem dar falso negativo

Para tentar evitar o desperdício de testes, entidades de medicina diagnóstica se unem para desenhar normas de testagem. Alerta vem da Espanha, que comprou kits da China que deram resultados falhos

Na quinta-feira, 26, um mês após o primeiro caso de coronavírus ter sido detectado no Brasil, os primeiros testes rápidos aprovados pelo Governo Federal foram despachados pela empresa mineira Eco Diagnóstica para diversas capitais do país. “Já deve chegar no sábado ou, no máximo, segunda ou terça nos laboratórios e hospitais”, afirma o CEO da empresa Vinicius Pereira. A companhia corre para atender a demanda por testes do gênero, que podem dar o resultado para a Covid-19 em um período de 10 a 30 minutos, aumentando a agilidade ao diagnóstico. Além da falta de testes, nos que existem disponíveis a demora pode chegar até sete horas, por conta de um gargalo na cadeia de testagem.

Desde a divulgação do primeiro caso da doença no país, há 30 dias, o Ministério da Saúde confirmou 3.417 casos e 92 mortes e reconhece que é necessário ampliar o número de testes para cumprir as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). Para resolver o problema, o Governo federal anunciou nesta semana que ampliará o número de testes disponíveis no Brasil para 22,9 milhões, sendo oito milhões deles do tipo rápido. Se, por um lado, será possível conhecer melhor a situação epidêmica do país, por outro, a rapidez, necessária, com que tudo foi feito preocupa o setor de medicina diagnóstica, que teme que a falta de um protocolo padronizado para o uso destes testes resulte em alto número de falsos negativos, como já ocorre na Espanha, um dos países devastados pelo novo coronavírus. Por isso, organizações do setor decidiram se unir para criar uma regulação eles próprios.

Tudo funciona em ritmo de urgência. Até mesmo a aprovação dos kits de teste rápido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi realizada em tempo recorde. “Fizemos em semanas o que costuma a levar de seis a 12 meses”, afirma Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), em relação a publicação em Diário Oficial, no dia 18 de março, da autorização da agência para que oito testes sejam vendidos no Brasil. Hoje já são onze aprovados ― nove do tipo rápido e dois de biologia molecular.

O plano é atender prioritariamente profissionais de saúde e de segurança, além de verificar casos graves e óbitos. E, num segundo momento, criar um protocolo para testar os casos mais leves nos postos de saúde ou em unidades volantes, um tipo de drive thru, como os realizados na Coreia do Sul e Estados Unidos, onde as pessoas poderão fazer o teste e receber o resultado no dia seguinte por meio de um aplicativo de celular. A ideia é utilizar a ferramenta em cidades com mais de 500.000 habitantes para conter surtos, isolando mais rapidamente os pacientes infectados.

Mas em tempos de emergência, existem pontas soltas na estratégia do Governo, como a falta protocolos clínicos para a utilização dos testes. E sobram dúvidas. Afinal, os kits funcionam como os testes de farmácia para gravidez? Quem vai atestar a qualidade dos kits importados e dos fabricados nacionalmente? Em quais casos eles funcionam? Um negativo de teste rápido é garantia de que a pessoa não tem o vírus?

Um alerta veio da Espanha, onde os tão esperados testes rápidos acabaram ficando aquém da expectativa, conforme revelou reportagem do EL PAÍS. O objetivo do Governo espanhol é ampliar a cobertura de diagnóstico para uma camada mais ampla da população e descobrir qual é o tamanho real do contágio no país, que já superou a China em número de mortos (4.858), com 64.059 infecções confirmadas da Covid-19, atrás apenas da Itália (81.129 casos e 8.215 mortos). Mas o primeiro lote de 9.000 testes importados da China foi devolvido após testes identificarem que eles não entregavam os resultados prometidos na bula. Isso atrasou o plano de vigilância epidemiológica em massa, num momento em que qualquer erro representa mais perdas de vidas.

Fabricados pela empresa chinesa Bioeasy, com sede em Shenzhen, um dos polos tecnológicos do país asiático, os testes demonstraram uma sensibilidade de 30%, quando ela deveria ser superior a 80%, indicaram fontes consultadas pelo EL PAÍS. Isso significa que a cada 100 contagiados confirmados pelo exame convencional, apenas 30 tiveram, de fato, o positivo para o coronavírus confirmado no teste rápido. A comprovação das falhas com os kits recém-chegados foi feita por vários laboratórios de microbiologia de grandes hospitais. O Ministério da Saúde da Espanha se defendeu alegando que comprou os produtos por intermediação de um importador espanhol, enquanto a China afirma que a empresa não estava na “lista de fornecedores recomendados".

Especialistas brasileiros alertam que o mesmo pode acontecer no Brasil pela falta de uma política clara de avaliação dos testes e também de um protocolo de utilização dos novos diagnósticos —que precisam ser utilizados a partir de dias específicos da suspeita de contaminação, para que o resultado seja correto. Preocupados de que os testes rápidos não sejam utilizados de forma incorreta, entidades de saúde estão se unindo num esforço para criar orientações clínicas e de boas práticas do material, além de promover uma campanha de esclarecimento para o setor.

Com base na literatura científica disponível até o momento, a CDBL ―juntamente com a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC) e a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed)― está organizando um protocolo para cada um dos testes disponíveis no mercado. "A CDBL e a SBPC vão publicar uma lista de referência para ser utilizada no setor público e privado com a sensibilidade e especificidade de cada um dos testes. O grupo também conta com especialistas do setor público, que, por conta da urgência, participarão da medida apenas de maneira extraoficial. E já solicitou uma agenda com o Ministério da Saúde para apresentar a iniciativa.

Um dos problemas identificados pelas entidades e que pode comprometer a eficácia dos testes é cada laboratório fazer uma avaliação individual do material. “Queremos um protocolo em que um laboratório de referência será responsável por todas as avaliações”, afirma Gouvêa. As entidades pretendem atualizar semanalmente a tabela de referência dos kits disponíveis no país.
Essa ação faz parte de um projeto iniciado no Centro de Diagnóstico Internacional da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), de Londres, que conta com o apoio da União Europeia e da Organização Mundial de Saúde (OMS), para avaliação de todos os produtos disponíveis no mercado, além do estabelecimento de bancos de amostras biológicas (biobanks) em centros de pesquisa parceiros, que será útil em futuras epidemias.

A iniciativa de autorregulação em meio à crise do coronavírus é inédita na área de diagnósticos, que tradicionalmente tem o pulso forte do Governo Federal por trás de suas práticas. A Anvisa informou por e-mail que produtos aprovados “são para uso profissional e os dados de desempenho e limitações dos testes estão previstos nas instruções de uso". Disse ainda que “problemas identificados em produtos ou serviços regulados” devem ser notificados pelo site. O Ministério da Saúde foi procurado para saber se há planos da publicação uma resolução com o protocolo de utilização destes kits, como existe, por exemplo para os testes de HIV. Mas a reportagem não obteve resposta. Em uma das entrevistas da semana, as autoridades da pasta reconheceram que será necessário treinar os profissionais para o uso correto dos testes.
A meta das organizações de saúde é agilizar as ações e tirar um pouco do ônus do Ministério da Saúde, que é o responsável por dar a palavra final nos protocolos, minimizando falhas que podem desperdiçar recursos. “Tenho recebido ligações de empresas pedindo orientações sobre a compra destes testes para seus funcionários. Eles podem até comprar, mas é preciso orientação de profissionais especializados. Porque não são autotestes, como os de gravidez”, afirma Gouvêa, da CDBL.

Como funcionam os testes rápidos

Alguns pontos são importantes serem esclarecidos sobre os testes rápidos: “Se derem positivo, não tem chance de estarmos falando de infecções cruzadas. É Covid-19”, afirma o representante da CDBL. Mas nem sempre um negativo dos testes rápidos é garantia de que a pessoa não tenha a doença. É preciso saber em que momento da infecção o teste foi utilizado.Vinicius Pereira, CEO da Eco Diagnóstica, acha equivocado falar em taxa de sensibilidade neste momento, quando laboratórios e hospitais ainda precisam se familiarizar com os testes. “A maior parte das bulas trabalha apenas o conceito de sensibilidade, sem se preocupar com a orientação sobre o os termos de uso dos testes”, alerta o executivo. A empresa tem divulgado a seus clientes um algoritmo, baseado em pesquisas internacionais, que informa quando utilizar cada um deles.

Até então, o teste disponível no mercado nacional era o RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real), que detecta o RNA do vírus em uma amostra de sangue ou secreção nasofaríngeo (coletado por uma espécie de cotonete pelo nariz ou pela boca). Mais de 32.500 destes testes já foram distribuídos na rede pública de saúde em todo o país. E o plano do Governo é utilizar cerca de 15 milhões destes testes para testar por amostragem, além de doentes internados, pessoas com sintomas leves.

Este método é eficiente para o diagnóstico feito logo no início da infecção, antes mesmo do início dos primeiros sintomas, mas tem um preço alto para o consumidor final, entre 500 e 1.000 reais. Além de um tempo de análise mais longo (6h) e necessidade de equipamentos e profissionais especializados. Em alguns locais do país, a falta de insumos e equipamentos, transformou a realização deste exame numa jornada de até sete dias, bem aquém do esperado, conforme apurou o EL PAÍS com profissionais do setor.

Os testes rápidos, por outro lado, funcionam apenas a partir de alguns dias depois da infecção e serão utilizados pela saúde pública na triagem em alguns pronto-socorros e em profissionais de segurança pública e da saúde. Há mais de um tipo deles. O primeiro, o teste de antígenos (Ag), colhido por amostras de secreção, deve ser usado para diagnóstico a partir de aproximadamente 5 dias da infecção. Por identificar a presença do antígeno do vírus ―uma partícula que desencadeia a produção de anticorpos contra a infecção―, este teste é adequado para a fase aguda da doença, após a infecção se instalar, quando os sintomas clínicos são mais nítidos. O resultado é rápido, entre 15 e 30 minutos. E a expectativa é que o preço para consumidor final, neste primeiro momento, varie entre 250 a 300 reais cada teste, conforme empresas consultadas. No entanto, este valor tende a cair com aumento da oferta e maior concorrência.

Já os testes, também rápidos, de IgG e IgM, baseados na sorologia (amostra de sangue total, soro e plasma) são úteis para verificar a presença de anticorpos, que o organismo produz quando entra em contato com um microrganismo invasor. Devem ser usados após 8 a 9 dias da infecção, que é o período necessário para o corpo começar reagir à infecção, e terão um preço entre 150 e 200 reais para o consumidor final. É o teste com resultado mais rápido: demora 10 a 15 minutos. Mas, assim como o teste de antígeno, ele não funciona no período de incubação da doença. Sua eficiência também é baixa no período mais crítico, quando as pessoas buscam o auxílio médico com os primeiros sintomas.

“Antes deste período, a defesa do corpo pode ainda não estar ativa. Caso seja realizado antes da hora, pode apresentar um resultado falso negativo”, afirma Mariana Santos, responsável técnica e assessora científica da Celer Biotecnologia, uma das empresas autorizadas pela Anvisa a importar e vender testes rápidos no Brasil. Ela afirma que apenas de 10 a 12 dias do início dos sintomas, é que o teste será mais efetivo. A Celer está importando o teste da chinesa Wondfo. O valor de sensibilidade informado na bula do produto é 86,43%. “Mas é preciso que isso seja validado no Brasil”, afirma Santos.

Pereira lembra que os testes rápidos dão negativo até mesmo em pacientes que tiveram positivo no RT-PCR (o exame mais demorado e complexo). “Isto acontece quando a concentração de vírus ou de anticorpos ainda é baixa no corpo da pessoa que está muito no início dos sintomas”, explica. A única limitação deste diagnóstico, pondera ele, é o medo: “Em situação pânico, as pessoas procuram a assistência a saúde logo no início dos sintomas. E se fizerem o teste rápido, pode dar falso negativo.”

Parceria-público privada

Do total de 22,9 milhões de testes que o Governo pretende distribuir, espera-se que empresas privadas comprem ou doem 14,9 milhões deles ― destes, 3 milhões estão sendo adquiridos por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Confirmados, no entanto, estão a aquisição de 1,3 milhão de testes e a doação pela Petrobras de 600.000 testes. Os outros 10 milhões “ainda estão em negociação e deverão ser adquiridos no mercado nacional e internacional”, segundo o Ministério da Saúde, que negocia um modelo de parceria-público privada para a aquisição dos kits.

Além disso, também foram doados pela mineradora Vale outros 5 milhões de testes de IgG e IgM, que verificam a resposta do sistema imunológico ao vírus. E mais 3 milhões de testes de sorologia serão entregues pela Fiocruz até o final de março. Bradesco, Itaú e Santander também anunciaram que vão importar e doar 5 milhões de testes rápidos.
 

Como conversar com quem não leva a sério o coronavírus

O ‘Nexo’ falou com dois professores de psicologia e uma professora de microbiologia para reunir dicas a fim de incentivar a prevenção dos incrédulos






A pandemia do novo coronavírus, que causa a síndrome respiratória chamada de covid-19, tem sido marcada pela rápida disseminação do vírus, o aumento de doentes e mortos e a pressão sobre os sistemas de saúde em todo o mundo. A crise, que extrapola os problemas sanitários, também abalou a economia e redefiniu prioridades de governantes.

Para evitar a contaminação, autoridades de saúde têm recomendado em todo o mundo que as pessoas limpem constantemente as mãos e o rosto. Elas também sugerem a adoção de medidas que mudam radicalmente o cotidiano, como o afastamento das atividades coletivas e a reclusão em casa. Isso vale inclusive para quem não tem a covid-19.

Uma pesquisa Datafolha divulgada no domingo (22) mostrou que a maior parte da população (74%) tem medo de ser contaminada pelo coronavírus e aprova medidas de contenção, como a quarentena temporária (73%). Além disso, quase todos (97%) os entrevistados da pesquisa disseram estar tomando atitudes para evitar o contágio.

88% consideram a pandemia “muito séria”, segundo pesquisa Datafolha; 11% dizem que não há motivo para tanta preocupação e 1% não sabe

Apesar da preocupação geral, há pessoas que demonstram indiferença à pandemia e não cumpre com as recomendações das autoridades sanitárias, saindo de casa sem precisar, por exemplo. A situação tem sido muito relatada por quem convive com idosos, que são parte do grupo de risco da covid-19.

A propagação de desinformação mostra que também há quem subestime a pandemia nas redes sociais. Agências de checagem mostram que um vídeo de janeiro do médico Drauzio Varella tem sido usado agora como desculpa para não adotar o distanciamento (em janeiro, não havia casos de coronavírus no Brasil, portanto o vídeo de Varella dizia que a vida continuava normal; hoje o cenário é outro).

O presidente Jair Bolsonaro minimizou várias vezes o problema. “Fantasia”, “histeria” e “gripezinha” foram alguns dos termos usados por ele para se referir à pandemia. Mesmo sob suspeita de estar contaminado com o vírus, ele foi a atos em março a favor do governo. Na terça-feira (24), pediu à população que voltasse à normalidade. O governo ainda lançou uma campanha “O Brasil não pode parar”.

O Nexo conversou com Luciana Costa, professora do Instituto de Microbiologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Leila Salomão, professora do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), e Daniel Kupermann, psicanalista e também professor do Instituto de Psicologia da USP. Eles reuniram dicas de como conversar com quem não leva a pandemia do coronavírus tão a sério assim.

Relembre o básico

A covid-19 é uma doença altamente contagiosa, capaz de produzir um número enorme de infectados e afetar radicalmente a sociedade, segundo Luciana Costa. Ela diz que, numa conversa, o primeiro passo é sensibilizar o interlocutor para os possíveis efeitos da doença no Brasil.

    “A primeira coisa é conscientizar e sensibilizar para a gravidade da situação. A pandemia tem um potencial devastador grande. Há chances de termos a maioria da população infectada. É preciso sensibilizar as pessoas para que cada um se proteja e proteja a comunidade” - Luciana Costa, professora na área de microbiologia na UFRJ, em entrevista ao Nexo

As boas práticas de prevenção durante a pandemia contribuem não só para a saúde individual, mas de todos que estão à volta. Medidas como o distanciamento social são defendidas porque ajudam a “achatar a curva” do coronavírus. Em outras palavras, elas ajudam a desacelerar o contágio, para que um número muito grande de pessoas não seja infectado num curto espaço de tempo, algo que pode sobrecarregar os sistemas de saúde.

Apesar de muitos casos serem assintomáticos ou apresentarem sintomas leves (como de uma gripe), a quantidade de infectados que têm quadro mais grave e precisa de atendimento hospitalar é grande — cerca de 20%, segundo Costa. Além disso, o quadro grave pode acontecer com qualquer pessoa, desde infectados idosos até os mais jovens.

Organize as fontes de informação

A pandemia do novo coronavírus está sendo acompanhada por uma enxurrada de informações que se atualizam todos os dias, rapidamente rearranjando as impressões sobre a covid-19 e os cenários da doença no mundo. Além das informações oficiais, uma onda de desinformação, mentiras e alarmismo acompanhou a repercussão do vírus no país.

A exposição ao excesso de informações (e desinformação) que sempre mudam e às vezes se desencontram é um dos motivos que afastam as pessoas de saber sobre a pandemia, segundo Leila Salomão. A resposta para levá-las ao debate é apresentar as fontes de informação seguras, como o jornalismo, os cientistas e as autoridades de saúde.

    “Os cientistas, médicos, autoridades de saúde pública, os técnicos de saúde de forma geral — todos eles estudam epidemias, vírus e doenças infecciosas há muitos anos. Tudo que é dito é embasado em fatos científicos, em observações feitas se usando o método científico” - Luciana Costa, professora na área de microbiologia na UFRJ, em entrevista ao Nexo
 

Contra a desinformação nas redes sociais, sugira que o interlocutor cheque as mensagens que recebe antes de acreditar no que vê e antes de repassá-las para amigos e familiares. É possível encontrar checagens de conteúdos disseminados na internet em sites jornalísticos especializados nisso, como Aos Fatos, Agência Lupa e Comprova.

Use exemplo de outros países

As experiências de países que passaram por surtos de covid-19 antes do Brasil ajudam a mostrar ao interlocutor como a doença pode atingir o país à medida em que avança, disseram Leila Salomão e Luciana Costa ao Nexo. Além disso, é possível analisar quais medidas adotadas no exterior foram bem ou mal-sucedidas no combate ao coronavírus.

É possível, por exemplo, comparar o caso da China (onde o vírus foi descoberto e onde o governo adotou duras medidas de confinamento), da Itália (onde o confinamento demorou mais até valer), da cidade italiana de Milão (onde o prefeito pediu que os serviços não parassem, e os casos da covid-19 estouraram) e da Coreia do Sul (que fez altíssimo número de testes nas pessoas e conseguiu controlar a epidemia).

Não alimente o pânico

Ainda que o objetivo seja mostrar ao interlocutor por que a pandemia deve ser levada a sério, é preciso ter cuidado na hora de conversar para não causar pânico, disse Leila Salomão. A sensação de medo ou tristeza intensa prejudica as pessoas e pode afastá-las da conversa.

    “Situações de estresse podem fazer com que as pessoas tenham duas posturas. A primeira é minimizar, dizer que é tudo mentira. A segunda é catastrófica, pessimista. Essas reações não ajudam em nada em um momento em que precisamos de responsabilidade, seriedade, contato com o que está acontecendo e seguir orientações científicas” - Leila Salomão, professora no Instituto de Psicologia da USP, em entrevista ao Nexo
 

Para aliviar o pânico, Salomão sugere lembrar às pessoas que os sacrifícios da pandemia, como o distanciamento, contribuem para ajudar outras pessoas (doentes, profissionais de saúde, pessoas que precisam trabalhar etc.). Ela também diz que é possível fazer distanciamento com criatividade, buscando criar uma rotina positiva dentro de casa.

Outra sugestão é incentivar que as pessoas busquem ajuda sempre que precisarem. “Precisamos de cuidados com a saúde mental, sem nos deixar levar pelo desânimo ou tristeza, nem pela negação”, disse. “A pandemia está, sim, acontecendo. Ela é séria. Mas vamos vencer.”

Acima de tudo, ouça

Antes de começar a conversa com alguém que tem outra visão da pandemia, é preciso escutar os argumentos da pessoa, afirma Daniel Kupermann. Aos poucos, dentro do possível, pode-se mostrar a ela quais partes do que ela disse são enganosas e não se sustentam.

    “A informação, como a educação, se faz por meio do que chamamos de repetição. Mas não adianta ficar embrutecido e com raiva. É preciso escutar os argumentos. E tentar, a partir do estabelecimento de uma conversa respeitosa — de preferência, amorosa —, combatê-los” - Daniel Kupermann, psicanalista e professor no Instituto de Psicologia da USP, em entrevista ao Nexo
Kupermann atribui a desconfiança da covid-19 a uma característica muito humana, que é a resistência ao desconhecido. “A incerteza, o medo da contaminação, o medo da morte, o isolamento social, todas essas situações incrementam o sentimento de desamparo”, disse. Para sobreviver, há quem prefere negar o problema, abraçar a ignorância.

Por causa disso, ao falar com alguém que parece estar na defensiva, é importante também criar um vínculo de afeto. “O respeito, a amizade e o amor na hora da conversa são uma compensação para o sujeito, para o medo que ele tem daquilo que ele desconhece”, afirmou o psicólogo.


A politização da pandemia

No Brasil, o debate sobre o novo coronavírus caiu na polarização e foi diversas vezes abordado sob um viés político. Sem provas, o presidente Jair Bolsonaro insinuou em março, por exemplo, que há “interesse econômico” por trás da pandemia. A covid-19 também foi chamada de mentira em atos de apoio ao governo federal no dia 15 de março.

    “Em 2009, 2010, tivemos uma crise semelhante [com a H1N1, a gripe suína], mas aqui no Brasil era o PT que estava aqui no governo, e nos Estados Unidos eram os democratas. A reação não foi nem sequer perto dessa que está acontecendo hoje em dia aqui no mundo todo” - Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista à CNN Brasil no dia 15 de março

A pandemia também foi usada por Bolsonaro para se opor ao Congresso e a governadores que restringiram o convívio social em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. O presidente defende que quarentenas trazem prejuízos econômicos maiores que a disseminação da covid-19 e pede que medidas como essa sejam revogadas.

É importante evitar a politização da pandemia durante conversas, segundo Leila Salomão. “A ciência não é política”, disse. “A Organização Mundial da Saúde dá as mesmas orientações para países com diferentes tipos de governo.” Além disso, “o vírus atinge todos. Ele não está nem aí para quem pensa A ou B”, disse Luciana Costa.

Ambas repetem que, neste caso, a opção mais segura é ouvir o que dizem as autoridades de saúde. “A ciência tem que estar acima de qualquer discurso político neste momento”, disse Costa. “Isso porque são a ciência e a medicina que vão de fato resolver [a pandemia]. Não é a opinião do político de que você gosta ou do grupo de WhatsApp.”

A desconfiança no vírus, apesar das evidências

A desconfiança algumas pessoas na pandemia do coronavírus está entre os exemplos da crise de credibilidade que atingiu a ciência em geral. Apesar das evidências sobre a covid-19, há quem conteste a confiabilidade dos estudos científicos e dos próprios pesquisadores.

64,2% dos brasileiros confiam na ciência, segundo levantamento de 2018 com dados do Banco Mundial e da pesquisa Gallup World Poll

Atualmente, uma série de estudos busca identificar as razões pelas quais algumas pessoas não confiam na ciência, apesar das informações disponíveis sobre a pandemia do coronavírus, a eficácia de vacinas ou a mudança climática. Entre essas razões estão a religião, a posição política, a moralidade e o grau conhecimento científico das pessoas.

Para Daniel Kupermann, a negação da ciência se relaciona, no caso de agora, à resistência em lidar com as incertezas que envolvem a pandemia. “Além de toda a incerteza, no caso da pandemia existem as más notícias”, disse. “A ciência dá más notícias porque nos coloca frente à nossa finitude, aos limites de nossa consciência e onipotência.”

domingo, 22 de março de 2020

Prefeitura indenizará por negligência que resultou em morte de recém-nascida


A 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão que condenou a Prefeitura a indenizar, por danos morais, os pais de uma recém-nascida que morreu em decorrência de erro médico. O valor da indenização foi fixado em 100 salários mínimos.

Consta dos autos que a autora da ação entrou em trabalho de parto, e, já com a bolsa rompida, se dirigiu a hospital municipal para a realização do parto. Ao dar entrada na maternidade, mesmo com perda de líquido e fortes dores no útero, a equipe do hospital ministrou soro na veia da paciente e afirmou que aguardaria o parto normal. No dia seguinte, ao perceberem que o útero da mulher estava se rompendo, os médicos a submeteram a uma cesariana. A criança chegou a nascer com vida, mas faleceu no mesmo dia, em razão de um ataque cardíaco.

Segundo o relator da apelação, desembargador Souza Nery, “é possível identificar que houve negligência por parte do corpo médico, na medida em que, de acordo com o laudo pericial, a condução do trabalho de parto deixou de valorizar a distorcia associada ao parto em questão, de modo que o procedimento de emergência foi executado tardiamente, levando o perito a concluir que o óbito do neonatal foi consequência das condições a que seu nascimento foi submetido” (Fonte: TJSP).


sábado, 21 de março de 2020

Bebê de três meses morre e família acusa hospital de Indaiatuba de negligência

Através da assessoria de imprensa, a prefeitura afirma que  o Comitê de Mortalidade Infantil investiga o caso, mas a investigação ocorre em sigilo.



Uma criança de três meses veio a óbito na última sexta-feira, 6, em Indaiatuba (SP). A morte ocorreu nas dependências do Hospital Augusto de Oliveira Camargo (HAOC). Segundo informações recebidas pelo Z1portal, o bebê foi atendido de início na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Morada do Sol, onde chegou com falta de ar. Em estado grave, a criança foi levada ao Haoc, onde sofreu seis paradas cardíacas. A família suspeita de erro médico, afirmou ao Z1portal, uma funcionária do hospital que não quis se identificar.

Através da assessoria de imprensa, a prefeitura afirma que  o Comitê de Mortalidade Infantil investiga o caso, mas a investigação ocorre em sigilo.

O Haoc também manifestou, leia abaixo na íntegra a nota do hospital.

“Como o caso tornou-se público pela procura da família à imprensa, podemos tecer alguns comentários.

O lactente foi admitido já em estado grave, dificuldade respiratória importante, vindo da UPA acompanhado de equipe profissional (médicos e enfermagem).
Neste hospital, devido a gravidade da restrição respiratória, foram tomadas as medidas de suporte ventilatório.


O lactente não tinha história de sinais e sintomas prévios a este episódio, segundo relato dos familiares, portanto, tratou-se de um quadro súbito sem pródromos de insuficiência respiratória aguda.

Foi realizado suporte ventilatório com entubação traqueal mas apresentava quadro de dificuldade por possível obstrução da via aérea, sendo solicitado traqueostomia.
Desde o momento da admissão neste hospital, a criança apresentou insuficiência respiratória grave progressiva com 6 episódios de parada cardiorrespiratória, que foram revertidas com as manobra médicas.


Mesmo com o suporte respiratório e com a medidas de intervenção na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, apresentou evolução desfavorável, rápida e progressiva da insuficiência, e ainda, complicações graves e importantes como pneumotórax, que também foi tratado conforme as medidas médicas necessárias.

A possível vinculação da parada cardiorrespiratória final, que levou ao óbito, com a intervenção cirúrgica de retirada do ar dos pulmões, não tem sustentação clínica.
Tratava-se de um caso muito grave, já tinha 6 episódios de parada cardíaca revertidos, e por consequência da evolução rápida e progressiva da insuficiência respiratória, a criança não respondeu às medidas de ressuscitação do coração, evoluindo ao óbito.


Não foi o procedimento cirúrgico de retirada do ar da pleura (pneumotórax) que levou a parada cardíaca, pelo contrário, a drenagem do pneumotórax é que daria a chance de uma nova reversão da parada cardíaca, mas o quadro da criança era progressivo.
Ressaltamos que o corpo foi enviado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), instrumento que evidenciará mais especificamente a causa que levou todo este quadro grave e fulminante.


Já foi admitida neste hospital em quadro gravíssimo, necessitando ventilação (respiração) mecânica, medidas que foram efetivas em reverter 6 paradas cardiorrespiratórias, mas que infelizmente, dada a natureza do quadro, evoluiu ao óbito”.
A diretoria



sexta-feira, 20 de março de 2020

Fraude envolvendo médicos e suposta negligência em parto; Câmara tem duas CPIs em Gravataí

Câmara Municipal de Vereadores de Gravataí 

A Câmara Municipal de Vereadores de Gravataí  deverá criar nesta próxima sessão ordinária, marcada para a terça-feira (10), duas CPIs. A primeira é para apurar uma série de denúncias envolvendo médicos que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS) do município, e que estariam se beneficiando da demora do plano público para induzir pacientes a realizarem os procedimentos em clínicas particulares. Além disso, vazamento de dados e cobranças por atendimentos no próprio SUS também estariam ocorrendo.

quinta-feira, 19 de março de 2020

ERRO GROTESCO: MÉDICOS ERRAM SEXO E FAMÍLIA REGISTRA MENINO COMO MENINA

ERRO GROTESCO: MÉDICOS ERRAM SEXO E FAMÍLIA REGISTRA MENINO COMO MENINA



Médicos do Distrito Federal foram condenados a indenizar, em R$ 90 mil, uma família que registrou o filho recém-nascido como sendo do sexo feminino, quando a criança era, na verdade, um menino. A confusão teria sido provocada por erros cometidos pelos profissionais de saúde que atuaram no parto.


O plano de saúde e o hospital onde o garoto nasceu também foram alvo de ação judicial. Segundo a Defensoria Pública do DF (DPDF), uma médica obstetra, uma enfermeira e uma pediatra teriam atestado aos familiares que o sexo do recém-nascido era feminino após exame físico, realizado no pós-parto.


Os pais da criança, contudo, perceberam “algo de diferente na genitália do bebê”. Ocorre que outro médico informou que o inchaço na genitália era normal, tendo em vista o parto prematuro e disse que, em dois meses, o órgão estaria normal.


A criança chegou a ser registrada como menina, usava vestidos, laços e já havia sido, inclusive, batizada. Entretanto, como a genitália do recém-nascido seguia da mesma forma, a família decidiu consultar mais um pediatra. No novo atendimento médico, o profissional constatou uma má-formação no órgão e, por meio de novos exames, foi revelado que o bebê tinha característica genética do sexo masculino.


Além disso, foi realizado exame de sangue que mostrou nível de testosterona abaixo do normal e, em ultrassonografia, foi constatada a presença de testículos, sem qualquer estrutura feminina na região pélvica.


Indenização

Diante da situação, a família decidiu acionar a Justiça, por intermédio da DPDF. Por conta da anomalia, a criança precisou ser submetida a três procedimentos cirúrgicos e, atualmente, vive com a genitália normal.


O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) julgou procedente o pedido de reparação por danos morais e fixou indenização em R$ 90 mil. Ainda cabe recurso da sentença.


quarta-feira, 18 de março de 2020

Idosa recebe alta no PS e quatro dias depois descobre pé quebrado

Aposentada Ilda dos Santos Silva passou o fim de semana à base de remédios para aliviar dores em consequência da fratura

Ilda dos Santos Silva passou o fim de semana com o pé esquerdo
quebrado por suposto erro médio

Parentes da aposentada Ilda dos Santos Silva, de 62 anos, cobram explicações urgentes à Secretaria Municipal de Saúde de Santo Antônio da Platina para suposto erro médico ocorrido no Pronto Socorro Municipal no último fim de semana. Após ser liberada pelo médico plantonista no sábado (14), depois de um acidente doméstico, nesta terça-feira (17) a paciente retornou à unidade e descobriu que estava com o pé esquerdo fraturado.

“Isso é um absurdo! Onde já se viu um médico plantonista do Pronto Socorro avaliar a paciente de qualquer jeito, apenas com os olhos, e mandar ela de volta para casa porque é forte e não tem nada de grave?”, questiona a filha da aposentada, kelly Ribeiro da Silva.

Segundo Kelly, sua mãe mora no povoado da Platina e caiu na varanda da casa. “A minha mãe passou o fim de semana inteiro à base de remédios, reclamando de muita dor. Hoje (ontem) ela voltou ao Pronto Socorro e outro médico disse que a lesão tratava-se de uma fratura grave no pé esquerdo. Ele a imobilizou e agora ela terá que aguardar até o dia 24 de março, ainda, para engessar o pé. Isso é inadmissível!”, reclama.

Procurada pela reportagem, a secretária municipal de Saúde, Gislaine Galvão, informou que o caso será apurado com rigor e, caso se confirme a denúncia, as medidas cabíveis serão tomadas.

terça-feira, 17 de março de 2020

AVISO DE PENALIDADE - DR. JULIANO BATISTA DA SILVA - CRM 19.562

Publicado em: 17/03/2020 | Edição: 52 | Seção: 3 | Página: 113
Órgão: Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais/Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco/Comissão Permanente de Licitação

AVISO DE PENALIDADE

O CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e, em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do Processo Ético-Profissional CRM/PE n.º 41/14 realizado no CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA - CREMEPE, em 14/10/2019, sem interposição de recurso para com a instância superior pelo denunciado em questão, vem aplicar ao médico DR. JULIANO BATISTA DA SILVA - CRM 19.562, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na letra "c", do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração ao art. 9º do Código de Ética Médica.

Recife, 5 de março de 2020
Mario Fernando da Silva Lins
Presidente



IMPRENSA NACIONAL

AVISO DE PENALIDADE - DR. JOÃO GONÇALVES DE OLIVEIRA NETO - CRM/PE 5.277

Publicado em: 17/03/2020 | Edição: 52 | Seção: 3 | Página: 113
Órgão: Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais/Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco/Comissão Permanente de Licitação

AVISO DE PENALIDADE

O CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e em conformidade com a decisão prolatada pela Câmara do Conselho Federal de Medicina na sessão de julgamento do Processo Ético-Profissional n.º 10.586-486/2012 realizado no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA - CFM, em 15/10/2019, vem aplicar ao médico DR. JOÃO GONÇALVES DE OLIVEIRA NETO - CRM/PE 5.277, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea "c", do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração ao art. 29 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n° 1.931/09), cujos fatos também estão previstos no artigo 1º do Código de Ética Médica (Resoluções CFM n° 1.931/2009 e nº 2.217/2018 2.217/18).

Recife, 13 de fevereiro de 2020
Conselheiro Mario Fernando da Silva Lins
Presidente


IMPRENSA NACIONAL

AVISO DE PENALIDADE - MARCELO RICARDO ALVES DOS SANTOS - CRM/PE 14.256

Publicado em: 17/03/2020 | Edição: 52 | Seção: 3 | Página: 113

Órgão: Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais/Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco/Comissão Permanente de Licitação

AVISO DE PENALIDADE

O CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e, em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do Processo Ético-Profissional CRM/PE n.º 32/2016 realizado no CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA - CREMEPE, em 26/08/2019, sem interposição de recurso para com a instância superior pelo denunciado em questão, vem aplicar ao médico DR. MARCELO RICARDO ALVES DOS SANTOS - CRM/PE 14.256, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na letra "c", do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração ao art. 9º do Código de Ética Médica.

Recife, 5 de março de 2020
Mario Fernando da Silva Lins
Presidente


IMPRENSA NACIONAL

segunda-feira, 16 de março de 2020

Hospital de Sorocaba (SP) enfrenta série crise financeira


A Santa Casa de Sorocaba, no interior de São Paulo, enfrenta uma crise com dívidas que passam de R$ 100 milhões. Credores brigam na Justiça ao lado de vítimas de erro médico, que tentam uma indenização. 

Para assistir na íntegra acesse 

domingo, 15 de março de 2020

MORTE DE CÁSSIA ELLER: A PARTIDA INESPERADA QUE VIROU CASO DE POLÍCIA


Como canta Renato Russo em ‘Love In The Afternoon’: “os bons morrem jovens”… e foi assim que partiu uma das vozes mais inconfundíveis da música brasileira. A morte de Cássia Eller aconteceu aos 39 anos de idade da cantora, que não resistiu depois de sofrer três paradas cardíacas, e deixou o Brasil estupefato com a partida precoce e inesperada.
Conforme noticiado na época, a cantora Cássia Eller teria chegado ao hospital “com quadro de desorientação e agitação”, que evoluiu “rapidamente para depressão respiratória e parada cardiorrespiratória”.
A condição levou alguns a associarem a morte ao consumo de drogas, o que a família batalhou para provar que não tinha sido o caso e afirmou que, na verdade, tinha ocorrido um erro no atendimento da artista.
Foi assim que a morte da mulher que só pedia a Deus “um pouco de malandragem” acabou se tornando um caso de polícia.


ÚLTIMOS MOMENTOS DE CÁSSIA ELLER


Naquele fatídico dia, reclamando de enjoos e mal-estar, Cássia Eller foi levada para a clínica Santa Maria, no bairro de Laranjeiras, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro.
Ela foi internada na unidade coronariana e chegou a ficar no CTI (Centro de Terapia Intensiva), sem apresentar melhora. Durante a tarde, o quadro dela se agravou e a equipe médica precisou tentar manobras de ressuscitação. Foram três, mas não surtiram efeito.
Por volta das 18h, a situação da cantora ficou ainda mais delicada. Ela não resistiu e teve a morte registrada às 19h05. Era 29 de dezembro de 2001.


CAUSA DA MORTE DE CÁSSIA ELLER


Como canta Renato Russo em ‘Love In The Afternoon’: “os bons morrem jovens”… e foi assim que partiu uma das vozes mais inconfundíveis da música brasileira. A morte de Cássia Eller aconteceu aos 39 anos de idade da cantora, que não resistiu depois de sofrer três paradas cardíacas, e deixou o Brasil estupefato com a partida precoce e inesperada.
Conforme noticiado na época, a cantora Cássia Eller teria chegado ao hospital “com quadro de desorientação e agitação”, que evoluiu “rapidamente para depressão respiratória e parada cardiorrespiratória”.
A condição levou alguns a associarem a morte ao consumo de drogas, o que a família batalhou para provar que não tinha sido o caso e afirmou que, na verdade, tinha ocorrido um erro no atendimento da artista.
Foi assim que a morte da mulher que só pedia a Deus “um pouco de malandragem” acabou se tornando um caso de polícia
ULTIMOS MOMENTOS DE CÁSSIA ELLER
Naquele fatídico dia, reclamando de enjoos e mal-estar, Cássia Eller foi levada para a clínica Santa Maria, no bairro de Laranjeiras, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro.
Ela foi internada na unidade coronariana e chegou a ficar no CTI (Centro de Terapia Intensiva), sem apresentar melhora. Durante a tarde, o quadro dela se agravou e a equipe médica precisou tentar manobras de ressuscitação. Foram três, mas não surtiram efeito.
Por volta das 18h, a situação da cantora ficou ainda mais delicada. Ela não resistiu e teve a morte registrada às 19h05. Era 29 de dezembro de 2001.
CAUSA DA MORTE DE CÁSSIA ELLER
Sem causa divulgada oficialmente, os rumores davam conta de que o falecimento da cantora, que estava na ativa e aparentemente saudável, teria tido relação com abuso de drogas.
Empresário da cantora, Ronaldo Villas negou o uso de entorpecentes e disse à imprensa que a parada cardíaca poderia ter relação com o excesso de trabalho. “Em sete meses, fez mais de cem shows”, afirmou ao jornal ‘Folha de S. Paulo’ na ocasião.
O caso da morte de Cássia Eller passou a ser investigado pela 10ª DP (Delegacia de Polícia) de Botafogo. Começava ali a batalha na Justiça pelo desfecho da história de uma das maiores cantoras do Brasil.

LONGE DAS DROGAS

Em entrevista meses antes, Cássia Eller abriu o jogo sobre a dependência química e contou ter tido problemas para largar a cocaína, mas garantiu que estava longe das drogas. “Fiz um tratamento de desintoxicação, que durou de 98 a 2000. Encontrei Jesus, sigo com ele, limpinha”, afirmou.
“Estava me atrapalhando muito, a ponto de perder compromissos. Tinha criança dentro de casa, minha mulher não estava gostando. Fui eu mesma que quis fazer, foi legal”, acrescentou.
O laudo toxicológico do IML apontava o que a família dizia: não havia álcool ou drogas no organismo da cantora. A causa da morte foi deixada como “enfarte agudo do miocárdio”.
Anos depois, a “vitória” da família: o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que houve erro médico no tratamento da cantora e que algum medicamento administrado no hospital tenha agravado o caso dela.
“Não há nenhuma prova, em hipótese nenhuma, de que ela estivesse sob o efeito de álcool ou de drogas”, afirmou o advogado da família, Marcos André Campuzano.
Por decisão da 5ª Promotoria de Investigação Penal, a morte foi provada como natural e o caso foi arquivado sem culpar o hospital, que, segundo a promotora Renata Maria Cabo, deu atendimento de “forma técnica e adequada”.
Cássia Eller deixou a companheira, Maria Eugênia, e o filho, Francisco Eller, que tinha oito anos na época e a quem ela carinhosamente chamava de Chicão.