Recém-nascida era tratada com soro venoso e teve a veia perdida no pé. Hematoma virou ferida e, segundo a família, o local necrosou.
Fachada da Maternidade Municipal de Contagem, na Grande BH |
A família de uma bebê nascida no dia 28 de fevereiro na Maternidade Municipal de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, denuncia o local por negligência e erro médico por causa de um ferimento no pé esquerdo da criança.
Descontentes com o tratamento da unidade, parentes chamaram a Polícia Militar (PM) e registraram um boletim de ocorrência. Abalada, a mãe, Gabriela Ferreira do Carmo, de 21 anos, não pôde dar entrevista.
De acordo com a supervisora de cobrança Cibele Coutinho Pardinho Cardoso, de 35 anos, que é tia da bebê, o soro venoso que estava no braço teve a veia perdida e precisou ser transferido para o pé.
Contudo, mesmo trocando o lugar por onde o soro seria injetado, a veia também foi perdida e o líquido se infiltrou no pé da menina.
No dia 1º de março, Cibele percebeu o hematoma, que posteriormente se transformou em uma lesão e, segundo parentes da bebê, em uma necrose.
O hospital disse à família que o ferimento aconteceu no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e que estava apurando o motivo.
Cibele disse que procurou uma médica do local, que disse que o tratamento da lesão não poderia ser feito fora do hospital.
Mas Cibele procurou uma médica fora do hospital e, com o nome dos medicamentos usados na ferida, ficou sabendo que a garota poderia receber alta médica e ter o tratamento em casa.
“A gente pediu para a Lara ir para cara, mas o hospital não liberava”, disse Cibele.
Ela contou ainda que, na sexta-feira (6), uma cirurgiã plástica disse que a menina evoluía bem, tinha boa cicatrização e que não havia infecção, mas a família queria um exame de sangue atestando que realmente estava tudo bem com a criança.
“A gente queria um exame de sangue que não constasse nenhuma infecção. Queria tirar a menina do hospital e que não fizesse mais nenhum procedimento na maternidade”, falou.
Cibele ainda reclamou que não havia comunicação interna entre os setores sobre o estado de saúde da sobrinha.
“Havia falta de credibilidade do hospital. A gente não queria que a Lara ficasse lá”.
Cirurgia
Mas, no sábado (7), a pequena precisou passar por uma cirurgia para remover pele morta no ferimento.
A família tinha autorizado o procedimento se o pai ou a mãe pudesse acompanhar de perto a recuperação da filha.
A maternidade disponibilizou duas cadeiras no CTI para que eles acompanhassem a menina.
Depois de muita conversa, a família de Lara e a Ouvidoria do hospital conseguiram chegar a um acordo e, se tudo der certo, a menina tem alta médica ainda nesta semana.
O que diz a Secretaria de Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde de Contagem disse que não houve erro médico durante o parto, que foi foi normal e a criança nasceu em perfeitas condições de saúde, pesando 3,286 quilos.
Segundo o órgão, após uma hora de vida, a recém-nascida apresentou desconforto respiratório e foi encaminhada ao CTI Neo-natal. Na unidade, em 1º de março, o acesso do bebê sofreu uma infiltração, provocando um ferimento. Perdas de acesso venoso periférico podem acometer 80% dos recém-nascidos que necessitem deste recurso, devido à fragilidade vascular.
Ainda de acordo com a secretaria, o extravasamento de soro para o espaço extravascular evoluiu para uma necrose da pele, mas todos os procedimentos necessários após a identificação foram acionados pela unidade, como o Serviço de Cuidados com a Pele, bem como a Cirurgia Plástica para o tratamento da ferida.
Por fim, a Secretaria de Saúde ressaltou que não houve recusa em dar alta à criança. A alta hospitalar só será feita no término do tratamento intra-hospitalar porque o Centro Materno Infantil preconiza a cultura da segurança da paciente e a melhoria dos processos diante de situações como essas.
Necrose no pé da recém-nascida |
Parto
Cibele contou ao G1 que a cunhada teve contrações e foi para a maternidade na noite do dia 27 de fevereiro, mas que a médica plantonista disse que a bebê ainda não estava na hora de nascer.
Contudo, já na madrugada de 28, por volta das 3h30, a futura mãe Gabriela disse que a bebê parou de se mexer, mas a médica a orientou a aguardar o “próximo toque”, às 5h.
Cibele explicou que por volta das 4h a cunhada foi ao banheiro fazer xixi e que um líquido esverdeado, chamado mecônio, saiu com a urina. Essa secreção é um tipo de fezes fetais.
Imediatamente a médica plantonista foi avisada e Gabriela levada para uma sala. Para o parto, foi usado fórceps e Lara chegou ao mundo às 6h06.
Gabriela teve hemorragia e precisou fazer uma cirurgia plástica íntima para reconstruir a vagina.
A bebê passou por duas lavagens para retirar todo o mecônio e precisou ficar internada, com oxigênio e soro, quando aconteceu a perda da veia e o começo da novela para a família da criança.
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