terça-feira, 31 de março de 2020

Hospital investiga denúncia de abandono a cônsul morto com sintomas de coronavírus

Após o administrador Jorge José González Seba, de 60 anos, morto com suspeita de coronavírus, acusar o hospital Rio Mar de abandoná-lo por medo de contaminação, a unidade de saúde informou, em nota, que abriu inquérito administrativo para apurar responsabilidades no atendimento e adotar as medidas cabíveis. O homem era diabético e foi internado no último sábado com febre e falta de ar, segundo o jornal O Globo. No hospital, que pertence à Rede D'Or e fica na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foi diagnosticado com pneumonia dupla e isolado por quatro dias na UTI.


Na nota, o hospital destaca ainda que "não compactua com eventos desta natureza e reafirma seu compromisso com o correto acolhimento de seus pacientes". A unidade "lamenta profundamente os  transtornos causados e se solidariza com a família do paciente,  colocando-se à disposição para o que se fizer necessário". González era capitão reformado do Exército e cônsul honorário do Suriname no Rio. Ele deixou as acusações contra o Rio Mar em áudios de celular.

A família pretende processar o hospital por negligência e omissão de socorro. Numa das gravações feitas na UTI, o administrador disse que médicos e enfermeiros evitavam se aproximar dele por medo de contrair o vírus. “Me deixaram aqui sem informação, isolado, como se fosse um bicho. Eu me esgoelo, eu grito, eu chamo as pessoas, ninguém atende. Tenho dificuldade até para urinar".


González contou que permaneceu mais de 48 horas abandonado no leito, sem limpeza e troca de fraldas. “Tive que implorar um dia inteiro para que alguém pudesse trazer um copo para eu beber água”, disse. “Nunca pensei que num hospital desse porte eu pudesse ser tratado desta maneira”. O paciente disse compreender o medo de médicos e enfermeiros, mas reclamou de falta de respeito.

O advogado da família, Fernando César Almeida, afirmou que o primeiro teste feito no hospital deu resultado positivo para Covid-19. "Abandonaram o González à própria sorte. Se o hospital não estava preparado para atender pacientes com coronavírus, ele deveria ter sido encaminhado para outra unidade. O que ocorreu foi abandono de incapaz e omissão de socorro", apontou ele.


O corpo de González foi cremado na quinta-feira, sem velório. Ele deixa mulher e três filhos.









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