Pietro Petri se apresenta com especialização em cirurgia plástica, com curso de medicina iniciado na Itália e concluído no Brasil, mas a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) diz que ele não tem título com a especialidade.
Pacientes acusam médico de deixar sequelas após plásticas
Pacientes denunciaram um médico, sem especialização em cirurgia plástica, de deixar sequelas após a realização dos procedimentos no Paraná e no interior de São Paulo. O caso é investigado pelo Conselho Regional de Medicina.
Segundo as denúncias, Pietro Petri se apresenta como cirurgião geral e com especialização em cirurgia plástica, com curso de medicina iniciado na Itália e concluído no Brasil.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Petri não tem título de especialista pela SBCP e nem pela Associação Médica Brasileira.
O Conselho Federal de Medicina, por meio da resolução 1974 de 2011, impede que o médico se anuncie um cirurgião plástico sem ter como certificar a especialização.
Petri faz cirurgias em Curitiba e em Atibaia, no interior de São Paulo.
Uma das pacientes, de 22 anos, decidiu fazer um implante de silicone nos seios no ano passado. Ela conta que só no Centro Cirúrgico percebeu que algo estava errado.
"A enfermeira fez uma punção que ainda não tinha material necessário, ela pediu para que eu fosse na farmácia comprar, minha mãe foi até a farmácia comprar. Quando eu acordei da cirurgia já não tinha mais ninguém na sala, nem o meu acesso venoso eles retiraram. Minha mãe é da área e tirou meu acesso venoso."
A jovem conta que no dia seguinte uma das próteses de silicone saiu do lugar e ela não recebeu o suporte adequado pelo suposto cirurgião plástico.
"Quando ele foi fazer o reparo da cirurgia por conta do deslocamento eu tive uma hemorragia interna e quase perdi o seio. Ele não me deu assistência nenhuma no pós operatório. Fiquei com a minha cicatriz aberta correndo até mesmo risco de infecção. Eu tenho dores no meu seio até hoje e a minha cicatriz ficou hipertrófica, muito grande, os fios de sutura que ele usou foram da pior qualidade possível e meu organismo rejeitou. Era um sonho e hoje se tornou um pesadelo", disse a jovem.
No site, o médico diz que tem vasta experiência em vibrolipoescultura, uma técnica de lipoaspiração menos invasiva em que o paciente recebe anestesia local e pode ter alta no mesmo dia da cirurgia.
Para essa outra mulher, o procedimento foi traumático. Ela havia acabado de se divorciar em 2017, o procedimento seria uma injeção de autoestima para um recomeço. "No centro cirúrgico a gente já acha estranha a postura, celular, ambiente descontraído, entra pessoas estranhas para falar com ele. Quem fez a minha anestesia foi a instrumentadora. Mas quando gente não sabe direito como funciona, fui para segunda parte e caí no retoque. E ficou com irregularidades horríveis, mas ele dizia que era o organismo que não estava reagindo."
O médico Petri já foi punido com censura pública pelos conselhos regionais de medicina do Paraná e de São Paulo, em 2017, por infringir o código de ética médica.
Uma outra paciente procurou o CRM no Paraná para denunciar o médico por má conduta. O relato é de um local impróprio, de que uma assistente aplicou a anestesia e de que uma pessoa de fora da equipe médica entrou na sala. E ela ainda conta que o médico começou a operação sem lavar as mãos, depois de ficar o tempo todo no celular. E que foi colocada numa posição constrangedora.
"Eu perguntei para a instrumentadora dele, porque tenho de ficar de quatro, essa posição é muito ruim. Ela disse que era a melhor posição para não pegar a espinha. Eu falei: 'você pode pelo menos pegar um lençol para cobrir minhas partes íntimas?' E ela pegou e colocou", disse a paciente.
A SBCP disse que nenhum procedimento prevê que a paciente fique de quatro.
O CRM do Paraná iniciou processo ético profissional contra o médico para apurar, entre outras coisas, a atuação em área sem o devido certificado e registro.
A advogada Luciana dos Santos afirma que reúne denúncias de nove ex-pacientes de Pietro Petri. A ação de uma delas foi protocolada na Justiça de Curitiba nesta segunda-feira (26).
Em nota, Josleide Zordenones, advogada do médico Pietro Petri, afirma que não foi apresentado formalmente quais seriam as dez vítimas, que a clínica deu suporte no pós operatório das pacientes, que fez cirurgias reparadoras e pagou novos procedimentos com outros profissionais. Que as cirurgias são realizadas em locais adequados e que ele é cirurgião plástico.
Ela também encaminhou certificados para tentar comprovar que Pietro Petri é cirurgião plástico. Segundo a SBCP, nenhum desses certificados dá ao médico o título de especialista.
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