O Delegado Miguel Chibani instaurou Inquérito Policial para apurar eventual erro médico
Uma criança de nove meses foi levada pela mãe, por volta das sete horas da manhã do sábado, dia 17 desde mês, ao Hospital Municipal de São José da Boa Vista, cidade localizada na região de Wenceslau Braz, com fortes dores abdominais. A bebê foi atendida por um médico de plantão, que prescreveu supositório, um medicamento para gases e outro para dor, acreditando que a bebê estivesse “ressecada”.
Mesmo diante ao choro intenso, o profissional determinou que a genitora esperasse com a filha do lado de fora do hospital, pelo período de uma hora, para que depois a paciente fosse novamente avaliada.
Diante da dor visível, a responsável foi à casa de outro médico. Ele a diagnosticou com constipação intestinal; ressecamento das fezes no intestino. Acreditando ser esse o diagnóstico correto, prescreveu uma lavagem intestinal e encaminhou a criança ao Hospital de São José para que o procedimento fosse feito pelo médico que atendeu a criança anteriormente, na unidade de saúde.
Mais uma vez, o médico determinou que a mãe esperasse com a criança no colo do lado de fora, até que, novamente, a chamasse para atendimento. Nesse intervalo, uma vizinha do local, incomodada com o choro, convidou a mãe e a criança para esperarem em sua casa.
Ao perceber o desespero da mãe, a vizinha enviou uma mensagem a uma médica, porém, por não ser médica contratada para atender no Hospital de São José, ela foi à casa e a examinou. Convencida que o caso era extremamente grave e acreditando ser uma torção intestinal (nó na tripa), a médica enviou mensagem para um enfermeiro, sugerindo o encaminhamento imediato da menina a um hospital que pudesse resolver o problema, o qual teria grandes possibilidades de ser cirúrgico.
Entre os atendimentos pelos dois médicos anteriores, a menina e a família viveram uma longa espera até a transferência para o Hospital Infantil de Londrina.
A criança foi transferida a Londrina em uma ambulância da Prefeitura de São José da Boa Vista, sem acompanhamento médico. Ao passar pela cidade de Jataizinho, na região metropolitana de Londrina, a bebê já teria sofrido duas paradas cardiorrespiratórias, o que fez o motorista da unidade móvel de saúde buscar socorro junto Serviço de Atendimento Móvel de Urgência daquela cidade.
A bebê foi retirada da ambulância do município e colocada na ambulância do SAMU, onde faleceu pouco antes de chegar ao Hospital Infantil. A morte ocorreu às 17h05, cerca de dez horas após ser atendida pelo primeiro médico na unidade de saúde e nove horas após ser atendida pelo segundo médico.
O primeiro médico nada disse sobre o caso, pois não quis se manifestar. Já o segundo médico não foi localizado pela reportagem do NP Diário.
Já a médica que também esteve envolvida com o caso informou que não fez mais do que cumprir o juramento médico e que socorrer a criança era a sua obrigação profissional e também como ser humano.
O prefeito, Pedro Sérgio Kronéis, informou ter determinado ao Departamento de Saúde apurar o caso e tudo está sob responsabilidade da Procuradoria do Município.
O primeiro médico que atendeu a criança é proprietário da empresa que contrata os médicos para trabalhar no Hospital de São José da Boa Vista.
Sobre a doença que tirou a vida da garotinha
Segundo a literatura médica “o volvo intestinal acontece quando o intestino dá voltas ao redor dele mesmo, causando uma interrupção do fluxo sanguíneo e consequente necrose das alças intestinais”. A necrose é a morte de parte do intestino.
Essa torção geralmente está relacionada à má rotação intestinal, o que ocorre principalmente no primeiro ano de vida, incidindo igualmente em meninos e meninas.
Apuração feita pela polícia
A morte da criança foi comunicada à 10ª subdivisão Policial de Londrina pela mãe da vítima. O Boletim lavrado em Londrina foi imediatamente encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Wenceslau Braz, onde o Delegado Miguel Chibani instaurou Inquérito Policial para apurar eventual erro médico.
Pelo fato da vítima ser menor e haver suspeita de um crime contra a vida, ainda que culposo (sem intenção), a investigação não depende da vontade da família, ou seja, mesmo que peça o arquivamento da investigação, isso não ocorrerá, pois só poderá ser determinado pela Justiça, depois também de ouvido o Promotor de Justiça.
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