quarta-feira, 16 de março de 2022

Médicos são presos em operação que investiga esquema de fura-fila de cirurgias no Hospital Geral de Palmas

 

Mandados são cumpridos dentro da maior unidade de saúde pública do Tocantins.


Operação da Polícia Civil e Gaeco investiga esquema de fura-fila no Hospital Geral de Palmas

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins, com apoio da Polícia Civil, realiza na manhã nesta terça-feira (15) uma operação no Hospital Geral de Palmas (HGP). A ação é para investigar um esquema de fura-fila dentro da unidade. A suspeita é de que médicos estariam cobrando dinheiro de pacientes para fazer cirurgias. Quatro pessoas foram presas, incluindo dois médicos e um fisioterapeuta.

Vários agentes que participam da Operação Betesda foram ao hospital para cumprir mandados. Um grupo esteve na área administrativa da unidade e recolheu prontuários. A Secretaria Estadual de Saúde informou que está "não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas".

O esquema de negociação ocorria enquanto milhares de pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) aguardam alguma cirurgia. Em dezembro de 2021 mais de 7 mil pessoas estavam na fila. No mesmo mês um paciente morreu enquanto aguardava um procedimento. Relembre a situação ao fim da reportagem

O secretário estadual do Tocantins, Afonso Piva, esteve no local e afirmou que contribui com a operação. Em entrevista à TV Anhanguera ele disse que a Secretaria de Saúde não tinha conhecimento do esquema dentro da unidade e que uma a corregedoria também vai acompanhar a situação.

"Ficamos sabendo agora pela manhã da operação e fomos para lá. Nós temos uma corregedoria. Vamos abrir um processo na corregedoria referente aos servidores em conjunto. Temos interesse em fazer o que é certo", disse o secretário.

O que diz a Secretaria Estadual de Saúde


Acerca da Operação policial deflagrada na manhã desta terça-feira, 15, nas dependências do Hospital Geral de Palmas em desfavor de alguns servidores da unidade, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que está a disposição do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPE), Polícia Civil e o próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos - que forem pertinentes à Pasta - sobre a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.

O Secretário de Estado da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da Unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a "Operação Betesda" dando total suporte para elucidação dos fatos. Os Agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes. Paralelamente, o gestor determinou imediata abertura de sindicância - a ser instaurada pela corregedoria de saúde - a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados.

O Governo do Tocantins reafirma o compromisso da gestão pelo zelo na prestação dos serviços públicos de saúde, que são totalmente gratuitos. Por fim, a SES-TO reitera que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense.

Prontuários são apreendidos no HGP durante operação

Fila de espera


O Hospital Geral de Palmas é a maior unidade de saúde pública do Tocantins, recebe pacientes de várias cidades. Eles costumam reclamar da demora na realização de procedimentos. Por causa da pandemia, as cirurgias eletivas ficaram suspensas e só foram retomadas em outubro de 2021.

Em dezembro do ano passado mais de 7 mil pessoas estavam na fila para realizar alguma cirurgia pelo SUS no Tocantins. Já em janeiro deste ano uma paciente que estava internada há 120 dias aguardando uma cirurgia ainda não sabia quando iria passar pelo procedimento.

Outro paciente morreu enquanto esperava por cirurgia eletiva no HGP. Antônio Carlos Carvalho de Lima tinha 57 anos e estava aguardando pelo procedimento há vários meses. Na época o filho do trabalhador lamentou a situação.

"Meu pai, quando chegou, ele estava em condições de realizar a cirurgia, embora o quadro fosse grave. Mas eles simplesmente negligenciaram, se negaram. O que aconteceu com muitos e que eu nunca imagine que aconteceria comigo aconteceu. E eu fico imaginando quantos serão os próximos", diz o filho, Rafael Santos Lima.

Operação da Polícia Civil e Gaeco investiga esquema de fura-fila no Hospital Geral de Palmas







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