quarta-feira, 2 de março de 2022

 

Mulher foi encontrada a 5,5 quilômetros de Hospital Samaritano com bolhas nos pés; boletim de ocorrência foi registrado por maus-tratos


Paciente ficou pés queimados e com bolhas

Uma família de Campinas denunciou um caso de negligência médica à Polícia Civil após uma paciente fugir da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Samaritano.

O caso ocorreu na última quarta-feira (23), às 10h, e o boletim de ocorrência foi registrado na polícia no sábado (26), às 12h45.

De acordo com familiares, a paciente, Claudia Cardoso, de 52 anos, saiu da unidade, na Vila João Jorge, onde estava sendo acompanhada pela equipe de neurologia, ainda com o acesso no braço.  

Ela andou pouco mais de cinco quilômetros, descalça e desorientada, e foi encontrada pela GM (Guarda Municipal) na Rua Carolina Florence, na região do Jardim Guanabara. Um pedestre percebeu que ela não estava bem e pediu ajuda à GM.

Ao ser encontrada, a paciente estava com bolhas nos pés, que também estavam queimados.   

A família questiona ainda como a mulher teve acesso às roupas dela estando na UTI e como passou por corredores e saiu pelo PS (Pronto-Socorro) sem ser impedida.  

HISTÓRICO MÉDICO

Segundo a família, no ano passado, Claudia teve um tumor detectado no cérebro. Ela passou por uma cirurgia craniana, de nove horas, mas ficou com a fala debilitada desde então. 

Na quarta-feira passada, a paciente teve uma convulsão e foi encaminhada para o hospital. A família alega que, desde que ela entrou na unidade, houve problemas de atendimento, de remédios que não fizeram efeito até a demora na realização de tomografia. 

Já na sexta-feira, por volta de 9h, a família recebeu a notícia de que Claudia não estava mais no hospital. Ela foi encontrada pela GM após uma pessoa perceber que ela estava desorientada e acionar a corporação. Uma vizinha da paciente, por coincidência, também estava no local e a ajudou à voltar para casa dos pais, no Jardim Santa Genebra, onde ela recebeu atendimento móvel. 

"Eles não explicavam porque não davam o remédio. Nem o motivo de terem deixado o remédio ligado na veia dela com problema, já que estava entupido. E nem porque não substituíam e não davam remédio para dor. Ela ficou com dores por mais de quatro horas. Isso é uma agressão", disse o marido Johnny Inselsperger. Ele contou ainda que no hospital a mulher teve mais duas convulsões e foi encaminhada para a UTI.

A tomagrafia apontou que não havia nada grave e o tratamento previa adaptação à medicação para evitar novas convulsões. Claudia passou a quinta-feira na UTI, mas na sexta-feira saiu sozinha do hospital. 

POLÍCIA

O caso foi registrado no 1º DP (Distrito Policial) de Campinas, na Avenida Andrade Neves, como maus-tratos. A pulseira de internação, o acesso do soro e a atadura foram deixados na delegacia como provas. A polícia requisitou ainda imagens do circuito de segurança do hospital.

Hospital Samaritano (Foto: Reprodução

OUTRO LADO

Sobre o caso, o Hospital Samaritano Campinas declarou por meio de nota que: "as acusações são equivocadas e que prestará os esclarecimentos as autoridades competentes".

"Todas as apurações internas foram instauradas. Maiores detalhes não poderão ser revelados, em razão da proteção de dados sensíveis e sigilosos de saúde dos envolvidos", completou o hospital na nota.






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