sábado, 5 de março de 2022

Vendedora que teve necrose após plástica passa pela 6ª cirurgia e diz que está confiante: 'Ansiosa pela notícia de que correu tudo bem'

 

Kelly Cristina está internada há quase 30 dias e passou por enxerto de tecido nos locais das cicatrizes. Se o procedimento tiver dado certo, ela diz que poderá receber alta nos próximos dias.


Kelly Cristina Gomes da Costa, de 29 anos, em Goiânia

A vendedora Kelly Cristina Gomes da Costa, de 29 anos, que está internada há quase um mês após ter parte da pela necrosada depois de fazer uma plástica, passou pela sexta cirurgia para melhorar a situação, em Goiânia. Nesta sexta-feira (4), ela fez um enxerto de tecido nos locais das cicatrizes. Segundo Kelly, se o procedimento tiver dado certo, ela poderá receber alta nos próximos dias.

“A cirurgia foi concluída com sucesso. Estou confiante e ansiosa pela notícia de que tudo correu bem”, disse.

g1 entrou em contato com o advogado que faz a defesa da médica Lorena Duarte Rosique, que fez a plástica em Kelly, por ligação e mensagens por volta das 14h40 desta sexta-feira, para saber o posicionamento da médica, mas não teve retorno até a última atualização.

No dia 17 de fevereiro, a médica foi proibida de atuar na área temporariamente pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego). Ao g1, o órgão informou, nesta sexta-feira, que a profissional segue impedida de trabalhar.

Anteriormente, a defesa de Lorena já havia esclarecido, em nota, que a paciente estava ciente do risco de necrose da pele em decorrência da cirurgia plástica e quis fazer o procedimento ainda assim.

Também de acordo com o comunicado, a médica orientou 20 sessões de câmara hiperbárica e outros tratamentos, que a paciente não fez como recomendado. Por fim, o texto diz que ela "se defenderá veementemente de pré-julgamentos, denúncias infundadas e de tentativas de macular sua honra" (leia íntegra ao fim da reportagem).

Vendedora Kelly Cristina Gomes da Costa teve queimaduras após cirurgia plástica em Goiânia, Goiás

Procedimentos e recuperação


Kelly está internada desde o dia 5 de fevereiro no Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Segundo ela, as cirurgias que fez desde que foi internada foram para retirar a pele que necrosou. Após o procedimento feito nesta sexta-feira, ela contou que ficará com um curativo até a próxima semana.

“Estou fraca, mas correu tudo bem. Vou ficar cinco dias de curativo fechado. Se o enxerto pegar, o médico me libera para continuar o tratamento em casa”, contou.

Antes da sexta cirurgia, Kelly estava com um curativo a vácuo na barriga e contou que estava fazendo sessões de fisioterapia diariamente.

"Agora é rezar para que o enxerto pegue, porque ainda pode ser que não pegue. Os médicos falam que é uma das etapas finais. Tudo depende do resultado dessa cirurgia", afirmou, antes da sexta cirurgia.

Kelly Cristina Gomes da Costa, de 29 anos, em Goiânia 

Operação e consequências


Kelly fez a plástica na barriga e nos seios no último dia 19 de janeiro. O procedimento era um sonho dela, mas que acabou virando um pesadelo com vários dias de muita dor.

"Eu mandava áudio para ela chorando: 'Doutora está queimando, estou com muita dor'. Ela aumentava os remédios, mas não adiantava", disse.

A vendedora contou que nunca perdeu o contato com a médica, que ela sempre a atendeu e que chegou a acompanhá-la em um pronto socorro às pressas, quando sentiu falta de ar.

Kelly contou que, no início de fevereiro, após sentir muita dor, foi ao Hugol, onde já ficou internada e passou por um procedimento cirúrgico de urgência. Segundo ela, os médicos ficaram assustados com a gravidade dos ferimentos.

Investigação policial


A mãe da Kelly denunciou a situação da filha à Polícia Civil. O registro foi feito como caso de lesão corporal culposa (sem que a médica tivesse intenção de causar mal à paciente). A vendedora e testemunhas foram ouvidas e relataram como foi a cirurgia e como foram os dias após o procedimento.

Até o último dia 21 de fevereiro, a polícia esperava a conclusão dos laudos da perícia para identificar melhor as causas das queimaduras e necrose na pele.

g1 tentou contato com o delegado responsável pelo caso, por ligação às 14h40 desta sexta-feira, para saber se a polícia tem alguma novidade sobre a investigação, mas as chamadas não foram atendidas. A assessoria da Polícia Civil disse que ainda não há nenhuma informação nova sobre o caso.

Médica Lorena Duarte Rosique é interditada pelo Cremego

Íntegra da nota da defesa da médica


"Com relação à reportagem sobre Kelly Cristina Gomes Costa, a defesa da médica Lorena Duarte Rosique esclarece o que se segue:

Já foram enviados documentos para a redação do respeitável veículo de imprensa entre os quais o Termo de Consentimento assinado por Kelly em que foi informado “que a lipoaspiração pode, mesmo com todos os cuidados, levar a sofrimento de pele (necrose) com formação de feridas, sejam focais (menores) ou mais extensas (...) de solução demorada e com formação de cicatrizes (...) não está descartada a colaboração eventual de outros profissionais para o adequado tratamento”.

Ainda que a paciente 'deverá fazer retornos (...) com zelo e atenção a todas orientações e cuidados do pós-operatório'.

No caso, a médica deu toda a assistência à paciente, e especificamente prescreveu medicações orais, tópicas e oxigenoterapia hiperbárica por 20 (vinte) dias seguidos, com toda orientação e auxílio para a realização do tratamento. Cumpre esclarecer que a oxigenoterapia hiperbárica consiste em terapia em que a paciente respira oxigênio puro com pressão maior, o que aumenta muito a quantidade de oxigênio transportado pelo sangue, combatendo infecções, compensando deficiência de oxigênio em entupimentos ou destruição de vasos sanguíneos, ativando células e ajudando na cicatrização.

Contudo, apesar de receitado e insistido, conforme documentado pelo consultório da médica, a paciente Kelly fez apenas 5 (cinco) sessões espaçadas, não se sabe o motivo, se por não poder ou não querer.

Tudo será esclarecido a seu tempo perante a Justiça e a médica se compadece com o drama pelo qual passa a paciente, ao mesmo tempo em que se defenderá veementemente de pré-julgamentos, denúncias infundadas e de tentativas, seja de quem for, de macular sua honra, dispendiosa e longa formação médica, zelo e competência profissional.

Marina Toth
Octavio Orzari
Advogados"





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