Irmã contou que José Ribeiro ficou em um saco plástico por 5 horas até que fosse descoberto que ele estava vivo. Delegado disse que a causa da morte foi hipotermia e que médico pode responder por homicídio.
Paciente José Ribeiro da Silva foi dado como morto, mas constatou-se que ele estava vivo, em Uruaçu
Aparecida Ribeiro da Silva, irmã do auxiliar de serviços gerais José Ribeiro da Silva, contou que o idoso morreu nesta quinta-feira (1º), em Rialma, no norte de Goiás. No início da semana, a mulher denunciou que o irmão tinha sido dado como morto, mas a família descobriu que ele estava vivo ao ser encaminhado para a funerária (leia mais abaixo). José tratava um câncer na língua.
Nesta sexta-feira (2), o delegado Peterson Amin informou que a Polícia Civil apurou que a causa da morte foi hipotermia, o que vai agravar a responsabilidade do médico que atestou a morte de José.
O delegado explicou que, depois que o idoso foi declarado morto, foi levado para uma câmara fria e colocado dentro de um saco para manter a temperatura baixa.
“A causa da morte sendo hipotermia aumenta a responsabilidade do médico, por isso a gente vai alterar a tipificação do inquérito, que antes estava como tentativa de homicídio, hoje, está como homicídio consumado, por dolo eventual”, explicou.
Ao g1, a defesa do médico Lucas Campos informou que vai se manifestar apenas perante os órgãos jurídicos institucionais.
O corpo de José Ribeiro foi enterrado em Rialma, no norte goiano. O delegado informou que, na próxima semana, a polícia vai ouvir o médico, a família de José e coletar os documentos necessários.
Afastamento
O médico Lucas Campos, que fez o atestado de óbito do paciente, foi afastado. O Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN) informou que uma sindicância foi instaurada para apurar o caso.
“O diretor técnico do HCN foi para Rialma, cidade do paciente que estava em tratamento paliativo oncológico no hospital, para prestar assistência e dar apoio ao mesmo e aos familiares”, diz a nota da unidade.
Levado para funerária vivo
A irmã de José, Aparecida Ribeiro da Silva, ficou revoltada com a situação.
“É inacreditável o que aconteceu. Meu irmão passou cinco horas em um saco plástico, gelado. Foi horrível, é inadmissível uma situação dessas”, contou.
Ela disse que recebeu a notícia da morte dele por volta das 20h. Ela foi ao hospital, onde um médico e uma assistente social a receberam. A família, então, fez os procedimentos para a liberação do corpo, sem saber que ele estava vivo.
José teve o corpo colocado dentro de um saco usado para remoção de pessoas mortas e levado pela funerária para Rialma, cidade natal da família, que fica a cerca de 100 km de distância de Uruaçu. Quando o saco foi aberto para que o homem fosse preparado para velório e enterro, funcionários perceberam que José estava vivo, com olhos abertos e respirando com dificuldade.
“O funcionário da funerária me ligou desesperado pedindo para que eu fosse lá, que meu irmão estava vivo”, disse a irmã.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e constatou que ele estava vivo. O idoso foi encaminhado para o Hospital de Rialma. Ele estava em estado gravíssimo e com instabilidade clínica. Ele recebeu o atendimento necessário e foi transferido em estado grave para uma UTI em Ceres na noite de quarta-feira (30).
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