Ao menos cinco casos já chegaram ao Conselho Municipal de Saúde este ano.
Conselho de saúde investiga cinco denúncias de maus atendimento em Hospital de Marabá |
O Conselho Municipal de Saúde em Marabá, no sudeste do Pará, já recebeu em janeiro deste ano ao menos cinco denúncias contra o Hospital Materno Infantil do município, apontando mau atendimento na unidade. As denúncia envolvem a situação de gestantes, puérperas e recém-nascidos na unidade.
Os casos são ac ompanhados também pelo Ministério Público do Pará (MPPA), pela 6ª Promotoria de Justiça. As promotorias criminais não descartam a possibilidade de crimes terem sido cometidos em atos de negligência médica.
Algumas medidas já foram tomadas, como investigar o Departamento Nacional de Auditoria do Serviço Único de Saúde (SUS), levantar informações sobre indicadores epidemiológicos relatos a óbitos e reunir com a Secretaria de Saúde de Marabá e dos municípios vizinhos, que são atendidos pela unidade.
A filha da lavradora Dalcirene Alves deu entrada no hospital no início do mês para dar à luz o segundo filho. Mas o nascimento da criança aconteceu somente cinco dias depois. A mãe, Andressa Alves, morreu após o parto.
"Fomos logo na UPA em Itupiranga, aí chegando lá o médico que atendeu ela falou que ia transferi-la para Marabá, porque não tinha condição dele fazer o parto dela. Foi na ambulância para Marabá, e ela já passando muito mal", relata.
Segundo Dalcirene, a criança já nasceu com aspecto roxa. "A minha filha chegou a me dizer: mamãe, meu menino estava para morrer".
Na certidão de óbito de Andressa, a causa da morte foi anormalidade uterina e obstrução no trabalho de parte. A família disse que vai entrar na Justiça. "Eu realmente como mãe acho que foi culpa do médico ter esperado muito", afirma.
A vendedora Jamila Carneiro viu o sonho de ser mãe se tornar um trauma, depois da morte do filho. O bebê nasceu no dia 5 de dezembro de 2022, foi transferido para o Hospital Regional e morreu dois dias após o nascimento. A declaração de óbito apontou choque cardiogênico, asfixia grave ao nascer e aspiração de mecônio.
"Me colocaram na sala de parto, o médico obstetra entrou, conversou comigo e a bolsa estourou. Ele mesmo estourou a minha bolsa".
Ela relata que o médico abriu com três dedos o colo do úteo dela, quando sentiu "uma dor insuportável". Depois disso, com a cabeça do bebê já para fora, ela teve que se levantar e andar até a sala de parto. "Falaram para eu andar com as pernas abertas".
"Só quero Justiça pelo meu filho, pelas outras mães também que já passaram pelo que eu passei, e no momento agora também está acontecendo outros casos. Isso não vai trazer nosso filho de volta, mas que haja Justiça e o hospital pague pelo o que está fazendo com a gente, que sofre muito".
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Diorgio Santos, afirma que entre as principais reclamações estão maus-tratos, superlotação, demora nos atendimentos. "Temos a postura de cobrar o executivo municipal, através da Secretaria Muncipal de Saúde, informações sobre os casos que chegam.
Santos informou que a maioria dos conselheiros deliberou pela solicitação de abertura de procedimento administrativo ou sindicância para apurar possíveis irregularidades.
O Hospital Materno Infantil realiza mais de 35 mil procedimentos por ano entre clínicos e cirúrgicos. A Secretaria de Saúde aponta uma alta demanda, também de outros municípios.
Monica Bochard, titular da secretaria, lamentou os fatos ocorridos. "Estivemos junto ao MP para nos ajudar. Em 2022 a gente teve mais de 2.500 partos normais e mais de 2.100 partos cesarianos, o que para um hospital como o nosso é um excedente".
"Por ser um hospital que atende toda a nossa região, então a nossa demanda é muito grande, principalmente em função dos nossos municípios nos mandarem pacientes sem regulação".
Nenhum comentário:
Postar um comentário