sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Prefeitura de Ribeirão Preto é condenada a indenizar família de jovem que recebeu 4 diagnósticos de saúde diferentes e morreu

 

Gabriela Zafra foi atendida em 3 unidades municipais de saúde e recebeu remédios para outras doenças, mas tinha meningococcemia. Caso aconteceu em maio de 2014.


Gabriela Zafra morreu após ser atendida cinco vezes em unidades de saúde de Ribeirão no mesmo dia 

A 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto (SP) condenou a prefeitura da cidade a indenizar a família da estudante Gabriela Zafra da Silva, morta em 2014 após receber quatro diagnósticos diferentes em três unidades de saúde do município. Ela teve meningococcemia, infecção generalizada causada pela mesma bactéria da meningite.

Segundo o juiz Reginaldo Siqueira, houve negligência médica. A indenização por dano moral é de R$ 100 mil com correção monetária e juros, além do reembolso das custas e despesas processuais e pagamentos de honorários ao advogado da família.

Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Preto informou que a Procuradoria Geral do Município vai cumprir todas as determinações judiciais do caso.

Os médicos que fizeram os atendimentos foram inocentados dessa condenação porque o juiz considerou não haver provas de que a conduta deles causou a morte da menina.

O caso


A estudante Gabriela Zafra, que à época tinha 16 anos, foi levada pela família às 8h30 do dia 15 de maio de 2014 à Unidade Básica Distrital de Saúde do Quintino II queixando-se de febre e dores de cabeça, mas aguardou por horas e não foi atendida.

Depois de desistir do primeiro atendimento, a família foi à Unidade Básica de Saúde Ribeirão Verde, onde recebeu a orientação para procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste.

A menina e os familiares chegaram ao local por volta de 13h30, aguardaram por mais três horas e foram atendidos. Na primeira consulta, a médica diagnosticou torcicolo e receitou medicamentos para dores musculares à Gabriela.

No mesmo dia, às 21h, a jovem voltou à UPA porque estava vomitando e o segundo médico a diagnosticou como virose e indisposição estomacal. A receita para a estudante foi de medicamentos para dor, enjoo e recomendação de hidratação.

Já em casa, Gabriela teve uma convulsão. Novamente ela foi levada à UPA, por volta das 0h20 do dia 16, e foi encaminhada para a sala de urgência, onde foi diagnosticada com meningite. Ela morreu duas horas depois.

“A perícia indireta concluiu que a falta de avaliação médica nas duas primeiras procuras ao serviço de saúde pela paciente, bem como a não solicitação de exames hematológicos na terceira oportunidade, e a não realização de exames e pesquisa diagnóstica pela não valorização dos sintomas e sinais de meningite no atendimento das 21h40, retardaram o diagnóstico de meningite e, por consequência, o início do procedimento terapêutico recomendado”, afirmou o magistrado na sentença.

Em 2015, um relatório da comissão sindicante da prefeitura, instaurada após a morte da estudante, indicou falta de zelo dos profissionais de saúde na elaboração dos prontuários médicos da jovem.

Relatório da Prefeitura de Ribeirão Preto apontou indícios de imprudência no atendimento à Gabriela







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