Servidora pública disse que foi internada três dias depois da lipo, já em parada cardíaca e entrou em coma. Médico responsável pela cirurgia nega que tenha existido falhas durante o procedimento.
Servidora Pública Indialma Antunes antes (esquerda) e depois da cirurgia que levou à amputação da perna (direita), em Goiânia, Goiás
A servidora pública Indialma Antunes de Oliveira, de 43 anos, denunciou à Polícia Civil que teve parte da perna e dedos da mão e do pé amputados causada por uma lipoaspiração feita nas costas e no abdome, que teria desencadeado uma infecção generalizada.
"Fiquei com marcas e cicatrizes pelo meu corpo inteiro, além de furos no bumbum. Hoje, não posso mais fazer coisas que eu gostava, como trilhas, atividades físicas, viajar de moto, até dirigir um carro, que agora só se for adaptado", desabafou Indialma.
Nesta terça-feira (10), Indialma prestou depoimento contra o médico à Polícia Civil para dar andamento na investigação por lesão corporal.
A advogada que defende o cirurgião plástico responsável pelo procedimento disse que não houve erro durante a cirurgia nem intercorrências. A amputação dos membros, segundo a defesa, se deu por causa de uma trombose que Indialma teve na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular onde ficou internada após a lipoaspiração (leia a nota na íntegra ao final).
O g1 tentou contatar o hospital por telefone na noite desta terça-feira (10) para um posicionamento, mas não obteve retorno.
O advogado Fabrício Póvoa, que defende Indialma no processo judicial e na investigação policial, explicou que a servidora também está com um processo em andamento na Justiça do Tocantis, onde pede reparação por danos morais.
O procedimento foi realizado em julho de 2021, em Goiânia, e mais de um ano depois, a servidora diz que não voltou a trabalhar por causa da recuperação e teve que reaprender a viver com as novas limitações.
Indialma Antunes teve parte da perna e dedos amputados por causa de infecções após lipo em Goiânia, Goiás
Cirurgia
A servidora pública é natural do Tocantins, mas decidiu fazer a lipoaspiração em Goiânia. Ela entrou no centro cirúrgico em 10 de julho de 2021. No dia seguinte, ela começou a passar mal e precisou de atendimento médico
Após ser atendida e medicada, Indialma voltou para casa de familiares, onde se recuperava do pós-operatório. No entanto, dois dias depois o quadro se agravou e ela contou que precisou voltar ao hospital.
Desta vez, ela disse que chegou ao hospital com infecções pelo corpo e teve uma parada cardíaca. Foi transferida direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde entrou em coma. No hospital, ela ficou cerca de 40 dias internada.
"Quando acordei do coma, só movimentava a cabeça e estava com três amputações e sem saber quando voltaria a ter movimentos e se voltaria, pois os médicos me diziam que não poderiam me dar essa certeza", relatou Indialma.
Indialma Antunes antes e depois de lipoaspiração que teria causado amputação de perna em Goiânia, Goiás
Logo após deixar o hospital e voltar para casa, a servidora precisou se recuperar das cicatrizações das amputações para começar o processo de protetização da perna e poder reaprender a andar. Hoje, Indialma usa uma prótese na perna que foi amputada.
"Devido a isso tudo, entrei em um processo de revolta e depressão muito grande. Não tinha condições alguma de pensar em processo judicial ou policial naquele momento", detalhou.
Nota de defesa do médico
Em relação a informação sobre a cirurgia de lipoaspiração, informamos que a cirurgia foi bem sucedida, não ocorrendo nenhuma intercorrência durante o ato cirúrgico pela cirurgia plástica. Os exames pré operatório da paciente foram solicitados e estavam normais!
A paciente recebeu alta hospitalar e no dia seguinte, queixou de dor no peito, em casa, sendo encaminhada pelo cirurgião, e então atendida em hospital de referência de Goiânia onde não foi detectado nenhum alteração grave recebendo alta para casa no mesmo atendimento.
Mesmo com a orientação do Hospital de referência em Goiânia, com o acompanhamento clínico da equipe e do Cirurgiao Plástico, orientou-se a reinternação para melhor investigação clínica do quadro.
Paciente foi atendida por médico intensivista que iniciou os cuidados no hospital para prosseguir com toda investigação clínica, acompanhada do Cirurgião plástico.
Durante a evolução da paciente na UTI, paciente evoluiu com trombose arterial, relacionada a procedimento relacionado a passagem de cateter no membro inferior, que evoluiu com complicações que levaram a amputação do membro inferior, fato este não relacionado a cirurgia e sim ao procedimento específico realizado na passagem do cateter pela equipe da UTI.
O quadro de trombose arterial e de infecção relatados foram desenvolvidos durante a internação na unidade de cuidados intensivos e não tem relação com a cirurgia de lipoaspiração.
As intercorrências médicas ocorridas com a paciente são inerentes ao exercícios da profissão, não é sinônimo de “ erro médico” e sim de consequência inevitável da evolução clinica, mesmo com a adoção de todos os protocolos adotados e acompanhamento integral do cirurgião.
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