domingo, 29 de janeiro de 2023

Nova vítima acusa de negligência o hospital onde mulher teve mão amputada: 'Órgãos necrosaram'

 

Carina de França diz que teve o útero removido após uma infecção. Equipe só cuidou após mãe da mulher ameaçar chamar a polícia.


Mulher teve útero necrosado e acusa hospital de erro médico


A supervisora de franquia Carina de França acusa de negligência o Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá - o mesmo lugar onde Gleice Kelly Silva teve a mão amputada. Carina perdeu o sistema reprodutor depois do parto da filha, por causa de uma infecção malcuidada, que ela acredita que poderia ter sido evitada.

“Eu estou viva, a minha filha está viva, mas não é o suficiente. Eu sou muito grata pela minha filha, mas não precisava isso”, diz ela sobre o parto que aconteceu há três anos.

Carina conta que durante a gravidez, ela descobriu que tinha um tumor benigno na base da coluna. Ela disse que seu caso era de alto risco, mas que recebeu como garantia que poderia ser tratada no Intermédica de Jacarepaguá.

No dia do parto, no dia 21 de dezembro de 2019, o procedimento foi feito pela equipe de plantão. A bebê nasceu bem, mas Carina teve uma hemorragia, que precisou de uma cirurgia que levou três horas.

“A médica que me operou falou que meu parto foi difícil, que eu sangrei muito, mas que estava tudo bem. Ela não voltou ao quarto. Eu relatei muitas dores, não conseguia me mexer, e eles diziam que eu era sensível a dor. Não levantei mais da cama, não amamentei mais a minha filha”, lembra.

Infecção e necrose


Dois dias depois, a mãe de Carina foi alertada por uma enfermeira sobre uma possível infecção. Ela começou a exigir que se fizessem exames na filha e ameaçou chamar a polícia.

Fizeram uma ultrassonografia e decidiram transferi-la para um CTI da Unidade da Rede Notredame da Tijuca.

No local, a orientação era operar imediatamente porque o útero estava necrosado e havia risco de morte. Carina retirou o útero, trompas e ovário

Carina diz que reconheceu a médica que fez o parto dela como a mesma acusada de negligência em outro caso envolvendo a rede Notredame, no que Cássia Maria da Silva denunciou a morte da filha e o neto após complicações pós-parto.

Depoimento contraditório


O RJ2 teve acesso ao depoimento prestado essa semana pela diretora do Hospital Intermédica Jacarepaguá, a pediatra Lilian Elizabeth Pires de Almeida.

Ela falou na condição de testemunha sobre o caso da Gleice Kelly, que teve a mão amputada depois do parto, e tornou pública a situação que chamou a atenção de outras pacientes que registraram uma série de ocorrências contra o hospital e a rede Notredame.

A diretora disse que abriu uma apuração interna, que logo após o parto, em que Gleice teve uma hemorragia grave no útero, ela passou por várias transfusões. Gleice recebeu acesso para receber sangue, medicações e soro.

Segundo a diretora, em relação à mão inchada e roxa, a equipe já tinha notado, mas a prioridade era salvar a vida de Gleice, controlando a hemorragia, que não soube dizer quais medidas foram adotadas em relação à mão da paciente.

Contou ainda que não havia indicação para um parto com , pois Gleice tinha apenas diabetes gestacional controlada.

Um teor diferente da nota divulgada pelo hospital na semana passada, que afirmava que a paciente tinha histórico de múltiplas gestações, inclusive com algumas complicações, o que aumenta risco de hemorragia pós-parto, além de diabete gestacional.

No depoimento, não é mencionado o resultado da apuração interna que a própria diretora da unidade diz ter aberto ainda durante o atendimento a Gleice, para apurar as causas da hemorragia e depois da amputação.

“É sempre por conta de uma hemorragia? Alguém perde um filho, um útero, uma mão? Sempre alguém tem que perder”, questiona Carina.

A Delegacia do Tanque informou que subiu para dez, o número de registros denunciando possíveis erros médicos no Hospital Intermédica Jacarepaguá, e que os casos estão em diferentes etapas de apuração.

O Hospital da Mulher negou que haja contradições entre o depoimento prestado pela diretora e a nota divulgada nesta semana e reitera que está atuando com rigor para levantar todas as informações pertinentes aos casos.

Até o presente momento não há falhas apuradas na prestação dos serviços médico-hospitalares. Declara também que liderança médica regional já foi afastada e instaurada uma sindicância na unidade para apurar todos os casos e cooperar com as autoridades com quaisquer informações ou documentos. Embora declare que provará a regularidade dos serviços médicos nos órgãos de controle, informa que seguirá no trabalho de atender e a acolher a todas as pacientes.





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