domingo, 22 de janeiro de 2023

Pais afirmam negligência médica em morte de recém-nascido três dias após parto: 'Estouraram a cabeça do meu filho'

 

Casal de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, acredita que o bebê sofreu traumatismo craniano com 'parto normal induzido'.


Pais afirmam que bebê foi ferido durante o parto em Guarulhos

Os pais de um bebê morto com três dias de vida no Hospital e Maternidade Jesus, José e Maria, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, afirmam que houve erro médico no parto.

O caso ocorreu em 4 de janeiro, quando Bruna Damasceno, de 36 anos, foi ao hospital sem dores e pressão alta. Segundo o relato deles, a equipe médica queria induzir o parto normal de Léo Gabriel. A gestante estava 39 semanas de gravidez.

“Léo estava maravilhosamente bem. Ficamos apreensivos e ao mesmo tempo felizes com a chegada do nosso Léo. Mal sabíamos que ali iria começar o terror em nossas vidas”, disse.

Às 14h, segundo ela, a equipe fez o uso de um balão intracervical, que é colocado no canal do colo do útero para dilatá-lo.

“Uma dor insuportável, mas só queria ver meu Léo logo. Voltei para o pré-parto, colocaram também o soro na minha veia, que piorou muito mais. As dores só aumentavam mais ainda.”

Por volta das 19h, o pai, Mateus Gabriel, foi ao leito para acompanhar o parto do bebê. A mãe detalha que estava com oito dedos de dilatação, mas o bebê ainda não nascia.

3 horas depois, a bolsa da gestante estourou e os médicos foram avisados pelo casal.

“Nada foi feito. Pedimos para que ela [médica] fizesse cesárea, pois o Léo não descia e eu já não tinha forças. Cheguei a desmaiar por duas vezes de tanta dor e nada. Quando foi 2h da madrugada (dia 5) resolveram me levar para a sala de parto. Chegando lá, tentaram o parto normal e fórceps”, lembra.

Ainda segundo ela, foi aplicada anestesia local ainda na tentativa de parto normal. No entanto, o procedimento foi mudado para a cesariana.

“Já 3h40 da manhã do dia 5 aplicaram a tal da rack (raquianestesia) em minhas costas. Ainda continuaram pedindo para eu fazer forças para o meu Léo sair e nada.”

Dente perdido


A paciente precisou ser intubada e teve um dente arrancando pelo aparelho, segundo o marido, que acompanhou toda a situação. O nascimento da criança foi registrado às 4h20.

Ao g1, o pai lembra que a equipe o informou que Léo estava com problema de respiração, mas ele acredita que o menino sofreu ferimentos graves internos no crânio. Um vídeo gravado mostra como estava moleira, o espaço que há entre os ossos no alto da cabeça da criança.

“Estava acompanhando o parto e foi tenso. A gente pedia para fazer a cesárea e nos diziam que era protocolo. Eles estouraram a cabeça do meu filho”, lamenta.

Criança chegou a ficar internada

O recém-nascido ficou três dias internado e não resistiu. Cerca de duas semanas depois, os pais foram chamados para irem ao hospital e foram recebidos por uma representante da ouvidoria e um advogado, segundo Matheus. Nada foi resolvido ou informado.

No documento, a causa da morte do bebê ficou como choque cardiogênico e anoxia neonatal grave, quando há falta oxigênio no cérebro.

O casal afirma que tentou registrar o caso na delegacia, mas que ainda irá fazer um boletim de ocorrência on-line.

“Minha mulher está com pontos ‘em tudo’ e foi tão grave que para tirar alguns no posto ela até chorou”.

O casal tem mais uma menina de 5 anos filha dos dois, um garoto de 14 de outro casamento de Bruna e uma menina, de 15 anos, do primeiro casamento de Matheus.

Até a última atualização da reportagem não houve resposta do hospital. A Secretaria de Saúde do Munícipio disse que a Prefeitura de Guarulhos não é responsável pela administração da maternidade.




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