segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

“Minha filha era perfeita e morreu na barriga por negligência”

A pequena Maytê Liz tinha manchas roxas na pele que já apresentava descamação

Chá de bebê de Maytê Liz nos feito nos últimos meses de gestação

O sonho da dona de casa Marcielly da Silva Arruda, de 25 anos, de ser mãe de um casal de filhos foi, novamente, adiado depois que ela perdeu a filha ao dar à luz. A pequena Maytê Liz já estava morta havia pelo menos 24 horas antes do parto, e a família denunciou o caso como negligência médica.

“É muito sofrimento. Choro 24 horas por dia. Ela foi muito desejada, era meu sonho ser mãe de um casal e ela era a minha maior realização na vida”, disse Marcielly, que já é mãe de um menino de 6 anos e em 2018 perdeu uma gestação aos 7 meses.

A profissional que realizou a cirurgia dela, uma cesariana feita às pressas, disse à família que a menina sofria de uma cardiopatia congênita, anomalia na estrutura ou função do coração.

É muito sofrimento, eu choro 24 horas por dia. Ela foi muito desejada, era meu sonho ser mãe de um casal e ela era a minha maior realização na vida


A versão, no entanto, é rebatida pela mãe, que diz que a médica não estava em condições de atendê-la da última vez que foi ao Hospital e Maternidade São João Batista, apresentando perda de líquido.

A consulta foi realizada na sexta-feira (20) passada, depois de a profissional realizar uma longa cirurgia na noite anterior. Marcielly foi mandada para casa com o marido, Fabio Taques, e a cirurgia marcada para a segunda-feira (23).

“Ela estava cansada, dava pra ver, ela quase dormia em cima da minha barriga porque tinha passado a noite anterior em uma cirurgia”, disse.

“Foi negligência, ela não estava em condições de me atender e minha filha tinha que ter nascido na sexta”.

O laudo preliminar da Politec (Perícia Oficial de Identificação Técnica) apontou que a Maitê Liz morreu no dia seguinte à consulta, no sábado (21). “Minha filha morreu dentro de mim”.

De acordo com Marcielly, a médica lhe disse que seu útero “estava fechado” e o que ela pensava ser o líquido amniótico, na verdade, não seria “nada”

A última consulta de pré-natal dela foi nessa mesma semana, na quarta-feira (18). O médico que acompanhou a gestação garantiu que menina estava “perfeita” e com saúde, e que viria ao mundo nos próximos dias.

“O médico que acompanhou a minha gestação deu o prazo de 72h para ela nascer. Ele falava que minha filha era perfeita, que era só nascer”.

Caso Maytê Liz

Marcielly nos últimos meses de gestação com enxoval

 

O profissional não realizou o parto, pois saiu de férias naquela semana.

 

Pele roxa e descascado

 

Nas horas que se passaram após ser mandada para casa, na sexta (20), Marcielly sentiu a sua barriga endurecer, mas confiou na orientação da profissional e pensou que estivesse tudo bem.  

 

Como o combinado, ela e o marido chegaram ao hospital por volta das 6h, mas os enfermeiros só foram examiná-la por volta das 11h.

 

Desde esse momento teria tido início uma correria, pois os enfermeiros não sentiam mais o coração de Maytê. A médica que havia consultado a mãe na última sexta e faria o parto foi chamada. Ela também não teria conseguido ouvir as batidas.

 

Marcielly foi levada as pressas para a sala de cirurgia e o marido impedido de entrar com ela, mesmo a legislação garantindo o direito de um acompanhante.


“Acho que ela não quis que meu marido entrasse porque já sabia que a minha filha já estava morta na minha barriga, e não queria que ele visse”.

 

Após horas de espera o pai e uma familiar foram informados da morte e da suposta anomalia que a teria causado. O laudo oficial da Politec ainda não foi concluído e apontará a causa real da morte.

 

“Quando tiraram ela a pele dela estava descascando, ela estava toda machucada toda roxa. No rostinho dela a pele tava descolando da carne”.

 

#JustiçaPelaMaytê e a dor da perda

 

Muito desejada e aguardada, a pequena Maytê deixa saudade e a sua morte um desejo de justiça de sabor amargo.

 

“Eu quero justiça! Não quero que nenhuma mãe passe pela dor que eu estou passando. Que ela perca a licença”.

 

“O meu peito está cheio de leite, está duro. Sabe o que é seu peito encher de leite e você não poder amamentar sua filha? Ver outras mães saindo do hospital carregando seus filhos e você não ter essa oportunidade?”.

 

O caso gerou comoção nas redes e familiares e amigos subiram a hashtag #JustiçaPelaMaytê.

 

“Tenho recebido muito apoio, mensagens de outras mães dizendo ‘eu estou com você, já senti essa dor’”.

 

No mesmo dia em que tudo aconteceu, Fabio registrou um boletim de ocorrência para registrar o caso, que agora passa a ser investigado pela Polícia Civil.

 

Veja:

 



Midia News

 



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