sexta-feira, 31 de março de 2023

CRM deve indenizar mulher abusada sexualmente por médico

 Devido à negligência no acompanhamento profissional, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a responsabilização solidária de um Conselho Regional de Medicina (CRM) pelo pagamento de indenização a uma mulher que sofreu abuso sexual de um médico na adolescência.

Ministro Francisco Falcão, relator do caso no STJLucas Pricken

O crime ocorreu durante uma consulta motivada por dor de garganta. Após o abuso, a vítima iniciou tratamento psicológico para lidar com os traumas.

Em primeira instância, o CRM e o município para o qual o médico trabalhava foram condenados a pagar, solidariamente, R$ 120 mil pelos danos morais, além de indenização por danos materiais em valor a ser

Em segunda instância, o tribunal observou que o médico "padecia de moléstias psíquicas gravíssimas" desde a juventude e afirmou que ele "não poderia jamais exercer a medicina". Havia suspeitas de comportamento indevido anteriores ao caso da adolescente e ele chegou a ser expulso de duas residências médicas.

O tribunal manteve a condenação de ambos os réus, mas alterou a divisão proporcional da responsabilidade pela indenização: dois terços para o município e um terço para o CRM. Na visão do colegiado, a prefeitura estava mais próxima dos fatos e da conduta do médico transgressor.

Em recurso especial, o CRM alegou que não tem a atribuição de exigir atestado de sanidade física e mental para o exercício da medicina. Eventuais providências do conselho dependem de alguma denúncia por violação ao Código de Ética Médica, o que não ocorreu no caso.

"Um conselho profissional, entre outros interesses, busca a prevalência de profissionais registrados com condutas éticas, apurando desvios e acompanhando aqueles (inclusive com assistência e orientação) que já se mostram tendentes a possíveis excessos comportamentais", apontou o ministro Francisco Falcão, relator do processo no STJ.

Além disso, o CRM não apresentou certidão negativa ou outro documento que comprovasse a ausência de registros de reclamações ou denúncias contra o médico, nem mesmo informações sobre alguma atuação fiscalizatória.

Segundo o relator, para alterar o entendimento das instâncias ordinárias, seria preciso reexaminar as provas, o que não é possível em recurso especial, conforme a Súmula 7 da corte.

O magistrado também considerou que o valor da indenização era proporcional ao abalo sofrido. Com informações da assessoria de imprensa do STJ.


Conjur



quinta-feira, 30 de março de 2023

Como instituições de saúde devem agir diante de erros cometidos?

 Por Thaís Maia e Luciana Munhoz

Thaís Maia

Um caso envolvendo suposto erro em parto de uma mulher chocou o país há alguns dias. Uma mulher foi internada em um hospital particular no Rio de Janeiro para dar à luz ao seu filho, mas voltou para casa com a mão e punho esquerdos amputados, sem entender o que aconteceu. A jovem de 24 anos teve uma complicação no pós-parto, o que resultou na amputação. Além da dor que a paciente carrega, a família alega que sofreu um grande descaso, pois o hospital não informou o que realmente ocorreu.

Sabemos que complicações diversas podem acontecer quando falamos de qualquer procedimento cirúrgico, tendo em vista riscos inerentes que possuem. Mas é indispensável que as instituições de saúde tenham um programa de Segurança do Paciente e, ainda, um programa de Disclosure, uma espécie de guia ou de diretrizes de como comunicar erros e eventos adversos a pacientes e familiares.

Medidas de cuidado devem ser adotadas para que todos os imprevistos ou situações indesejadas sejam evitadas ao máximo. Todos os exames pré-operatórios devem ter sido solicitados pelos médicos, assim como conversas claras sobre os procedimentos, além de contratos precisos, que devem ser entregues ao paciente sobre as suas condições e possibilidades. As instituições de saúde lidam com vidas e todo cuidado é pouco.

Luciana Munhoz

Vale ressaltar também que a Medicina é uma profissão de meio, ou seja, não se pode prometer um resultado. Portanto, é importante observar se o elemento de culpa, ou seja, negligência, imprudência ou imperícia, de fato existiu.

Sem dúvida alguma, para minimizar riscos e evitar infortúnios, a instituição de saúde deve ter um programa específico para tratar da Segurança do Paciente, políticas que apontem para um cuidado centrado no paciente. Uma medida importante é o hospital aderir ao Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), ou até mesmo recorrer a programas internacionais que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) apoia para amenizar eventos adversos na saúde.

Outra iniciativa de suma importância para as instituições hospitalares é a adoção de programa de Compliance, que pode trazer relevantes mecanismos, além de treinamentos e reciclagem para os profissionais que trabalham nas instituições, tendo como objetivo a adequação às normas aplicáveis e definição dos valores institucionais. Além disso, programas de Compliance nas empresas de saúde determinam um conjunto de importantes regras que devem ser aplicadas para que, então, seja iniciada uma série de mudanças significativas e preventivas para que a instituição de saúde tenha um grande índice de qualidade. Com isso, os riscos nas empresas de saúde passam a ser reconhecidos e, consequentemente, trabalhados.

Diante de tal ocorrido que citamos no início do texto, sem sombra de dúvidas, é indispensável que a paciente tenha um acompanhamento completo de reabilitação, onde o hospital aponte quais são as melhores maneiras para auxiliá-la, buscando trazer o máximo de conforto para minimizar o ocorrido e, também, para evitar que os processos se tornem ainda mais sérios.

Além disso, vale dizer que a comunicação de todas as informações ao paciente e sua família constitui um dos deveres fundamentais de todo profissional que atua na área da saúde. Por isso é de extrema importância que o hospital desenvolva uma política de Disclosure. Isso porque qualquer fato adverso poderá impactar negativamente na vida do paciente. A forma que se comunica esse erro pode fazer a diferença para os próximos passos do tratamento e para as relações entre o paciente e a instituição de saúde.

No caso em questão, é preciso explorar se houve um erro na transmissão da informação para o médico que atuou no atendimento, se houve algum tipo de negligência do profissional ou da instituição por não acompanhar a paciente perante a sua necessidade, além de outros fatores que podem ter influenciado. Somente meses depois do ocorrido que a paciente veio a receber algum tipo de acolhimento porque o caso foi divulgado na mídia. É imprescindível que o hospital tenha as respostas para o que ocorre dentro da instituição.

Certamente, a forma como se lida com um erro na saúde faz toda a diferença na vida do paciente e da instituição hospitalar. É urgente uma mudança de cultura, onde a Segurança do Paciente seja priorizada com a utilização de programas e protocolos adequados, contemplando o cuidado centrado no paciente.



Medicina S/A




Por erro de equipe, bebê sofre queimaduras em incubadora de hospital

 Caso ocorreu no HU de Dourados e recém-nascido teve de ser transferido para a Capital 


Bebê que sofreu queimaduras ao ser colocado na incubadora do HU de Dourados

Supostamente por erro da equipe de enfermagem, gêmeo recém-nascido sofreu queimaduras graves ao ser colocado na incubadora da maternidade do HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados). O caso ocorreu no dia 19 deste mês na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, localizada a 251 km de Campo Grande.


Depois de passar quase uma semana internado no próprio Hospital Universitário, o bebê foi transferido sábado (25) para a ala de queimados da Santa Casa da Capital, onde permanece acompanhado pela mãe. O outro gêmeo, com problemas respiratórios, continua internado em Dourados.


Na segunda-feira (27), o erro da equipe que colocou em risco a vida do bebê foi denunciado pelo pai, Sidnei Ferreira, à ouvidora da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), responsável pela administração do HU-UFGD.


A advogada Rosa Medeiros Bezerra, que representa a família, disse que os pais do bebê vão procurar a Polícia Federal para fazer representação criminal contra o hospital.


Na denúncia à ouvidoria, Sidnei Ferreira conta que sua esposa, grávida de gêmeos, deu entrada na maternidade HU-UFGD no dia 19. O primeiro bebê nasceu de parto normal, mas foi preciso procedimento de cesárea retirar o segundo bebê.


“Subimos no elevador com o primeiro bebê nos braços e ele estava perfeitinho. Acompanhei o parto do segundo bebê e ocorreu tudo bem. Algum tempo depois, o médico veio e me disse que o primeiro bebê teve um ‘queimadinho’, ia passar um remédio e iria ficar tudo bem”, afirma o pai dos gêmeos.


“Pensei que era algo simples, mas quando fui ver, ele estava todo queimado. Questionei o médico e ele explicou que houve um erro da equipe da maternidade e colocaram o bebê na incubadora que estava muito quente e acabou queimando o bebê”, relata Sidnei na denúncia à ouvidoria da Ebserh.


Segundo ele, a mãe dos gêmeos seguiu para Campo Grande sem receber medicação por conta da cirurgia e abalada, com medo do que poderia acontecer com o outro bebê que permaneceu em Dourados. “Hoje, estou me desdobrando pra acompanhar o meu filho aqui, cuidar dos outros filhos que estão em casa e ainda tenho que acalmar minha esposa que está em Campo Grande, sem conhecer ninguém”.


HU pede desculpas – Em nota encaminhada pela assessoria de comunicação, o HU-UFGD informou que o recém-nascido estava com temperatura corporal baixa e necessitava de cuidados para recuperação de sua temperatura corporal.


“Durante o procedimento, o recém-nascido sofreu queimaduras. O hospital realizou os primeiros atendimentos intensivos, informou os familiares e procedeu com a transferência para a Santa Casa de Campo Grande, centro especializado em cuidados de queimados. O HU-UFGD/Ebserh está apurando rigorosamente as razões que ocasionaram esse evento adverso”, afirma.


A unidade hospitalar afirma “lamentar profundamente” o ocorrido e publicamente pediu desculpas aos familiares. Ressaltou ainda a consternação da equipe, “vocacionada ao atendimento materno-infantil”, com o momento que a família está vivenciando. “A equipe multiprofissional da unidade hospitalar está à disposição da família para qualquer tipo de cuidado em saúde que for necessário”.


*Matéria alterada às 15h58 para acréscimo da nota do HU.



Campo Grande News



quarta-feira, 29 de março de 2023

Anestesista preso por estupro de paciente durante parto tem registro cassado pelo Cremerj

 

Giovanni Quintella Bezerra foi preso após um estupro durante um parto em um hospital em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Com decisão, ele está proibido de exercer a medicina no Brasil.


Giovanni Quintella Bezerra 

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) cassou de forma definitiva o registro de Giovanni Quintella Bezerra. O anestesista foi preso após um estupro durante um parto em um hospital em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

A sentença foi determinada, por unanimidade, durante plenária de julgamento, que aconteceu na tarde desta terça-feira (28). Giovanni foi indiciado por estupro de vulnerável e é réu pelo crime.

Com esta decisão, o anestesista fica totalmente impedido de exercer a medicina no Brasil.


terça-feira, 28 de março de 2023

Pediatra preso por dopar e estuprar companheira cometeu agressões e humilhações, diz denúncia do MPRJ

 

Em um dos casos de estupro citados na denúncia, enquanto a mulher chorava e tentava gritar por ajuda, o médico ria e continuava a violentá-la. MPRJ ainda cita manipulação emocional.



O médico Raphael Derossi Ribeiro da Silva foi preso

O pediatra Raphael Derossi Ribeiro da Silva, de 44 anos, preso por ter estuprado sua ex-companheira após dopá-la com ansiolíticos no sábado (25), cometeu abusos contra a vítima entre 2018 e 2020, de acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que o levou a prisão. Há ainda relatos de agressões físicas e humilhações.

O médico passou por audiência de custódia nesse domingo (26). A juíza Priscilla Macuco Ferreira manteve a prisão e indeferiu o pedido de liberdade feito pela defesa do médico.

O documento destaca que a mulher citou que foi emocionalmente manipulada por ele, que a obrigou a sair do trabalho, se afastar de família e amigos e cancelar redes sociais. O documento do MPRJ ressalta que, ao longo dos dois anos de relacionamento, o processo envolvia uma simulação de cuidados.

Raphael foi preso no sábado (25) por agentes da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, por estuprar e agredir a namorada após dopá-la com ansiolíticos. Ele estava em casa, no Recreio dos Bandeirantes.

Raphael Derossi foi preso pela Polícia Civil após denúncia do MP e pedido de prisão preventiva 

Ele foi denunciado pelo MPRJ por estupro, estupro de vulnerável, lesão corporal e violência psicológica.

A denúncia é assinada pela promotora Isabela Jourdan, da 1ª PIP de Violência Doméstica da área Oeste/Jacarepaguá do Núcleo Rio de Janeiro / Barra da Tijuca.

Em um dos casos de estupro citados na denúncia, enquanto a mulher chorava e tentava gritar por ajuda, o médico ria e continuava a violentá-la.

Durante esse período, a vítima teve o celular quebrado pelo médico e foi agredida diversas vezes.

Raphael ainda exigia o compartilhamento de localização no celular, além de xingar e humilhar a companheira com frequência.

O médico já tinha anotações criminais por crimes semelhantes contra outras cinco mulheres. Os relatos são também envolvem violência sexual e tentativas de dopá-las.

Agressões


O médico Raphael Derossi Ribeiro da Silva

Em um dos casos citados de estupro na denúncia, a vítima relata agressões em uma viagem a Punta Cana, na República Dominicana. Ela e Raphael tinham dormido sem se falar após uma discussão motivada por ciúmes do pediatra.

De repente, a mulher foi acordada pelo médico penetrando-a sem o consentimento dela. Quando a vítima tentou reagir, foi agredida com socos na cabeça e no rosto, que provocaram cortes em sua orelha.

"Cumpre salientar que enquanto a vítima sangrava, chorava e tentava gritar por ajuda, o denunciado, de maneira perversa, ria do ocorrido e continuava a prática da violência sexual", diz a denúncia.

Em 2020, depois de ter cometido mais um estupro, Raphael desferiu um soco na vítima, que ficou desacordada. A mulher só acordou quando foi colocada debaixo do chuveiro, quando ainda levou um chute do então companheiro.

Estupro


Em outro caso, a denúncia afirma que, em 2018, durante uma viagem à Grécia, Raphael orientou a vítima a ingerir um ansiolítico em dosagem excessiva, após uma briga em que ela teve o celular quebrado pelo médico.

Alegando que ela precisava se acalmar, ele orientou a mulher a tomar o remédio. Com a perda de consciência dela, o pediatra a estuprou. A vítima, posteriormente, apresentou sangramento na região íntima.

Violência Psicológica


Segundo a denúncia, a vítima foi humilhada, constrangida e ridicularizada diversas vezes por Raphael. Por causa disso, desenvolveu um comportamento depressivo, com crises de choro e ansiedade. Ela procurou ajuda de um psicólogo para tratar dos problemas.

A vítima também foi xingada várias vezes de nomes como "piranha" e "vagabunda", e ouvia frases como "você tem que lamber o chão que eu piso”, e “tem que me compensar pelo que faço por você".

O que dizem os envolvidos


De acordo com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), atualmente, Raphael trabalha na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio. Além disso, ele é diretor de serviços de saúde do Grupo Cemeru Saúde.

A defesa do médico ainda não foi encontrada pelo g1.

A Prefeitura de Itaguaí informou que "se solidariza com a vítima e esclarece que o médico não faz parte do quadro de funcionários do município. (Ele) É contratado da OS que administra a UPA", diz a nota. O município informou ainda que "a Secretaria Municipal de Saúde, entretanto, solicitou o desligamento do profissional".

O Grupo Cemeru, ao tomar conhecimento dos fatos, fez o afastamento do médico de suas funções até que toda a situação seja esclarecida pela autoridade competente.

O Cremerj informou que "apura os fatos" após tomar conhecimento do caso pela imprensa.






segunda-feira, 27 de março de 2023

Médico com diploma falso e salário de R$ 42 mil ostentava luxo e armas nas redes sociais

 

Thiago Celso Andrade Reges foi preso após reitoria da Universidade Estadual do Ceará (Uece) descobrir que ele falsificou diploma de universidade boliviana.


Falso médico preso no Ceará exibia armas de fogo e vida luxo nas redes sociais

O falso médico Thiago Celso Andrade Reges, 36 anos, preso em Fortaleza por exercer de forma ilegal medicina, levava uma vida de luxo exibida em redes sociais. Ele gostava de expor viagens, carrões e jatinhos particulares nos perfis, além de exibir armas.

Documentos aos quais o g1 teve acesso mostram que o falso médico trabalhou em pelo menos quatro hospitais do Ceará. Em apenas um deles, na cidade de Itapajé, ele tinha remuneração mensal de R$ 42 mil.

Com certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), ele adquiriu armas de fogo, capturadas em operações policiais. Conforme a denúncia contra Thiago Celso, ele também usou parte do dinheiro obtido com o exercício ilegal da medicina para investir a cavalos de alto valor.

Falso médico usou dinheiro obtido com exercício ilegal da medicina para adquirir animais de alto valor, aponta denúncia

'Inapto' para função de diretor


Uma servidora de Itapajé, que prefere não se identificar, informou ao g1 que Thiago era conhecido na cidade e buscava fazer plantões para aumentar a remuneração. Quando houve vacância no cargo de diretor de uma unidade de saúde do município, ele se candidatou à vaga, mas foi reprovado por "ser considerado inapto para a função".

A captura de Thiago ocorreu em 17 de março, no Bairro Cocó, em um prédio da área nobre da capital cearense. Além do exercício ilegal da medicina, ele é investigado por estelionato e falsidade ideológica e de documentos, pois tentou validar um falso diploma.

O caso corre em segredo de Justiça. Além disso, o homem responde por tráfico internacional de mulheres, no Acre.

Ordem judicial e prisão


Falso médico que atuava no Ceará levava vida de ostentação nas redes sociais

Em 2020, por meio de uma decisão judicial, o falso médico conseguiu que a reitoria da Universidade Estadual do Ceará (Uece) aprovasse a revalidação nacional do diploma de médico supostamente obtido da Universidad Privada Abierta Latinoamericana, na Bolívia.

Na ocasião, ele chegou a ser registrado no Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec). Posteriormente, foi descoberto que o diploma era falso e que o homem não havia concluído o curso.

Durante as investigações, conduzidas pelo 5º Distrito Policial do Ceará, foi verificado que o Cremec já havia recolhido a carteira do órgão, que havia sido obtida de forma fraudulenta e instaurado procedimento administrativo contra o suspeito.

Falso médico compartilhava fotos trabalhando em hospitais.

Na cidade de Mulungu, Thiago também foi médico plantonista temporário em um hospital municipal, em abril e maio de 2021. Na ocasião, ele recebeu salário de R$ 2 mil e R$ 5.200.

Em Pentecoste, Thiago foi médico plantonista do hospital da cidade por 11 meses, de janeiro a novembro de 2022. À época, o homem recebeu salários mensais de R$ 8.184 a R$ 11.360.

O período e o salário que o falso médico recebeu quando trabalhou no hospital de Baturité não foi disponibilizado pelo órgão.




domingo, 26 de março de 2023

Pacientes fazem novas denuncias contra cirurgião plástico investigado por deformidades na Bahia; MP solicita informações

 

Procedimentos foram realizados em uma clínica na cidade de Itabuna. Mulheres dizem que profissional não utilizava anestesia. Médico diz que seguiu padrões legais.


Pacientes fazem novas denúncias contra cirurgião plástico na Bahia


''Depois de um mês, a minha mama começou a necrosar'', é o que relatou, nesta sexta-feira (24), mais uma paciente que denuncia os serviços prestados pelo cirurgião plástico Rossini Teobald Ruback, após ter complicações no pós operatório e deformidades.

As denúncias por complicações e deformidades foram feitas por mulheres de diferentes cidades da Bahia, como SalvadorVitória da ConquistaItabuna e Eunápolis. Os procedimentos foram realizados em uma clínica localizada na cidade de Itabuna, no sul do estado.

A dona do novo depoimento disse que foi operada pelo médico em uma maca de dentista e assim como as outras pacientes relataram, ela alega ter recebido anestesia local e sentido dores. A mulher perdeu a aureola do peito.

''Ele cortou meu peito de baixo a cima. Ele suturando, costurando e doendo {...} Ele falou: 'deita aqui que vai ficar tudo bem', e quando eu levantei, não tinha mais peito''.

Mulher perdeu a auréola de um dos seios

O médico Rossini Teobald disse por meio de nota que intercorrências são previstas pela ciência, decorrendo em diversos casos de reações próprias do organismo de cada paciente, não sendo necessariamente relacionadas a qualquer ato médico praticado.

Também nesta sexta, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que oficiou a Vigilância Sanitária e o Conselho Regional de Medicina (Cremeb) para que verifiquem os fatos, adotem os procedimentos administrativos e fiscalizatórios necessários e encaminhem relatórios à Promotoria da Justiça. O médico e a clínica também foram oficiados.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica disse que acompanha com atenção as denúncias, no entanto a competência para apressar e julgar ações médicas é do Cremeb.

MP-BA oficiou o médico e a clínica

O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), disse que sete denúncias contra Rossini Teobald Ruback foram protocoladas, e estão sendo apuradas. O Cremeb diz ainda que as denúncias se encontram em diversos estágios de evolução processual e correm em segredo de justiça.

''Se analisarmos o fato como está sendo descrito é óbvio que isso contraria inclusive o principio de base da medicina que é o de sedar a todo paciente. Nenhum médico pode, nem deve fazer procedimentos que inflijam dor ao paciente. Isso será apurado se houve de fato essa situação", afirmou Otávio Marambaia, presidente do Cremeb.

Nesta sexta, a paciente Joana Tamandaré viajou de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, para realizar queixa contra o médico em Salvador. Ela afirma ter perdido as duas mamas após colocar próteses de silicone com Rossini e ter passado por procedimentos sem anestesia.

''Relatei todo o ocorrido e os traumas que sofri''.

Segundo o Cremeb, entre as possíveis aplicações que podem ser realizadas contra o médico, estão advertência, censura - quando se torna público que o profissional cometeu algum erro, suspensão provisória das atividades por até 30 dias e cassação do registro.

A Polícia Civil disse que existem dois boletins de ocorrência contra o médico, sendo um de ameaça e outro de cirurgia mal sucedida. O caso está sendo investigado e depoimentos serão marcados.

Relembre o caso



Mamas da paciente após complicações no procedimento

Segundo uma instrumentadora cirúrgica, entrevistada pela TV Bahia, que trabalhou com o cirurgião de janeiro a julho de 2022, as mulheres foram submetidas a procedimentos sem anestesia.

''Ele fazia vários procedimentos com anestesia local. A única coisa que ele dava para o paciente, ele falava que era sedativo, mas era praticamente uns 15 comprimidos e água com açúcar. Todas ficavam sempre gritando de dor e ele ficava gritando com elas para elas não gritarem''.

Ainda segundo a mulher, que preferiu não se identificar, os procedimentos eram realizados em cima de uma maca de dentista e em salas totalmente inadequadas.

Cremeb recebeu sete denúncias contra o médico 

Uma paciente de Rossini, de 33 anos, Joana Tamandaré, perdeu as mamas devido procedimentos feitos com o cirurgião. Ela relatou os momentos que viveu após decidir colocar uma prótese de silicone nas mamas e lipoaspiração na barriga. Depois de três dias da realização da cirurgia, ao tirar o curativo, a mulher percebeu um aspecto de infecção.

''Tinha uma secreção amarelada, como se fosse um pus no lugar dos pontos. Aí passaram mais cinco dias e abriu um buraco''.

Segundo a mulher, os procedimentos após a detecção da infecção eram realizados sem anestesia. A região era cortada e suturada sem nenhum tipo de sedativo.

''Ele disse que teria que retirar minha prótese. Pegou um maço de gases e disse: 'coloca em sua boca, porque nós não temos anestesista na cidade. Então vou ter que te cortar e tirar sem anestesia. No fim ele disse: agora pode levantar e ir para casa, porque agora você vai ficar boa''

Entretanto, o quadro de saúde da vítima só piorou. A mulher precisou buscar ajuda médica em Vitória, no Espírito Santo, onde foi detectada uma infecção grave. A situação era delicada, então ela foi orientada a retornar ao cirurgião plástico. No retorno, as mamas da mulher foram retiradas.

''Foi feita uma mastectomia [retirada das mamas] fiquei com uma cicatriz como se fosse feita a facão. Ele me pediu para tirar umas fotos e disse que a minha mama tinha ficado linda'', disse.

''Quando você chega lá você tem um sonho e sai mutilada''.

Uma outra paciente de Itabuna fez abdominoplastia e lipoescultura com Rossini e também teve complicações no pós-operatório. Ela disse que recorreu a ele algumas vezes foram retirados líquidos das costas dela sem anestesia.

''Ele me deu mais de vinte comprimidos para tomar, pegou um cano da sucção da carne e começou a fazer o procedimento. Eu ainda sentia muita dor e ele falava 'calma, vai acabar logo''.

Marcas de mulher após realizar abdo

O advogado do cirurgião, Erick Achy, disse que já foram adotadas medidas legais com relação às denúncias e afirmou que a clínica é totalmente equipada, além do médico ter competência para decidir quais procedimentos necessitam de anestesia.

''Como toda cirurgia, a estética também não é diferente, gera riscos e seu resultado negativo é multifatorial. É necessário que seja apurado se de fato houve algum tipo de erro e negligência''.

Ainda segundo a defesa do médico, ele cumpriu com o protocolo médico e os procedimentos foram realizados dentro dos padrões legais exigidos pelo CREMEB e CRM.