Em um dos casos de estupro citados na denúncia, enquanto a mulher chorava e tentava gritar por ajuda, o médico ria e continuava a violentá-la. MPRJ ainda cita manipulação emocional.
O médico Raphael Derossi Ribeiro da Silva foi preso |
O pediatra Raphael Derossi Ribeiro da Silva, de 44 anos, preso por ter estuprado sua ex-companheira após dopá-la com ansiolíticos no sábado (25), cometeu abusos contra a vítima entre 2018 e 2020, de acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que o levou a prisão. Há ainda relatos de agressões físicas e humilhações.
O médico passou por audiência de custódia nesse domingo (26). A juíza Priscilla Macuco Ferreira manteve a prisão e indeferiu o pedido de liberdade feito pela defesa do médico.
O documento destaca que a mulher citou que foi emocionalmente manipulada por ele, que a obrigou a sair do trabalho, se afastar de família e amigos e cancelar redes sociais. O documento do MPRJ ressalta que, ao longo dos dois anos de relacionamento, o processo envolvia uma simulação de cuidados.
Raphael foi preso no sábado (25) por agentes da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, por estuprar e agredir a namorada após dopá-la com ansiolíticos. Ele estava em casa, no Recreio dos Bandeirantes.
Raphael Derossi foi preso pela Polícia Civil após denúncia do MP e pedido de prisão preventiva |
Ele foi denunciado pelo MPRJ por estupro, estupro de vulnerável, lesão corporal e violência psicológica.
A denúncia é assinada pela promotora Isabela Jourdan, da 1ª PIP de Violência Doméstica da área Oeste/Jacarepaguá do Núcleo Rio de Janeiro / Barra da Tijuca.
Em um dos casos de estupro citados na denúncia, enquanto a mulher chorava e tentava gritar por ajuda, o médico ria e continuava a violentá-la.
Durante esse período, a vítima teve o celular quebrado pelo médico e foi agredida diversas vezes.
Raphael ainda exigia o compartilhamento de localização no celular, além de xingar e humilhar a companheira com frequência.
O médico já tinha anotações criminais por crimes semelhantes contra outras cinco mulheres. Os relatos são também envolvem violência sexual e tentativas de dopá-las.
Agressões
O médico Raphael Derossi Ribeiro da Silva |
Em um dos casos citados de estupro na denúncia, a vítima relata agressões em uma viagem a Punta Cana, na República Dominicana. Ela e Raphael tinham dormido sem se falar após uma discussão motivada por ciúmes do pediatra.
De repente, a mulher foi acordada pelo médico penetrando-a sem o consentimento dela. Quando a vítima tentou reagir, foi agredida com socos na cabeça e no rosto, que provocaram cortes em sua orelha.
"Cumpre salientar que enquanto a vítima sangrava, chorava e tentava gritar por ajuda, o denunciado, de maneira perversa, ria do ocorrido e continuava a prática da violência sexual", diz a denúncia.
Em 2020, depois de ter cometido mais um estupro, Raphael desferiu um soco na vítima, que ficou desacordada. A mulher só acordou quando foi colocada debaixo do chuveiro, quando ainda levou um chute do então companheiro.
Estupro
Em outro caso, a denúncia afirma que, em 2018, durante uma viagem à Grécia, Raphael orientou a vítima a ingerir um ansiolítico em dosagem excessiva, após uma briga em que ela teve o celular quebrado pelo médico.
Alegando que ela precisava se acalmar, ele orientou a mulher a tomar o remédio. Com a perda de consciência dela, o pediatra a estuprou. A vítima, posteriormente, apresentou sangramento na região íntima.
Violência Psicológica
Segundo a denúncia, a vítima foi humilhada, constrangida e ridicularizada diversas vezes por Raphael. Por causa disso, desenvolveu um comportamento depressivo, com crises de choro e ansiedade. Ela procurou ajuda de um psicólogo para tratar dos problemas.
A vítima também foi xingada várias vezes de nomes como "piranha" e "vagabunda", e ouvia frases como "você tem que lamber o chão que eu piso”, e “tem que me compensar pelo que faço por você".
O que dizem os envolvidos
De acordo com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), atualmente, Raphael trabalha na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio. Além disso, ele é diretor de serviços de saúde do Grupo Cemeru Saúde.
A Prefeitura de Itaguaí informou que "se solidariza com a vítima e esclarece que o médico não faz parte do quadro de funcionários do município. (Ele) É contratado da OS que administra a UPA", diz a nota. O município informou ainda que "a Secretaria Municipal de Saúde, entretanto, solicitou o desligamento do profissional".
O Grupo Cemeru, ao tomar conhecimento dos fatos, fez o afastamento do médico de suas funções até que toda a situação seja esclarecida pela autoridade competente.
O Cremerj informou que "apura os fatos" após tomar conhecimento do caso pela imprensa.
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