quarta-feira, 1 de março de 2023

Médico do Acre nega atendimento a criança por ela ser “mal educada”

 


A auxiliar de cozinha Vitória Lorrany Nery de Souza, 23 anos, que mora no município de Cruzeiro do Sul, procurou o ac24horas para denunciar o descaso do médico Pedro Abreu, em um caso ocorrido no Pronto-Socorro do Hospital do Juruá com seu filho, Pietro, de 1 ano e 11 meses.

De acordo com a mãe, o médico se recusou a atender o menino alegando que ele seria mal educado. “Um médico, um adulto dentro de um hospital, dizer que não vai atender uma criança com menos de dois anos alegando que meu filho é mal educado, é um grande absurdo. E chamou o segurança pra mim e meu bebê como se a gente fosse criminoso”, relatou.

A mãe conta que o filho estava com febre e tosse. Quando entrou no consultório do PS, o menino foi falar com o médico na mesa dele, que pediu que a mãe afastasse a criança. Em seguida, perguntou o que a criança estava sentindo sem examinar a garganta, ou auscultar os pulmões. Nesta hora, de acordo com a mãe, o filho brincava na maca e na cadeira, mas não se aproximou mais do médico e nem das coisas dele. Mesmo assim, o profissional ficou irritado e perguntou se era ela quem criava o filho “sem educação”.

“Ele me disse que meu filho precisava de rédeas curtas. Disse que tinha dois filhos educados, o que não me interessa. Um médico não tem que questionar a educação do filho dos outros, e sim consultar. Mas ele se irritou com minha resposta, chamou o segurança para tirar a gente da sala e foi embora”, destaca.

A mulher pontua ainda que o médico rasgou a folha de triagem da criança e a receita que havia começado a escrever. Pietro só não ficou sem atendimento porque a direção do hospital encaminhou a criança para uma médica. “Meu filho estava com início de bronquiolite segundo a médica e realmente precisava ser consultado e medicado “, conta ela, que já denunciou o médico na Delegacia de Polícia e entrou com uma ação na justiça contra o profissional.

O médico Pedro Abreu confirmou ao ac24horas que rasgou a receita, mas não o prontuário de Pietro. Confirmou também que chamou o segurança, mas negou que tenha sido negligente com a criança, que segundo ele, não apresentava caso de emergência. “A criança mexeu nas minhas coisas em cima da mesa e depois quase derrubou uma garrafa. Ela disse que o filho estava com tosse há 30 dias então não era uma emergência. A criança não parava de mexer nas coisas e a gritar no colo dela, mas eu ia atender. Mas quando disse que o filho dela era mal educado e estava desgovernado, ela surtou e começou a me xingar e eu me recusei a atender. Eu não sou obrigado a atender paciente que não seja urgência”, relatou o médico, que ainda fez questão de afirmar que possui uma tia juíza e uma irmã advogada.

O profissional, que é segundo tenente da reserva remunerada do Exercício, disse que é reconhecido no Hospital do Juruá pelo seu bom desempenho. “Ela fez escândalo, mas as pessoas do hospital nem deram atenção nem moral pra mulher porque me conhecem”, concluiu.

O caso aconteceu no último dia 21 de fevereiro e Vitória Lorrany denunciou o médico por negligência na Delegacia Geral de Polícia de Cruzeiro do Sul e entrou com uma ação na justiça por meio de um advogado.

Ela ressalta ter decidido tornar o fato público porque acredita que os médicos devem ter outro tipo de postura no atendimento de Pronto-Socorro, principalmente com as crianças. “Eu sei dos meus direitos e do meu filho, que é um bebê. Eu decidi tornar público o caso pelas pessoas mais simples que são destratadas e humilhadas dentro dos hospitais por profissionais que se acham acima do bem e do mal”.


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