O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) abriu sindicância "para apurar os fatos".
Pelo menos seis mulheres já denunciaram à polícia o médico radiologista Martinho Gomes de Souza Neto por violações sexuais ocorridas durante atendimentos feitos por ele na Clínica da Cidade, em Copacabana, na zona sul. Ele foi preso em flagrante na última quarta-feira, 1. A audiência de custódia, nesta sexta-feira, 3, converteu a prisão em preventiva. Ele nega as acusações. O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) abriu sindicância "para apurar os fatos".
Na audiência de custódia, a juíza responsável justificou a manutenção da prisão do médico para garantia da ordem pública: "Evidente a necessidade da conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva do custodiado como medida de garantia da ordem pública, sobretudo porque crimes como esse comprometem a segurança e a intimidade de mulheres que realizam exames diariamente na cidade Rio de Janeiro, especialmente porque o custodiado atua em diversas clínicas."
A juíza ainda destacou ainda o risco de a vítima que levou o radiologista à prisão seja intimidada pelo médico: "Convém destacar, ademais, que a vítima ainda não prestou depoimento, de forma que a liberdade do acusado poderá comprometer a instrução criminal por ameaça".
A história dos abusos veio à tona na última quarta-feira, quando a influencer digital Cris Silva, de 26 anos, denunciou um caso de violência sexual durante um exame ginecológico realizado naquele mesmo dia.
Neto foi preso em flagrante por policiais da 12.ª Delegacia de Polícia Civil, em Copacabana. Desde então, outras cinco mulheres foram à delegacia prestar depoimento e relataram crimes semelhantes. O médico já era investigado em um outro inquérito por importunação sexual, cuja investigação corre em sigilo na Delegacia de Atendimento à Mulher, no centro.
A influencer, que mora nos Estados Unidos, chegou ao Rio antes do carnaval para passar férias. Na última quarta-feira, foi até a clínica para fazer uma mamografia. Segundo ela contou à polícia, o médico a convenceu a fazer também um exame ginecológico que estava marcado para outro dia.
Durante o procedimento, o médico disse ter identificado um cisto e pediu a ela que se estimulasse sexualmente para que ele pudesse visualizá-lo.
"Ele falou que eu precisava me estimular", contou na delegacia. "Eu falei que não queria mais fazer aquele exame e ele segurou no meu braço e disse que ia terminar o exame. Nisso, alguém bateu na porta e eu aproveitei para ir ao banheiro e vestir minha roupa."
Ela falou ainda que o médico a tocou nas partes íntimas sem luvas e chegou a colocar uma cadeira contra a porta para trancá-la. Quando uma recepcionista finalmente entrou na sala ela chegou a escrever no celular "acho que ele abusou de mim", mas a funcionária não esboçou reação.
Ao deixar a clínica, Cris foi direto à delegacia do bairro. Em vídeo divulgado em suas redes sociais, ela contou que foi vítima de abuso sexual na infância e não denunciou o caso. Ela então prometeu a si mesma que, se isso voltasse a acontecer, teria forças para denunciar. O médico foi preso em flagrante.
Na quinta-feira, 2, duas outras mulheres foram à delegacia e relataram acusações semelhantes. Nesta sexta-feira foram mais três.
Em nota divulgada nas redes sociais, a rede Clínica da Cidade afirmou lamentar "qualquer episódio de violência contra a mulher" e que, desde que foi informada do caso, deu todo apoio à vítima.
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