Até esta quarta-feira (11), 5 mulheres registraram queixas contra profissional; outras 15 disseram que vão procurar a delegacia. Médico preferiu não comentar.
Cicatriz de cirurgia plástica em paciente de médico investigado pela polícia no Distrito Federal |
Pelo menos cinco mulheres procuraram a Polícia Civil do Distrito Federal, até esta quarta-feira (11), para prestar queixa contra o cirurgião plástico Sílvio Parreira da Rocha. O médico é apontado pelas pacientes como autor de supostos erros médico.
O cirurgião atende em uma clínica particular de Taguatinga. Ele é registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) e atua na profissão há 32 anos.
Por telefone, o médico disse ao G1 que "todos têm direito de reclamar, assim como têm o direito à defesa". Ainda sim, ele afirmou que não comentaria o caso. Depois, Rocha não retornou aos contatos da reportagem.
Segundo uma das pacientes – que preferiu não se identificar – o médico cobrou R$ 15 mil para fazer uma cirurgia de redução das mamas, em 15 de janeiro. Ela conheceu o profissional a partir de uma indicação nas redes sociais.
A mulher, de 46 anos, também recebeu um implante de silicone e retirou gordura do abdômen. No entanto, segundo ela, "os procedimentos não foram bem sucedidos".
“A cicatriz ficou grosseira, dá até pra sentir pela roupa. Oito meses depois de tudo isso e ainda tenho que usar cinta e pomadas.”
Perfil de cirurgião investigado pela Polícia Civil do DF |
'Cirurgia de correção'
Insatisfeita com o resultado e se queixando de dores pelo corpo, a paciente voltou a procurar o médico. Em maio passado, ela diz que pagou mais R$ 300 por uma nova cirurgia, dessa vez de correção.
"Entrei em pânico, quis morrer, fiquei com raiva e vergonha de mim mesma por estar passando por isso."
A paciente afirma que desenvolveu depressão. À polícia, ela disse que durante o segundo procedimento chegou a levar choques no aparelho usado pelo médico e "gritou de dor".
Ainda sem notar a diferença entre os procedimentos – a primeira cirurgia e o reparo –, a paciente contou à reportagem que continuava com “excesso de pele e cicatrizes”. No consultório, teria ouvido do médico que “tinha a pele ruim por conta da idade”.
'Pele ruim'
Uma técnica administrativa de 21 anos também foi à delegacia de Taguatinga esta semana para registrar um boletim de ocorrência. A jovem colocou silicone nos seios com o médico Sílvio Parreira da Rocha, em abril.
Segundo a paciente, que também conheceu o cirurgião por um perfil nas redes sociais, a prótese de silicone implantada, de 415 milímetros em cada mama, tem causado problemas de saúde.
“Ficou muito exagerado para meu tamanho. Pesou e minha pele não aguentou."
A jovem afirma que o médico errou. "O doutor colocou um tamanho bem maior para meu biotipo, o que causou dor nas costas".
Ela aponta ainda que, ao procurar o médico, o especialista negou suporte e alegou que o problema era a "pele ruim". No total, o procedimento na clínica particular custou R$ 9,5 mil.
"Eu disse a ele que meu psicológico estava muito abalado e que a cirurgia não tinha ficado boa. O médico disse que se eu quisesse, pagasse por outra [cirurgia]."
Ao G1, o profissional disse que tem conhecimento das denúncias, mas também não comentou a situação específica.
Fachada da 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Norte |
Abalo psicológico
Uma outra paciente, de 25 anos, também foi operada pelo cirurgião agora investigado pela polícia. A autônoma afirmou ao G1 que ficou com o "peito deformado e, ainda hoje, sente dores e incômodo na região".
O procedimento estético foi em dezembro do ano passado.
"Sofri muito abalo psicológico. Tenho vergonha, não tenho como usar roupa decotada ou biquíni porque mostra a cicatriz. Coloquei silicone para minha autoestima melhorar e só piorou."
Segundo a jovem, o médico falou que, com o tempo, a cicatriz iria sumir. "Mas depois, só ficou me enrolando e ainda queria que eu pagasse mais R$ 5 mil por fora para arrumar meu peito novamente", disse ela.
"Sinto dores no lado direito do peito. Ele disse que era porque eu estava gorda e emagreci, a prótese cedeu".
Outros casos
Após o relato das cinco pacientes que procuraram a delegacia por suposto erro médico, a reportagem entrou em contato com os advogados Geraldo Arruda e Thawanna Lopes, que defendem as vítimas. Os casos foram registrados como "falha em cirurgia plástica e erro médico".
"Em procedimento estéticos, o paciente compra o resultado final, que não foi satisfatório", explica Arruda.
Mesmo sem identificar as supostas vítimas, a defesa fala em casos semelhantes. Veja relação abaixo:
- Cicatrizes aparentes
- Abdominoplastia que não deu certo
- Mamilos tortos
- Dificuldade em fazer a cirurgia de reparo
- Dores meses após a cirurgia
- Camadas de gordura que não foram retiradas do corpo
Denúncias
Na Polícia Civil, o delegado Hudson Araújo – que investiga o caso – disse ao G1 que o registro das ocorrências começou a ser feito na semana passada. O número de possíveis vítimas, no entanto, deve ser ainda maior.
"Muitas mulheres, talvez por vergonha, não querem fazer registro."
Nenhum comentário:
Postar um comentário