quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Cirurgião plástico é investigado no DF por erros médicos: 'Corpo deformado, dores e depressão', dizem pacientes

Até esta quarta-feira (11), 5 mulheres registraram queixas contra profissional; outras 15 disseram que vão procurar a delegacia. Médico preferiu não comentar.


Cicatriz de cirurgia plástica em paciente de médico investigado pela polícia no Distrito Federal 

Pelo menos cinco mulheres procuraram a Polícia Civil do Distrito Federal, até esta quarta-feira (11), para prestar queixa contra o cirurgião plástico Sílvio Parreira da Rocha. O médico é apontado pelas pacientes como autor de supostos erros médico.

O cirurgião atende em uma clínica particular de Taguatinga. Ele é registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) e atua na profissão há 32 anos.

Por telefone, o médico disse ao G1 que "todos têm direito de reclamar, assim como têm o direito à defesa". Ainda sim, ele afirmou que não comentaria o caso. Depois, Rocha não retornou aos contatos da reportagem.

Segundo uma das pacientes – que preferiu não se identificar – o médico cobrou R$ 15 mil para fazer uma cirurgia de redução das mamas, em 15 de janeiro. Ela conheceu o profissional a partir de uma indicação nas redes sociais.

A mulher, de 46 anos, também recebeu um implante de silicone e retirou gordura do abdômen. No entanto, segundo ela, "os procedimentos não foram bem sucedidos".

“A cicatriz ficou grosseira, dá até pra sentir pela roupa. Oito meses depois de tudo isso e ainda tenho que usar cinta e pomadas.”

Perfil de cirurgião investigado pela Polícia Civil do DF

'Cirurgia de correção'


Insatisfeita com o resultado e se queixando de dores pelo corpo, a paciente voltou a procurar o médico. Em maio passado, ela diz que pagou mais R$ 300 por uma nova cirurgia, dessa vez de correção.

"Entrei em pânico, quis morrer, fiquei com raiva e vergonha de mim mesma por estar passando por isso."

A paciente afirma que desenvolveu depressão. À polícia, ela disse que durante o segundo procedimento chegou a levar choques no aparelho usado pelo médico e "gritou de dor".

Ainda sem notar a diferença entre os procedimentos – a primeira cirurgia e o reparo –, a paciente contou à reportagem que continuava com “excesso de pele e cicatrizes”. No consultório, teria ouvido do médico que “tinha a pele ruim por conta da idade”.

'Pele ruim'


Uma técnica administrativa de 21 anos também foi à delegacia de Taguatinga esta semana para registrar um boletim de ocorrência. A jovem colocou silicone nos seios com o médico Sílvio Parreira da Rocha, em abril.

Segundo a paciente, que também conheceu o cirurgião por um perfil nas redes sociais, a prótese de silicone implantada, de 415 milímetros em cada mama, tem causado problemas de saúde.

“Ficou muito exagerado para meu tamanho. Pesou e minha pele não aguentou."

A jovem afirma que o médico errou. "O doutor colocou um tamanho bem maior para meu biotipo, o que causou dor nas costas".

Ela aponta ainda que, ao procurar o médico, o especialista negou suporte e alegou que o problema era a "pele ruim". No total, o procedimento na clínica particular custou R$ 9,5 mil.

"Eu disse a ele que meu psicológico estava muito abalado e que a cirurgia não tinha ficado boa. O médico disse que se eu quisesse, pagasse por outra [cirurgia]."

Ao G1, o profissional disse que tem conhecimento das denúncias, mas também não comentou a situação específica.

Fachada da 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Norte 

Abalo psicológico


Uma outra paciente, de 25 anos, também foi operada pelo cirurgião agora investigado pela polícia. A autônoma afirmou ao G1 que ficou com o "peito deformado e, ainda hoje, sente dores e incômodo na região".

O procedimento estético foi em dezembro do ano passado.

"Sofri muito abalo psicológico. Tenho vergonha, não tenho como usar roupa decotada ou biquíni porque mostra a cicatriz. Coloquei silicone para minha autoestima melhorar e só piorou."

Segundo a jovem, o médico falou que, com o tempo, a cicatriz iria sumir. "Mas depois, só ficou me enrolando e ainda queria que eu pagasse mais R$ 5 mil por fora para arrumar meu peito novamente", disse ela.

"Sinto dores no lado direito do peito. Ele disse que era porque eu estava gorda e emagreci, a prótese cedeu".

Outros casos


Após o relato das cinco pacientes que procuraram a delegacia por suposto erro médico, a reportagem entrou em contato com os advogados Geraldo Arruda e Thawanna Lopes, que defendem as vítimas. Os casos foram registrados como "falha em cirurgia plástica e erro médico".

"Em procedimento estéticos, o paciente compra o resultado final, que não foi satisfatório", explica Arruda.

Mesmo sem identificar as supostas vítimas, a defesa fala em casos semelhantes. Veja relação abaixo:

  • Cicatrizes aparentes
  • Abdominoplastia que não deu certo
  • Mamilos tortos
  • Dificuldade em fazer a cirurgia de reparo
  • Dores meses após a cirurgia
  • Camadas de gordura que não foram retiradas do corpo

Denúncias


Na Polícia Civil, o delegado Hudson Araújo – que investiga o caso – disse ao G1 que o registro das ocorrências começou a ser feito na semana passada. O número de possíveis vítimas, no entanto, deve ser ainda maior.

"Muitas mulheres, talvez por vergonha, não querem fazer registro."



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