domingo, 15 de setembro de 2019

Sem resposta, morte de adolescente na UPA Central de Santos faz 1 ano

Família de Lucca Fernandes Morroni, de 13 anos, protesta e aponta negligência médica

Parentes e amigos do adolescente fizeram manifestação e soltaram balões em frente à unidade


Um ano após o adolescente Lucca Fernandes Morroni, de 13 anos, morrer com sintomas de infecção e hemorragia dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central (Rua Joaquim Távora, 260, Vila Belmiro), a Prefeitura de Santos ainda não sabe dizer a causa da morte, nem se houve erro no atendimento. A Fundação do ABC, que administra a UPA, não fala sobre o caso.

Quarta-feira (11), parentes e amigos fizeram uma manifestação na porta da unidade, cobrando as respostas que nunca chegaram. “Essa demora está muito distante do que é a lógica, é absurdo. Meu filho só tinha 13 anos, era saudável. Quero saber o que aconteceu”, dispara o pai do garoto, Glauco Francisco Morroni.

A mãe de Lucca, Elaine Cristina Fernandes, diz que a difícil rotina sem o filho é agravada pela falta de esclarecimento. “Não temos definição da morte dele. Já fomos à Secretaria de Saúde, a vários órgãos, e nada. Um descaso”.

Como foi

Em 10 de setembro de 2018, Lucca, que já havia passado pelo Pronto-Socorro da Zona Leste alguns dias antes com dor e tontura, piorou muito e já não conseguia andar. A família chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que o levou para a UPA Central.

Segundo os pais, apesar do quadro, ele não teve prioridade e esperou sete horas em uma cadeira de rodas. Só foi para a sala de emergência quando teve hemorragia pela urina. Sem encaminhamento para uma UTI, morreu horas depois. 

“Negligência total. Ele sangrava pelos olhos, ouvidos, pelo ânus. Ficou todo preto. Sentia uma dor imensa. Falava: ‘Papai estou com dor, já não estou enxergando direito’. Eu pedia pelo amor de Deus para alguém fazer algo por ele”, lembra o pai. 

Respostas 

O médico Marco Sérgio Neves Duarte, assessor técnico da Secretaria de Saúde de Santos, afirma que o adolescente teve suporte de médico, enfermagem e material. Mas não pode garantir que não tenha havido erro no atendimento. 

“Não sou eu que vou dizer se as medidas foram corretas ou não. Quero dizer que a criança esteve rodeada de uma equipe multiprofissional. Foi medicada, foi feita a coleta de exames e, no momento do agravo do quadro clínico, foi transferida para sala de emergência”, diz. Ele explica que duas comissões internas, de ética médica e de verificação de óbitos, devem dar um parecer sobre o caso em até 30 dias.

Sobre a causa da morte, Duarte afirma que só somente ontem a Prefeitura teve acesso ao laudo necroscópico feito no corpo de Lucca, sob responsabilidade do Estado. “O laudo não traz parecer conclusivo. O documento diz que é necessário aguardar resultados de exames anatomopatológicos que foram colhidos e são mais demorados”.

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