domingo, 29 de setembro de 2019

Homem é picado por escorpião e médico manda ele procurar outro hospital: 'O que eu tenho a ver se senhor não tem carro?'

Sebastião Nicomendes de Oliveira teve de pedir ajuda para a polícia depois de ser destratado no Hospital do Servidor Municipal. Segundo Secretaria, caso não requeria remoção por ambulância.


Homem picado por escorpião não recebe antídoto em hospital de SP

O pintor Sebastião Nicomendes de Oliveira ficou por algumas horas sem atendimento médico entre a noite da última segunda-feira (23) e a madrugada de terça-feira (24), após ser picado por um escorpião. Quando percebeu o ataque, ele procurou atendimento na unidade mais perto da casa dele, o Hospital do Servidor Público Municipal, na Zona Sul de São Paulo.

Após esperar por mais de uma hora, Oliveira foi informado de que o Hospital não poderia atendê-lo e foi orientado a buscar uma unidade especializada no Butantã, na Zona Oeste, a cerca de 14 km de distância. O paciente explicou ao SP1 que já era madrugada, o metrô já estava fechado e ele não tinha condições de ir até lá.

Oliveira, solicitou então, a ajuda do Hospital do Servidor Público para que ele fosse levado de ambulância até ao posto de atendimento mais adequado. Esse pedido também foi negado. Segundo ele, o médico plantonista disse que a ambulância do hospital só poderia ser usada em caso de urgência e emergência e disse que ele deveria chamar o Samu. Oliveira diz ter percebido que o médico estava nervoso e por isso resolveu gravar a conversa.

Escorpião foi capturado após picar homem em São Paulo

No vídeo, feito com um celular, não é possível ver o médico, apenas ouvir o que é dito. O paciente pergunta:

“Como é que eu vou chegar no Butantã? Que eu tô com veneno no corpo como é que eu vou chegar no Butantã?”.

O médico respondeu: “O que eu tenho a ver com o problema social do senhor não ter um carro?”.

Oliveira conta que se sentiu humilhado. “Eu estou ferrado, o cara me humilha porque não tenho grana, porque não tenho carro”, comenta.

Socorro


Depois de ter a ajuda no hospital negada, sentindo muita dor, Oliveira foi até um batalhão da Polícia Militar que fica perto do hospital e foi recebido pela cabo Noeli Marconato. “Eu sabia da gravidade. Ele já estava com braço inchado e já estava reclamando que estava com alguns sintomas. Então o socorro foi imediato”, relata.

Primeiro, a policial levou o paciente até o Instituto Butantan, local onde também não é feito esse tipo de atendimento. Só depois é que Oliveira chegou ao Hospital Vital Brasil, que é referência no tratamento de picadas venenosas.

Sebastião Oliveira conta que durante o atendimento descobriu que poderia ter sido socorrido mais cedo. O pintor diz que no hospital disseram que o primeiro médico que o atendeu poderia ter ligado até a unidade de referência para receber orientações sobre como encaminhá-lo em segurança. “Foi muito arriscado o que ele fez”, comenta.

Sebastião Nicomendes de Oliveira está fora de perigo e já voltou ao trabalho.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o clínico geral que estava de plantão verificou que o paciente estava estável e que o local da picada não apresentava sinais de inflamação ou infecção, por isso não foi necessário acionar a remoção por ambulância. A Superintendência do Hospital do Servidor Público Municipal diz que vai apurar a postura dos profissionais e reorienta-los quanto aos procedimentos de atendimento. (Nota completa abaixo).

Orientação em caso de picada


Saiba o que fazer em caso de picada de escorpião

Ao perceber que foi picado por um escorpião, o Ministério da Saúde recomenda procurar imediatamente o hospital de referência mais próximo. É importante que o paciente leve o animal – ou uma foto dele – para que o profissional da saúde identifique a espécie escolha o tratamento mais adequado.

O Ministério orienta ainda a lavar a região da picada com água e sabão, desde que não atrase a ida ao hospital.

Nota completa da Secretaria Municipal de Saúde

A Superintendência do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) esclarece que o paciente S.N.O. recebeu o primeiro atendimento de maneira adequada. No dia 24 de setembro às 23h19, ele procurou o Pronto Socorro Adulto do HSPM desacompanhado, por meios próprios e relatou ter sido picado por um escorpião. Às 23h33 o paciente foi atendido pelo clínico geral de plantão que, durante a consulta, verificou que o paciente estava clinicamente estável e bem orientado, além do local da picada (antebraço direito) não apresentar sinais de inflamação ou infecção, conforme consta no prontuário do paciente.

Pelo quadro estável apresentado, não foi necessário acionar remoção. O paciente recebeu orientação e o endereço, por escrito, do Hospital Vital Brazil/Instituto Butantan, que é o Hospital de Referência da cidade de São Paulo para o atendimento de acidentes com animais peçonhentos.

O atendimento seguiu as diretrizes da COVISA e do Ministério da Saúde.

A Superintendência do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) vai apurar a postura dos profissionais apontada pela reportagem e reorientar todos os colaboradores quanto aos procedimentos para atender ao público.

Sobre a unidade:

O Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) informa que seu Pronto Socorro presta atendimento de urgência e emergência a toda a população, atende à demanda espontânea e é referência para o atendimento a pacientes politraumatizados, além da demanda de serviços de Resgate, PM, COBOM, SAMU e veículos próprios. Recebe casos graves provenientes, não somente da região centro-oeste de São Paulo, como também das diversas regiões do Município e Grande São Paulo.

No Pronto Socorro são atendidas, em média, 350 pessoas diariamente, entre servidores e munícipes em geral. O atendimento na unidade é realizado por classificação de risco e cerca de 50% dos pacientes atendidos no Pronto Socorro não são servidores.


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