sexta-feira, 30 de abril de 2021

Família do filho de Dedim Gouveia acusa IJF de negligência e promete levar caso à justiça após morte do artista

 

Segundo parentes de Delano Gouveia, hospital omitiu verdadeira causa da morte e não ofereceu assistência adequada; direção do IJF contesta e nega desassistência ao paciente


Antes da morte de Delano Gouveia, familiares do artista haviam denunciado falta de um antibiótico utilizado no tratamento de infecção bacteriana


A família do produtor musical Delano Gouveia (37), filho do sanfoneiro Dedim Gouveia, anunciou que deve processar o Instituto Doutor José Frota (IJF) por negligência médica. Delano morreu neste domingo, 25, data em que foi celebrada a missa de sétimo dia pela morte do seu pai, que faleceu no último dia 19, vítima da Covid-19. Um laudo médico emitido pela unidade hospitalar, obtido pelo O POVO, indica que a causa da morte de Delano foi Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em decorrência da Covid-19. A informação, no entanto, é contestada por parentes do produtor, que afirmam ter sido uma infecção bacteriana o verdadeiro motivo do óbito.

Segundo a família, Delano havia contraído a Covid-19 no mês passado, mas já tinha se recuperado da doença desde o dia 14 deste mês. “Ele tinha acabado com o tratamento da Covid e estava internado por contrair, no hospital, uma super bactéria”, diz trecho de nota enviada à reportagem pelos familiares

De acordo com o laudo médico, o paciente estava internado no IJF desde o último dia 07. Há registro de que ele deu entrada no hospital já infectado pelo novo coronavírus, porém, exames realizados posteriormente, nos 14/04 e 15/04, mostraram que o vírus já não estava mais ativo no organismo de Delano.

Delano Gouveia morreu seis dias depois do pai, vítima de Covid-19


Sem Covid, mas com complicações da doença
A assessoria de imprensa do IJF confirmou ao O POVO que os dois últimos testes tiveram resultado negativo, mas explicou que o paciente precisou permanecer internado para tratar das complicações causadas pela Covid-19. O hospital afirma, ainda, por meio de nota, que Delano deu entrada na unidade já em estado grave, “sob sedação e assistência ventilatória mecânica”. Ele também precisou fazer uso de antibióticos para o tratamento de infecção por bactéria multirresistente conhecida como KPC.

Família denunciou falta de antibiótico
Familiares de Gouveia, entretanto, acusaram o hospital de não fornecer a medicação adequada para o tratamento da infecção. Dois dias antes da morte do produtor, a sua irmã, Isabel Gouveia, o marido dela, Victor Nascimento, e a esposa de Delano, Juciana Andrade, publicaram um vídeo nas redes sociais em que faziam denúncia sobre a falta de Sulfato de Polimixina B, antibiótico usado para combater a KPC. Segundo os parentes, um médico do hospital havia recomendado a eles que comprassem a medicação por conta própria, e assim o fizeram, mas ao chegarem na unidade para fornecer o fármaco, a direção teria rejeitado.

“O antibiótico que ele precisa para combater essa bactéria não tem no hospital. A família se uniu, médicos ligaram dizendo que ele precisava, a esposa tem a prescrição médica, mas quando a gente conseguiu comprar o remédio, o hospital não aceitou”, disse o cunhado de Delano no vídeo. Ele ainda pediu que a publicação fosse compartilhada “para chegar ao conhecimento das autoridades” e, sem citar nomes, disse que “tem alguém ganhando com mortes” no Ceará.

Pedido do presidente
No sábado, 24, em outro post, Victor contou que, após forte repercussão, o vídeo havia chegado ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) que, junto com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a médica cearense Mayra Pinheiro, Secretária Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), solicitaram o medicamento à Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, que no mesmo dia fez a doação do antibiótico para o IJF.

“Nós cremos que o tratamento será concluído e o Delano sairá daquele hospital curado. Que Deus abençoe, presidente”, agradeceu Victor após a confirmação da doação. Na mesma publicação, feita no perfil de sua esposa no Instagram, também houve menção de agradecimento a meios de comunicação, jornalistas e políticos, como os deputados federais Capitão Wagner (Pros/CE) e Carla Zambelli (PSL/RJ), além do deputado estadual André Fernandes (Republicanos).

Hospital nega interferência
Ao O POVO, o IJF confirmou que recebeu no sábado, 24, um lote de polimixina proveniente da Santa Casa de Fortaleza, mas disse que a medicação foi adquirida mediante empréstimo e não por doação. De acordo com o hospital, o procedimento ocorreu “conforme a rotina de cooperação entre os órgãos de saúde” e não teve influência de políticos ou autoridades, “garantindo a segurança, impessoalidade e legalidade do ato, em benefício de todos os usuários e sem a influência de terceiros para o direcionamento e privilégio de um em detrimento de outros”.

Falta de medicamento X tratamento
Ainda de acordo com o hospital, apesar do desabastecimento temporário de polimixina, o tratamento de Delanio não foi interrompido. Segundo a unidade, houve a administração de outros dois tipos de antibióticos que também são utilizados no combate à KPC. O IJF, no entanto, não especificou quais fármacos foram usados.

Sobre o suposto pedido dos médicos à família para a compra do medicamento que estava em falta no hospital, a instituição disse não ter tomado conhecimento sobre tal prática, mas que vai abrir procedimento interno para apurar o caso.

Em relação à direção da unidade ter rejeitado o antibiótico comprado pelos parentes, o IJF alegou que “medicamentos sem a devida confirmação de procedência, acondicionamento e forma de aquisição, principalmente os restritos ao uso em hospitais, não devem ser administrados nos pacientes”.

Judicialização do caso
Insatisfeita com o hospital, a família afirma que Delano faleceu por negligência médica e “total assistência durante o tratamento da infecção bacteriana”. Os parentes ainda pontuam, através de nota, que houve “falta de comunicação do hospital com a família a cerca de medicamentos e equipamentos em falta que, se providenciados, poderiam ter ajudado na recuperação de Delano”.

Diante da situação, os familiares do produtor dizem que vão levar o caso à justiça. Nesta segunda-feira, 26, Isabel Gouveia disse nas redes sociais que “Deus vai agir com justiça” e reafirmou que a morte do seu irmão não foi causada por Covid-19. "Colocaram no laudo que era Covid, mas desde o dia 14 ele estava curado e continuou na ala Covid, mesmo sendo a bactéria hospitalar KPC. A Verdade prevalecerá”, escreveu a irmã de Delano nos stories do Instagram.

A direção do IJF nega que tenha havido negligência médica ou falta de insumos adequados ao tratamento do paciente. Segundo o hospital, Delanio teve acesso ao atendimento padrão recomendado pelos órgãos de saúde e profissionais da medicina.

“Em nenhum momento houve desassistência ou carência de insumos indicados ao tratamento do paciente, ao contrário do divulgado em redes sociais. Todas as terapias necessárias foram adotadas, conforme os protocolos clínicos orientados pelas sociedades médicas e órgãos sanitários”, justifica a unidade hospitalar.



No AC, quatro médicos e quatro enfermeiros são indiciados após mulher perder bebê durante parto

 

Profissionais foram indiciados pelo crime de abordo provocado por terceiro, segundo delegado. Parto ocorreu em dezembro do ano passado no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, e mãe denunciou negligência médica após perder o bebê.


Sayonara denunciou que foi vítima de negligência médica no momento do parto do quarto filho


Após cerca de quatro meses de investigação, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de um bebê durante o parto e indiciou oito profissionais de saúde pelo crime de aborto de terceiro. Em dezembro do ano passado, a jovem Sayonara de Souza, de 29 anos, denunciou que foi vítima de negligência médica no momento do parto do quarto filho, no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco.

Entre os indiciados estão quatro médicos e quatro enfermeiros que prestaram atendimento para a grávida no dia do parto. Segundo o delegado responsável pelas investigações, Judson Barros, foram ouvidas 21 pessoas durante o inquérito, sendo cinco médicos, 13 enfermeiros, duas pessoas indicadas pela vítima e a própria Sayonara.

G1 não conseguiu contato com Sayonara até última atualização desta reportagem.

O delegado informou ainda que a vítima chegou a fazer a denúncia também no Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), mas que a autarquia arquivou a sindicância.

“Foram muitas oitivas para a gente chegar agora à elaboração do relatório final. O CRM resolveu pelo arquivamento da sindicância entendendo que não há nenhuma infração ao código de ética médica. Isso é uma questão administrativa do próprio conselho e não interfere na minha análise criminal. Nosso entendimento é de que houve crime de abordo provocado por terceiro por parte de todos os profissionais que, de alguma forma, prestaram atendimento à paciente”, disse o delegado.

O CRM-AC informou que os processos tramitam em sigilo e, por conta disso, a autarquia não se manifesta com mais detalhes. Mas, sobre esse caso, o conselho confirmou que abriu uma sindicância após receber a denúncia e que entendeu pelo arquivamento.

"O CRM instaurou a sindicância de forma célere, recebeu o delegado de polícia por diversas vezes, buscou ouvir todos os envolvidos, sobretudo, os médicos citados e, através de uma câmara de sindicância, com mais de cinco médicos experientes em cirurgia, entendeu pelo arquivamento, por não encontrar elementos que evidenciem indícios de infração ética médica. Mas, como todo processo, existe possibilidade de recurso junto ao Conselho Federal de Medicina, que poderá reavaliar o caso", afirmou o assessor jurídico do CRM, Mário Rosas.

Barros explicou que houve um “lapso temporal muito grande” durante o atendimento à paciente, após receber a medicação para indução do parto. Ele contou que à 16h Sayonara recebeu a medicação e só voltou a ser atendida às 20h40.

“Nesse lapso temporal não houve nenhum atendimento da paciente, momento em que o feto foi a óbito. Então, nós produzimos o relatório, tivemos a decisão no sentido de indiciamento, e agora encaminharemos ao judiciário e ao MP para que, na sua condição de detentor do poder para fazer a denúncia, analise o caso. Entendendo que há elemento suficiente, o MP fará a denúncia e daí iniciará uma ação penal pública incondicionada”, concluiu.

Relato da mãe


Ainda abalada com a perda filho, Sayonara conversou com uma equipe da Rede Amazônica uma semana depois do parto. A mãe contou que pediu ao médico para que realizasse uma cesariana e o profissional teria resistido, e o bebê acabou morrendo. Ela disse também que passou aproximadamente 11 horas na espera pelo parto e insistiu para que fosse cesariana.

“O neném se mexendo super bem. O coração batendo, porque eu estava olhando para a máquina. Então, super bem e eu tranquila porque não estava sentindo nenhuma dor e quando terminaram os exames, eles me mandaram para a sala de novo. Pedi para ele [médico] fazer a cesariana e ele disse que não podia, porque meu parto ia ser normal. Ele perguntou quantos filhos eu tinha e falei que três. Ele disse: 'você tem três e quer um parto cesariana?', respondi que sim, porque estava sentindo que esse tinha que ser", contou.

Salomão seria o quarto filho de Sayonara. Em casa, já estava tudo preparado para recebê-lo, mas, esse dia nunca chegou.

A mãe disse que fez os exames de pré-natal durante toda a gestação e que todos mostraram que o bebê estava bem e que os exames feitos após a entrada no hospital mostraram a mesma coisa. Ela contou na época que o médico questionou o fato de ela ter tido os outros três filhos em partos normais e querer que esse fosse diferente.


quinta-feira, 29 de abril de 2021

Sem médicos em número suficiente, pacientes procuram hospital de Poá e ficam sem atendimento

 

Direção da unidade informou que três dos cinco profissionais escalados para o plantão faltaram no trabalho. Os dois que ficaram em atendimento precisaram ser realocados para casos de urgência e emergência.


Paciente registra falta de atendimento no Hospital Municipal Dr. Guido Guida


Pacientes que buscaram atendimento no Hospital Municipal Guido Guida, em Poá, encontraram dificuldades nesta quinta-feira (29). Logo pela manhã, moradores denunciaram a falta de médicos na unidade e relataram que a orientação era buscar assistência em outros locais.

A moradora Valdenice Brum chegou a gravar um vídeo ao encontrar a unidade sem atendimento. As imagens foram enviadas à produção do Diário TV (assista acima). No vídeo, ela mostra que, após insistência, a recepção do Guido Guida abriu ficha para atender um paciente idoso.

“Negligência médica. Não pode abrir ficha. Abriu a do senhor agora porque eu liguei pra polícia e mandei mensagem pra vocês. Não tinha médico, agora apareceu médico? Viu eu ligo para a polícia, ligando para a TV Diário, agora está abrindo ficha”, afirma Valdenice.

De acordo com a Prefeitura, o motivo da falta de atendimento é a ausência de três dos cinco profissionais que deveriam estar em plantão. Outros dois precisaram ser realocados para atender, somente, aos casos de urgência e emergência.

Hospital Municipal Guido Guida em Poá


Até o início da tarde, pelo menos 10 pessoas foram vistas na unidade buscando atendimento. Segundo os pacientes, um funcionário explicava que deveriam recorrer a outros hospitais, inclusive, em municípios vizinhos. A dona de casa Flávia Reis foi uma das moradoras que esteve no local, mas precisou voltar para casa.

“Eu estou com um probleminha no meu dedo, acho que tem um bichinho no meu dedo, já tem quase um mês. Está bem inchado, dolorido. E meu filho está com dor de estômago, passou a noite todinha. Não tem médico. [O funcionário] falou que não tem médico, não tem atendimento. Perguntei se mais tarde ia ter, só que não soube responder. [A orientação foi] ir no posto de saúde, mas o posto não resolve”, relata.

Flávia diz que cogitou buscar atendimento em Ferraz de Vasconcelos, mas foi informada que as unidades do município também estão lotadas. Ela destaca, ainda, que essa não é a primeira vez que o problema ocorre.

“O melhor seria aqui. Já tem uma base do outro lado de criança. O certo é ter médico, né?” “É uma vergonha, porque tanto dinheiro, a gente paga imposto e está desse jeito. Não é a primeira vez não. Tem que ir embora, mas acho que vou vir mais tarde”, completa.

Diretores do hospital, que preferiram não gravar entrevista, explicaram que o Guido Guida tem recebido, em média, mais de 400 pacientes todos os dias no pronto atendimento. O número inclui casos da Covid-19 e outras doenças.

Para o plantão desta quinta, cinco médicos foram escalados. No entanto, três acabaram faltando, sendo que um deles está com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Por esse motivo, a direção precisou mudar o esquema de atendimento.

Dos dois profissionais disponíveis, um está atendendo somente aos casos suspeitos ou confirmados da Covid-19, cujo pacientes apresentem sintomas graves, como falta de ar ou baixa saturação de oxigênio. Quem tiver sintomas leves deverá buscar as Unidades de Saúde da Família (USF).

O outro médico está atendendo casos de urgência e emergência, isto é, pacientes com risco à vida, como suspeitas de infarto ou AVC, por exemplo. A expectativa é de que a partir das 19h o atendimento seja normalizado com a troca de plantão.



Médico denunciado por beijar nádegas de secretária é investigado e polícia ouve testemunhas

 



Uma semana após a denúncia feita por uma secretária contra o ex-chefe, um médico de 60 anos, a Polícia Civil ouve testemunhas sobre o caso. A vítima procurou a delegacia na última quarta-feira (21), após ter sido importunada pelo idoso, que teria beijado as nádegas da jovem durante uma consulta.

Segundo a delegada Fernanda Félix, titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), a vítima foi ouvida novamente e confirmou os fatos apresentados no boletim de ocorrência. Testemunhas do caso também passam a serem ouvidas e, por último, o médico acusado deve prestar depoimento.

Ele é investigado pelo crime de importunação sexual e, conforme o registro policial, chegou a alegar no dia dos fatos que a vítima tinha ‘dado abertura’ para ele.

Entenda o caso

A vítima procurou a Deam e relatou que trabalhou na clínica por aproximadamente 15 dias, como secretária. No dia 19, por volta das 9 horas, o médico teria oferecido para examinar a jovem, que aceitou, imaginando que seria um procedimento médico de rotina.

Assim, o médico fez um exame de abdômen, constatando que ela não tinha nenhum problema de vesícula. Em seguida, fez um ultrassom na virilha e depois entregou guardanapos para que ela se limpasse do produto usado no procedimento.

Neste momento, conforme o relato, o médico teria tentado limpar a vítima. Porém, constrangida com o abuso, ela saiu da maca rapidamente e ficou de costas para ele enquanto se limpava. O homem se aproximou e então a beijou nas nádegas, aproveitando-se que as calças dela estavam levemente abaixadas em razão dos exames.

O médico ainda teria feito comentários inadequados sobre o corpo da vítima, dizendo “Me desculpa, eu não resisti! Você está de parabéns”. Após o ocorrido, a funcionária se desligou da empresa e foi, juntamente com o marido, conversar com o médico sobre o ocorrido.

O suspeito tentou alegar que a vítima havia dado abertura a ele. Contudo, na presença do marido dela, mudou o discurso, pediu desculpas, assumiu o erro e pediu para que a vítima continuasse trabalhando com ele, mas o pedido foi negado.


Midiamax


quarta-feira, 28 de abril de 2021

Médico é denunciado pela morte de digital influencer pernambucana Liliane Amorim após cirurgia

 Liliane Amorim morreu após realizar procedimento de lipoaspiração; MPCE diz que houve negligência e imprudência do profissional de saúde




terça-feira, 27 de abril de 2021

Estudo associa uso de hidroxicloroquina a alta de mortes em pacientes com Covid

 Meta-análise de 28 estudos registrou mortalidade maior em 10 mil pacientes; uso da cloroquina demonstrou nenhum benefício contra a doença

Para SBP, prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina para crianças e adolescentes é inadequada em razão da falta de evidências consistentes


O uso de hidroxicloroquina está associado a uma mortalidade maior em pacientes com Covid-19, e o da cloroquina não apresenta nenhum benefício contra a doença.

Essas são as conclusões de uma meta-análise, assinada por quase cem cientistas, publicada neste mês na revista especializada Nature. O documento analisou de forma colaborativa 28 estudos, publicados ou não, nos quais participaram 10.319 pacientes com Covid-19.

O uso de hidroxicloroquina foi avaliado em 26 estudos (com 10.012 pacientes) e o de cloroquina em quatro estudos (307 pacientes). A maioria dos trabalhos (79%) foi conduzida no ambiente intra-hospitalar.

A hidroxicloroquina é uma versão modificada da cloroquina, que causa menos efeitos colaterais, por isso é mais usada para tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide, além de ser a versão mais comercializada em farmácias. É por esse motivo que há mais estudos sobre a hidroxicloroquina do que a cloroquina.

Na meta-análise, 14% dos pacientes de Covid-19 tratados com a hidroxicloroquina morreram (606 de 4.316), enquanto faleceram 16,9% (960 de 5.696) dos pacientes do grupo controle. Entre os que tomaram cloroquina, 11% foram a óbito (18 de 160), enquanto entre os pacientes do grupo controle a mortalidade ficou em 8%.

“Os resultados mostram que não houve benefício em redução de mortalidade em pacientes com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 com o uso de cloroquina e que o uso de hidroxicloroquina esteve associado a maior mortalidade entre os que receberam a medicação”, descreve o documento.

O grupo formado por 94 pesquisadores afirma que a meta-análise “oferece informações úteis para uma situação de saúde desafiadora”, dentro de um contexto no qual “centenas de milhares de pacientes receberam hidroxicloroquina e cloroquina fora dos ensaios clínicos, sem evidências de seus efeitos benéficos”.

“O interesse público é sem precedentes, com evidências iniciais fracas que apoiam os méritos da hidroxicloroquina sendo amplamente discutidos em algumas mídias e redes sociais, apesar dos resultados desfavoráveis por um grande estudo clínico randomizado controlado”, descreve o documento.

Segundo o pool de pesquisadores, a análise abrangente só foi possível porque houve uma colaboração de pesquisadores que concordaram em compartilhar seus dados, o que permitiu que o estudo não apenas resumisse as evidências já existentes, mas também ilustrasse o acúmulo das que não estariam disponíveis de outra forma.

A meta-análise não abordou o uso profilático nem outros resultados além da mortalidade. “Todos os estudos, exceto três, excluíram crianças e a maioria excluiu mulheres grávidas ou lactantes. Para pacientes ambulatoriais idosos ou com comorbidades, as evidências são esparsas.

A maioria dos 28 estudos excluiu também pessoas com comorbidades com maior risco de eventos adversos pelo uso de hidroxicloroquina ou cloroquina, detalhou o documento.

Ineficácia comprovada


O documento afirma a ineficácia da hidroxicloroquina e cloroquina com base em estudos anteriores. Um deles, o Recovery, da Universidade de Oxford, concluiu que havia maior chance de morte na administração da hidroxicloroquina do que entre pacientes que não haviam tomado a droga.

O estudo mostrou que após 28 dias da administração do medicamento entre pacientes com Covid-19, 25,7% haviam morrido, em comparação com 23,5% dos que tinham recebido os cuidados habituais isoladamente. Diante dos resultados, o remédio parou de ser administrado imediatamente, e a pesquisa foi cancelada.

“O Recovery indicou nenhum benefício na mortalidade para pacientes com Covid-19 tratados [com hidroxicloroquina], junto com hospitalização mais longa e maior risco de progressão para ventilação mecânica invasiva e / ou morte”, descreve o documento.

A meta-análise cita também o estudo Solidarity, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que também já havia indicado ausência de benefícios na mortalidade por Covid-19 com o uso da hidroxicloroquina. Ao contrário, o estudo alertou que seu uso pode causar efeitos adversos. Desde então, a OMS faz “forte recomendação” contra seu uso no combate ao coronavírus.

Efeitos adversos


De acordo com Bruno Caramelli, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a meta-análise confirma a falta de eficácia da hidroxicloroquina e da cloroquina no combate à Covid, adicionando sua relação com a mortalidade dos infectados com Covid-19.

“Já sabíamos que a hidroxicloroquina e a cloroquina não funcionam para tratar Covid-19, mas agora, com essa meta-análise, sabemos que o remédio pode matar. Quem recebe hidroxicloroquina para tratar Covid-19 tem uma chance de morte 11% maior do que quem não tomou”, afirma Caramelli.

Estudos anteriores já demonstraram que o uso indiscriminado da hidroxicloroquina pode causar arritmias cardíacas, mas o mais importante é que ele não funciona para Covid-19. “Sendo assim, não deveria sequer ser receitado”, afirma o médico.

Estudos randomizados já comprovaram que a droga é ineficaz tanto na prevenção quanto nos tratamentos de casos moderados e graves de Covid-19, sendo contraindicado em todos eles, explica o infectologista Alexandre Naime, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Os trabalhos mostram que a hidroxicloroquina no paciente crítico pode aumentar o risco de distúrbios cardíacos, sobretudo em dosagens altas”, afirma.

O uso indiscriminado da droga, com dosagens diferentes aplicadas em hospitais e no uso pelo kit Covid é ainda mais perigoso porque deixa uma zona cinzenta sobre os efeitos colaterais do medicamento, explica o infectologista Álvaro da Costa.

Uso no Brasil


O Ministério da Saúde já fez recomendação públicado uso da hidroxicloroquina para estados e municípios. Em junho do ano passado, o Ministério enviou para a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) um documento que trazia como "medidas essenciais a tomar e divulgar" a consideração da prescrição do remédio.

A recomendação da pasta virou alvo de investigação da recentemente instalada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Planos de saúde são acusados de oferecer o medicamento mesmo sem comprovação científica e também viraram alvo da CPI.

Diante desse quadro, a distribuição da medicação no Brasil teve um salto no ano passado. O Painel de Notificações de Farmacovigilância da Anvisa registrou, em 2020, um aumento de 128% nas notificações de efeitos adversos por ingestão de medicamentos.

A lista é encabeçada por alguns nomes que ficaram bastante populares por aqui durante a pandemia: cloroquina (aumento de 558%), azitromicina (228%) e até a ivermectina, que em 2019 não registrava nenhum caso de efeito adverso, e no ano passado registrou 11.

O presidente Jair Bolsonaro já defendeu em várias ocasiões o uso da droga. Em uma delas, chegou a dizer para não perturbarem quem quisesse tomar. E, em outra, incentivou a liberdade dos médicos em receitar o que achassem correto.

Erro médico


Pressionado para falar em nome da classe médica, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se pronunciou sobre a ineficácia da medicação recentemente, meses depois de atribuir a responsabilidade individual aos médicos por receitá-la. Segundo o vice-presidente do CFM, Donizette Giamberardino Filho, a entidade não endossa nenhum medicamento para tratamento da Covid-19.

No ano passado, o conselho aprovou parecer que facultou aos médicos a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves, moderados e críticos de Covid-19. Questionado sobre o fato de médicos ainda prescreveram a hidroxicloroquina no Brasil, Donizette afirmou que os médicos poderiam “responder por isso”.

Para Caramelli, as evidências científicas da ineficácia da hidroxicloroquina deveriam ser suficientes para a prescrição ser banida do país e não encarada como uma forma de autonomia do médico. Para o professor da USP, receitar uma medicação que sabidamente não resolve o problema é um exemplo de erro médico.

“Se existe evidência de que a medicação prescrita não funciona e mesmo assim o médico prescrever, isso tem que ser incorrido como erro médico, com efeitos de cassação de CRM”, afirma.

A controvérsia em torno do uso da droga no Brasil ganhou outro contorno após denúncia de experiências com nebulização de hidroxicloroquina em pacientes no Estado do Amazonas. Para Álvaro da Costa, a estratégia não tem embasamento científico e deve ser considerada um "ato criminoso".

"Sabemos que medicação inalatória pode desencadear bronco espasmo. Por isso tem que ser muito estudado, avaliado em ensaios clínicos, para que a gente possa utilizar em larga escala", afirma o infectologista.

Tratamentos eficazes


Há medicações consideradas eficazes para tratar os casos moderados ou graves da doença, que são os que exigem hospitalização, explica Naime. Mas todos eles devem ser usados no ambiente hospitalar, sendo contraindicada a automedicação, segundo o infectologista.

Por unanimidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial, em caráter experimental, de um coquetel contra a Covid-19 composto por casirivimabe e imdevimabe – o –REGN-COV2 em seu nome comercial, indicado para casos leves de Covid-19, afirma Naime.

Para os casos moderados e graves, ele cita o uso do antiviral Remdesivire nos casos mais graves a Dexametasona, que só devem ser usados nos hospitais. “Com exceção destas drogas, todas as outras falharam em demonstrar eficácia ou já demonstraram ineficácia contra a Covid-19”, disse.


segunda-feira, 26 de abril de 2021

Mãe denuncia negligência médica após morte de bebê no hospital municipal de Novo Progresso





Imagem ultrassom mostra normalidade na gestação (foto:reprodução) – Deuzirene de Araújo Souza acredita que foi vítima de um erro médico durante o parto do filho no Hospital Municipal de Novo Progresso-PA.

Morte de bebê em hospital levanta dúvidas sobre procedimento em Novo Progresso.

Deuzirene de Araújo Souza, de 23 anos, se diz inconformada com o atendimento que recebeu durante um parto no Hospital  Municipal de Novo Progresso.

Era para ser o primeiro filho de Deuzirene , mas ela acredita que foi vítima de um erro médico na hora do parto. Em relato, ela explicou que o bebê precisava de cesárea, não podia nascer normal e que não fizeram a cesárea, forçaram o nascimento natural.

“Viram que o bebê não ia nascer normal, mas, mesmo assim, fizeram o parto e puxaram ele. Quando tiraram ele, o médico disse que estava morto.

Vejam a denuncia



A direção do HMNP foi procurada e disse que tudo teria ocorrido dentro da normalidade.

Vejam a nota do HMNP

A direção do hospital Municipal ressalta que seguiu todos os protocolo determinado pelo ministério da saúde, como podemos observar no prontuário da paciente, e que está prestando todos apoio psicológico a família.


Folha do Progresso