Segundo a família, mesmo 2 dias após a morte, o corpo de João não foi refrigerado e ainda estava com os eletrodos que recebeu no atendimento
Os familiares de um jovem vítima de um mal súbito durante uma partida de vôlei na última quinta-feira (4/11) denunciam negligência no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Os parentes do rapaz ainda não conseguiram realizar o sepultamento de João Henrique dos Santos Silva (foto em destaque), de 28 anos, devido à demora na liberação do corpo. Como exemplo de descaso, os parentes do rapaz dizem que o corpo do auxiliar de cartório foi deixado fora da câmara fria e teria entrado em decomposição, impossibilitando o velório com caixão aberto.
João foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após passar mal durante um treino, num ginásio de esportes da região administrativa. Ele foi levado para a unidade de saúde, e, mesmo após as manobras de reanimação, teve o óbito declarado.
Irmã da vítima, a administradora Priscila dos Santos Silva, 34, revela que ligou diariamente no hospital, onde foi informada que o corpo de João seria encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) após passar por um teste de Covid-19. “Como ele era muito jovem, deveriam verificar o que ocasionou esse mal súbito”, conta ao Metrópoles.
A família foi informada sobre o resultado do teste somente na noite de sábado, e que estava autorizada a remoção. “No domingo pela manhã o SVO nos ligou e disse que não poderia fazer a remoção pois o corpo já estava em avançado estado de decomposição. O corpo não foi refrigerado, nem embalado, ainda estava com os eletrodos que recebeu no atendimento. Ficou jogado em uma maca”, denuncia Priscila.
Após realizar um novo exame de Covid, o SVO solicitou autorização para que o corpo fosse transferido para o Instituto Médico Legal (IML), de onde foi liberado somente na tarde desta segunda-feira (8/11). “Tinha até larva e mosquito no corpo do meu irmão. Ficou lá, largado [no hospital], ninguém tem que passar por isso, a gente não vai conseguir dar um enterro digno”, lamenta.
A família planeja abrir uma ação judicial contra o hospital por negligência. “A gente quer justiça para que não aconteça com outras pessoas. Várias chefias de equipe passaram por ele, e nenhum plantonista fez nada. Todos foram negligentes”, acusa Priscila.
Procurada pelo Metrópoles para comentar as acusações, a Secretaria de Saúde informou que o caso está sendo tratado como prioridade máxima. “A pasta esclarece, ainda, que se forem constatadas falhas de protocolo, os responsáveis serão penalizados”, diz a nota.
Paixão pelo Vôlei
João era jogador do Fênix Vôlei – equipe sediada em Sobradinho. Nas redes sociais, o time lamentou o ocorrido.
“Nosso atleta e grande amigo partiu, mas a amizade vai sempre permanecer nas nossas lembranças e em nossos corações. É difícil dizer qualquer coisa nesse momento de dor. Só desejamos que você descanse em paz, amigo. Não conseguimos dizer adeus e nem sabemos como aceitar a sua partida.
Você agora é nosso atleta no céu, João, e com toda certeza alegrará o céu com sua chegada. Sentiremos falta da sua alegria e felicidade contagiante. Nossos corações estão partidos. A família Fênix te ama além da vida. Desejamos força aos familiares e amigos”, diz o comunicado.
Companheiro de time, Leonardo da Silva Fernandes, 27, também lamentou a partida precoce do rapaz. “O João era muita intensidade: amava dançar, cantar, jogar vôlei. Um amigo muito leal e verdadeiro, sempre com os melhores conselhos, gostava muito de militar e sempre foi defensor de muitas causas”, revela. “Ele, para mim, era um exemplo em todos os aspectos. Jogamos juntos nas mesmas equipes de vôlei sempre, éramos inseparáveis. O João era alegria o tempo todo, se amava muito. Vai fazer muita falta meu irmãozinho, após 12 anos de muita amizade e de várias histórias”.
João será sepultado nesta terça-feira (9/11), às 11h, no cemitério de Planaltina, quase uma semana após a morte.
Metrópoles
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