Segundo especialista, microrganismos têm a característica de se manter em objetos metálicos e de plástico. Médico está impedido de atender em hospitais até a apuração de denúncias contra ele.
Bactérias foram detectadas em exames de pacientes de médico suspeito de deformar narizes
Já são ao menos 12 tipos de microrganismos detectados em exames de pacientes do médico Alan Landecker, das que estão presentes em fezes até os que podem causar necrose na pele. O médico é acusado por cerca de 30 pessoas, que apresentaram contaminação por bactérias após serem operadas por ele.
“Essa microbatectéria acaba como se fosse comendo ali algum tipo de tecido aonde ela está, ela se instala. Onde ela se multiplica. A pseudomonas aeruginosa tem essa característica de se manter em objetos inanimados, metálicos ou de plásticos. Essas são as que causam realmente grande perigo em ambientes hospitalares, ambientes de clínicas”, diz Luiz Gustavo de Almeida, microbiologista da USP e do Instituto Questão de Ciência.
A clínica do Dr. Landecker fica em um bairro nobre da Zona Oeste da capital paulista. Em junho, uma vistoria da Vigilância Sanitária interditou o local para procedimentos com instrumentos cirúrgicos. O relatório obtido pelo Fantástico aponta falhas no processo de esterilização. Para os inspetores que assinam o documento, o risco era elevado.
“A Vigilância sugeriu algumas alterações no consultório que poderiam ser melhoradas. Fizemos todas as alterações. Na verdade, é muito raro você encontrar uma clínica no mundo que tenha 100% do que a Vigilância Sanitária exige. Nós hoje temos isso”, afirma Landecker.
Dr. Landecker diz ter descoberto as infecções graves em janeiro. Mas só em junho, mês da interdição, contratou uma consultoria especializada em segurança do paciente.
“A primeira sugestão foi trocar de hospital. Então, atualmente realizamos todas as nossas cirurgias no Hospital Israelita Alberto Einstein há seis meses já com bastante satisfação. Mais de 50 cirurgias realizadas, não tivemos nenhum quadro de infecção”, afirma.
O Albert Einstein confirma que não há registro de ocorrência no hospital e diz que afastou o médico enquanto o caso é apurado interna e externamente.
Os três hospitais onde ele atuava antes da mudança — Hospital Sírio-Libanês, Vila Star e São Luiz — também o impediram de fazer cirurgias em suas unidades. Todos garantem a assepsia total de suas dependência e rigor nos procedimentos com instrumentos cirúrgicos.
Investigação do Ministério Público
A Polícia Civil e o Ministério Público estão investigando o cirurgião plástico de São Paulo Alan Landecker. Cerca de 30 pacientes dele apresentaram contaminação por bactérias — todos operados por ele, em três hospitais diferentes, no último ano.
Landecker falou sobre o caso pela primeira vez, para o Fantástico, desde que os relatos de vítimas com narizes deformados vieram a público:
“Não cometi nenhum erro. Sou um ser humano como todos, como os pacientes inclusive. Nós, médicos, não somos deuses. Erros podem acontecer. Mas não são erros por intenção, não são erros propositais, podem ser erros de julgamento. O fato é que não existe nenhuma prova séria, definitiva e confiável que a equipe médica cometeu qualquer tipo de erro durante o procedimento."
Questionado como se sente ao olhar para tantos pacientes com o nariz deformado, Alan diz: "Me sinto um derrotado, porque nós trabalhamos em um nível absurdo de detalhe".
Além do médico, o Fantástico ouviu dois dos pacientes que o acusam. O empresário mineiro Veraldino Júnior ainda não se livrou das bactérias. Atualmente, toma antibióticos na veia três horas ao dia e teve de suspender o uso de um dos medicamentos, que estava causando surdez.
“São 14 meses que vivo em função de um nariz. Já gastei mais de R$ 300 mil com médico, viagem de avião, medicamento. A parte estética deixou de ser importante para mim. Hoje ,só quero viver. Quero voltar a trabalhar, a ter uma vida", diz Veraldino.
A ex-modelo Sarah Cardoso também segue em tratamento com outros profissionais. Ela revelou que ficou com um buraco no nariz, com a cartilagem exposta, e quando o médico a informou que havia uma infecção no local, disse que era um caso único em sua carreira.
"É muito difícil você olhar no espelho e não se reconhecer. É muito triste que um sonho seu tenha se transformado em um pesadelo tão longo", lamenta.
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