quinta-feira, 14 de julho de 2022

Anestesista preso após estupro é réu por erro de diagnóstico; paciente ficou em coma e perdeu dedão


Mulher teve dois diagnósticos errados, um deles dado por Giovanni, até ser diagnosticada com H1N1 no Hospital de Irajá, na Zona Norte. Vítima teve que reconstruir o tendão de Aquiles e perdeu cabelo. Giovanni nunca apresentou defesa durante o processo.


Quatro pessoas prestam depoimento na investigação sobre o médico preso por estupro durante parto

O médico Giovanni Quintella Bezerra, preso em flagrante por estuprar uma mulher na sala de parto durante uma cesariana, é réu em um processo por erro médico.

O processo é movido por uma mulher que teve dois diagnósticos equivocados, um deles de Giovanni, até ser atendida no Hospital de Irajá, na Zona Norte, e ser diagnosticada com H1N1 (gripe suína). Por causa da doença, ela perdeu o dedão do pé direito e chegou a passar 23 dias em coma. A vítima pede indenização por danos morais.

Paciente diz ter sido vítima de erro médico da equipe de Giovanni Quintella

Giovanni, que está preso pelo estupro e tem audiência de custódia marcada para esta terça-feira (12), às 13h, responde a processo por erro médico junto com o Hospital Mario Lioni e outros três profissionais.

"Nós requeremos que ele seja condenado e sejam aplicados os efeitos da revelia ante a falta de defesa", afirmou a advogada Rafaela Poell, que entrou com a ação indenizatória.

Diagnósticos errados


O caso aconteceu em julho de 2018. O primeiro atendimento foi realizado no Hospital Mario Lioni, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A vítima chegou à unidade com "delírios, calafrios, dificuldade na respiração, com falta de ar, tossindo muito e tontura."

O primeiro diagnóstico foi de infecção urinária. A equipe de enfermagem alertou à médica que fez o primeiro atendimento que outros exames deveriam ser realizados para descartar um caso mais grave, porém os remédios para infecção urinária foram ministrados, e a paciente recebeu alta.

O quadro, no entanto, não melhorou. A paciente retornou então ao hospital, onde atendida por Giovanni.

De acordo com o processo, Giovanni reforçou o diagnóstico de infecção e disse que a paciente estaria com "ansiedade, e que seu estado físico estava bem".

Naquele momento, os sintomas pioraram e a mulher passou a sentir "fortes dores de cabeça, dores nas costas, tosse com sangue e intensa falta de ar e dor no pulmão".

Quando foi levada a um terceiro profissional de saúde, um cardiologista, o quadro da vítima piorou: "enorme falta de ar, chegou a ter sua visão afetada, em virtude da falta de oxigenação para a córnea, causando cegueira momentânea, tossindo catarro com sangue, de espessura grossa e de grande volume, afetando seu raciocínio, mobilidade motora, pressão elevada, dormência e desorientação no tempo e espaço".

Na quarta ida ao médico, já no Hospital de Irajá, foi constatada uma pneumonia severa, com apenas 25% dos pulmões em funcionamento.

A paciente foi diagnosticada como portadora do vírus H1N1. Ela ficou em coma por 23 dias, devido a uma trombose por falta de fluxo sanguíneo.

Sequelas


Uma das sequelas foi a perda do polegar do pé direito. Ela também teve o nervo do joelho direito afetado e o tendão de Aquiles precisou ser reconstruído. A paciente ainda perdeu muito cabelo, teve distrofia muscular e perda de memória antiga.

Por causa disso, as advogadas Rafaela Pereira Poell e Bárbara Badin Garcia entraram com uma ação indenizatória por erro médico em razão de erro de diagnóstico contra os três médicos e o hospital.

O Hospital de Clínicas Mário Lioni ressaltou que o processo não possui qualquer relação com o tema das acusações recentes contra Giovanni Quintella Bezerra. "Adicionalmente, a instituição informa que apresentou sua defesa à 5ª Vara Cível, em janeiro de 2020, dentro do prazo legal. Vale destacar que o processo se encontra ainda em fase inicial de apuração, pois os profissionais autônomos citados ainda não apresentaram as suas respectivas defesa", acrescentou a unidade de saúde.






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