terça-feira, 19 de julho de 2022

Médico é preso acusado de manter paciente em cárcere privado por mais de um mês depois de cirurgia dar errado

 

Paciente passou por complicações em um procedimento estético no abdômen. Médico impediu transferência da vítima para outra unidade de saúde.


Médico é preso acusado de manter paciente em cárcere privado por mais de um mês depois de cirurgia dar errado

No Rio, um médico cirurgião é acusado de manter uma paciente em cárcere privado por mais de um mês no hospital, depois de complicações em um procedimento estético.

O médico acusado de esconder o que fazia dentro do hospital também não quis mostrar o rosto na hora de ser preso nesta segunda-feira (18) no começo da tarde. Os policiais prenderam o cirurgião plástico Bolivar Guerrero Silva dentro do centro cirúrgico do Hospital Particular Santa Branca, em Caxias, na Baixada Fluminense.

Bolívar é suspeito de manter a paciente em cárcere privado dentro da unidade de saúde por mais de um mês. Parentes contaram que a mulher de 35 anos está em estado grave por causa das complicações de um procedimento estético no abdômen feito por ele e que o médico impediu a transferência dela para outra unidade de saúde, mesmo depois de vários pedidos.

Na sexta-feira (15), os investigadores conseguiram falar por telefone com a paciente e disseram que ao atender, ela estava desesperada e pediu para ser retirada do hospital com medo de morrer. Os agentes entraram e viram que o estado de saúde dela era crítico.

Em seguida, a polícia pediu e a Justiça determinou a prisão temporária do médico e a suspensão do registro profissional dele no Conselho Regional de Medicina. A ordem judicial também determina a condução coercitiva de dois assistentes do médico, dois funcionários e do diretor clínico do Hospital Santa Branca.

“Ela tinha direito de acompanhante, mas não tinha direito a sair do hospital. O cárcere é quando é impedida sua liberdade de locomoção”, explica a delegada Fernanda Fernandes.

O médico equatoriano Bolivar Guerrero Silva tem o diploma validado no Brasil e foi preso por no Rio 

Bolivar Guerrero Silva é equatoriano e tem o diploma validado no Brasil. Ele trabalha em Caxias desde 1996 e é popular na internet, só em uma rede social soma quase 40 mil seguidores. O nome de Bolivar aparece em 19 processos, a maioria casos de pacientes que denunciaram erro médico.

Em 2010, Bolivar chegou a ser preso e indiciado por formação de quadrilha, crimes contra a relação de consumo e exercício ilegal da medicina. Ele era um dos donos do hospital, na época, e foi acusado de usar produtos falsificados e aplicar medicamento para preenchimento facial sem registro na Anvisa.

A vítima ainda está no hospital e espera para saber como vai ser cumprida a decisão liminar que determina a transferência. Falamos com ela por telefone:

“Ele falou que só me transferia se eu assinasse o termo de responsabilidade. Não tinha como ele me transferir para outro hospital, outro hospital não iria cuidar de mim do jeito que ele ia me cuidar".

A paciente também respondeu se ela sentiu presa:

"Sim, sim. Meu sentimento é de apavoramento, de dor, de angústia, de querer ir embora, de querer sair daqui, de querer ter liberdade”.

O Jornal Nacional procurou a defesa de Bolívar Guerrero Silva, mas nossas ligações não foram atendidas.

O Hospital Santa Branca afirmou que as acusações de cárcere privado na unidade são infundadas e absurdas, disse ainda que repudia as práticas criminosas que foram atribuídas ao hospital.

O Conselho Regional de Medicina do Rio abriu sindicância para apurar o caso.



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