Ao A10+, unidade de saúde rebate versão apresentada pela família e dá detalhes sobre o caso
Uma mulher, que preferiu não se identificar, denunciou que a sobrinha, uma jovem de 19 anos, foi vítima de suposta negligência no último sábado (18), após procurar o Hospital Nossa Senhora do Livramento no município de José de Freitas, no interior do Piauí. Segundo a família, o bebê nasceu morto.
Segundo relatou a tia da vítima ao A10+, a sobrinha estava grávida de nove meses e sentiu contrações por volta das 6 horas da manhã e procurou a unidade hospitalar para atendimento informando que se tratava de uma gravidez de risco. A tia da jovem conta que a enfermeira do local passou apenas um medicamento informando que se tratava de dores normais e que a mesma poderia voltar para casa.
Ao chegar em casa, a jovem sentiu mais dores e retornou ao hospital. A tia então se dirigiu a unidade de atendimento e pediu que sobrinha fosse levada à maternidade de Teresina para receber o tratamento necessário.
“Eu perguntei a enfermeira por qual motivo minha sobrinha ainda se encontrava no hospital e por qual motivo ainda não teriam mandado ela pra maternidade em Teresina. A enfermeira não soube explicar. Eu persisti e disse que ela estava muito pálida e perguntei como estava o bebê. A enfermeira falou pra não se preocupar que era normal perder sangue e que em relação a criança ela não ouviu mais os batimentos. A regulação na senha demorou, o SAMU pra leva minha sobrinha demorou. Quando chegamos na maternidade os médicos foram muitos ágeis, levaram ela de imediato para sala de cirurgia para retirar a criança e salvar a vida da mãe”, afirma a tia da vítima.
Após o atendimento, a família tomou conhecimento que o bebê, um menino, estava em óbito no mínimo há duas horas, com aspecto roxo e rígido. A suspeita é que a placenta tenha se deslocado do útero e a criança ficou sem oxigênio.
“O médico disse que a criança morreu ainda no hospital de José de Freitas pelo trajeto. De José de Freitas pra Teresina de ambulância não vai 50 minutos. Eu fui do lado do motorista, ele estava indo muito rápido. Pela lógica a criança ainda faleceu aqui (em José de Freitas). Os médicos mesmo falaram que a criança morreu no hospital daqui. Se na primeira vez que minha sobrinha foi ao hospital a enfermeira tivessem examinado, deixado ela em observação, a criança não teria morrido. Os médicos mesmo falaram que os hospitais têm o costume de ficar segurando o paciente só manda pra Teresina quando já está morto ou nas últimas para morrer”, conta a tia da vítima.
Família pede justiça
Segundo a tia, a sobrinha ainda está hospitalizada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A jovem já tem uma filha de 4 anos de idade. Com a denúncia de negligência, a família pede agora uma melhor fiscalização no hospital.
“Nada vai trazer a vida do nenê e nem vai tirar o trauma que minha sobrinha vai leva pro resto da vida. Mas sim quero mostrar o que acontece no hospital Nossa Senhora do Livramento em José de Freitas. Peço fiscalização para o hospital e mais médicos, melhor atendimento para população para que não venha acontecer com outras famílias o que aconteceu com a minha”, finaliza.
Hospital rebate versão
Ao A10+, a diretora do hospital Nossa Senhora do Livramento, Socorro Silva, relatou que a paciente chegou com dores por volta das 18h30, mas que inicialmente nenhum dos sintomas apresentados por ela indicava o descolamento da placenta e que por isso ela foi mandada para casa. Ela afirmou, por inúmeras vezes, que não houve negligência no atendimento.
"Ela estava apenas com dores em baixo ventre e umas dorzinhas normais que sempre as gestantes apresentam, por exemplo, quando está chegando no terceiro período. Os sintomas de descolamento da placenta é hiperprolactinemia, é aumento de pressão, é sangramento, é aquela barriga dura. Nesse momento que a paciente chegou ela não apresentava nenhum desses sinais. Então ela foi orientada que não tinha nenhuma alteração no momento e que ela ficasse observando qualquer coisa ela retornava. Duas horas depois ela retorna, nesse primeiro momento ela estava só. Não tinha nenhum acompanhante. Inclusive esses acompanhantes dela foram na rádio, falaram absurdos que nenhum estavam com ela na hora pra contar o que de fato aconteceu", disse.
Ainda em entrevista, ela alegou que a paciente retornou horas depois e já apresentava os sintomas. Diante disso, eles iniciaram o atendimento para estabilizá-la e acionaram o protocolo de transferência para uma maternidade em Teresina por conta da gravidade do caso.
"A paciente foi prontamente atendida a gente fez os primeiros atendimentos... de forma rápida, porque é um caso que não tinha mais jeito, uma situação de risco tanto pra mãe como pro feto. Prontamente atenderam a paciente, foi colocada a medicação… na hora já falou 'a paciente ela está tendo um descolamento da placenta e é uma situação de emergência, então a gente vai transferir ela agora pra Teresina'. Para nós transferirmos para Teresina, a gente tem que pedir a senha de regulação, então a colocamos no sistema da regulação, mas logo a gente recebeu essa senha. A gente chamou o SAMU, ele chegou e estabilizou a paciente, colocamos na ambulância e ela só passou meia hora no hospital. Foi o tempo de estabilizar, a ambulância chegar e a gente foi para a Evangelina Rosa", declarou.
Na declaração da diretora, ela afirmou que o período entre a chegada da paciente e a saída dela, foi entre às 20h15 e 20h45, e a situação em que a mãe estava havia sido comunicada para os acompanhantes da paciente.
"Descolamento de placenta é uma situação de emergência e foi explicada pra família na hora o que era aquilo. No segundo momento em que ela chegou, já identificamos. No primeiro, nós não identificamos nenhum sinal. No segundo momento que ela chegou ali na hora que a gente viu a gente já disse que ela está tendo um descolamento, porque foi visto todos os sinais que eram descolamento de placenta: hipertonia uterina, aumento de PA, sangramento intenso, a barriga dura e PCR inaudível. Então ali a gente estabilizou a paciente, claro que primeiro a gente ia estabilizar se não ela ia morrer também…. ela chegou às 20h15 no hospital, que a gente já identificou a emergência e às 20h45 ela estava dentro da ambulância sendo transportada", explanou.
Diretora diz que risco era o mesmo para bebê e mãe
Ao A10+, a diretora também retrucou a versão da família em que eles teriam tomado conhecimento que o feto estava em óbito por no mínimo duas horas. Ela explicou que o caso da paciente era de risco para ambos, o feto e a mãe, mas que todos os procedimentos necessários foram prestados para a paciente quando ela estava no hospital em José de Freitas.
"Já estava morto na barriga. O normal é o bebê nascer e depois vir a placenta, só que essa placenta deslocou antes e como sangra muito o bebê morre asfixiado. A mãe pelo fato de perder tanto sangue ela pode também entrar num choque hipovolêmico e evoluir para o óbito. Segundo ela, foi direto pro centro cirúrgico, mas não houve negligência médica. Disseram que deixamos, que estávamos com nojo da paciente, que nem os lençóis foram trocados, a situação é que a mãe tem que ficar restrita ao leito. A gente não pode fazer movimento, as coisas foram feitas tudo em cima do leito, mas ela teve todos os atendimentos necessários naquela emergência", finalizou.
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