domingo, 12 de fevereiro de 2023

Jovem fica quatro dias com bebê morto na barriga até conseguir parto induzido em hospital do DF; família denuncia negligência

 

Chayene da Silva, de 19 anos, tinha pressão alta e diabetes, e foi liberada em dois hospitais públicos da capital. Na data marcada para o parto, bebê estava morto; Secretaria de Saúde diz que analisa possível infração ética.


Chayene da Silva estava grávida de Noah Henrique

Uma jovem de 19 anos perdeu o bebê e precisou esperar quatro dias internada, com o filho morto na barriga, até conseguirem induzir o parto, no Hospital Regional de Samambaia, no Distrito Federal. A família acusa a unidade médica de negligência.

Chayene da Silva é moradora de Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, e foi orientada no posto de saúde da cidade a procurar um hospital no DF, por problemas de saúde. Após a passagem por duas unidades públicas da capital e ser liberada, o médico do hospital de Samambaia constatou que o bebê não tinha mais batimentos cardíacos (veja detalhes abaixo).

Em nota, a Secretaria de Saúde do DF disse que "cada profissional tem autonomia para seguir a conduta médica que considerar necessária". A pasta informou que a corregedoria vai avaliar a possibilidade de ter ocorrido alguma infração ética e, caso seja necessário, serão tomadas as devidas providências.

A criança foi retirada na última terça-feira (7). A família registrou ocorrência na 32ª Delegacia de Polícia, Samambaia Sul, que vai investigar se houve negligência médica.

"A gente estava sonhando todos os dias, sonhando com essa criança. A gente entendeu a chegada dessa criança, o primeiro filho. É muito doído o que nós estamos passando. Eu não desejo para ninguém", lamenta Vanuza da Silva, mãe de Chayene.

Passagens pela rede pública


De acordo com Vanuza, no final da gravidez, um exame apontou que a jovem estava com problemas de pressão e diabetes gestacional. "Assim que a médica ficou sabendo desse problema, imediatamente, pediu para a gente levar para o DF e procurar um hospital", conta.

Primeiro, a família procurou o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). "Lá, ela foi atendida e a mandaram para casa. Voltamos no posto, dois dias depois, e a médica voltou a reclamar que era para a gente procurar um hospital para poder fazer o acompanhamento do pré-natal lá", lembra Vanuza.

Elas decidiram procurar o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), referência para casos mais complexos, como o de Chayene. A jovem ficou internada por quatro dias, até conseguir controlar a diabetes e a pressão alta.

A médica que atendeu Chayene entregou um documento informando que a paciente "esteve internada no Hmib para controle glicêmico", que recebeu "alta com bom controle", e diz que Chayene foi "orientada a procurar um pronto socorro obstétrico com 37 semanas para programação do parto".

Documento do Hmib sobre estado da paciente Chayene da Silva

A família disse ter sido informada no Hmib que, como a paciente mora em Santo Antônio do Descoberto, o parto só poderia ser feito no Hospital de Taguatinga ou no de Samambaia, que são hospitais mais próximos de onde Chayene mora. Com a chegada das 37 semanas de gestação, Vanuza levou a Chayene até o Hospital de Samambaia para programar do parto.

"A medica falou que estava tudo certo com o neném. As palavras dela foram essas: 'vamos esperar mais um pouco. Vocês voltam pra casa, ficam em casa. Sexta-feira que vem, vocês retornam com ela já pra ganhar neném'", diz a mãe de Chayene.

Ecografia


Hospital Regional de Samambaia, no DF

Uma semana depois, já com 38 semanas de gestação, Chayene voltou ao hospital de Samambaia. "O medico atendeu ela às 8h da manhã. Quando ele atendeu ele falou 'dona Vanuza, eu não estou escutando o coração do neném'", conta a mãe da jovem.

Vanuza diz que o médico acreditou que o aparelho que realiza a ecografia estava quebrado e, por isso, não estava emitindo som. Em seguida, elas foram orientadas a procurar uma clínica particular para fazer o exame. A família procurou um local próximo ao hospital em Samambaia, mas não encontrou e precisou ir até Ceilândia para realizar a ecografia.

"Na ecografia, quando [a médica] fez, ela falou assim: 'Vanuza, o aparelho do hospital não está estragado. Realmente foi constatada a morte do neném. Ele está morto'. Eu entrei em desespero", afirma Vanuza.






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