Idoso com clavícula quebrada procura UPA da capital e sai de lá parecendo uma múmia, engessado com roupa e tudo
Engessar um paciente com roupa e tudo é uma situação bizarra. Imaginar que um médico foi o autor dessa proeza é algo quase inimaginável. Mas o que parecia impossível aconteceu numa UPA de Belo Horizonte. A vítima da “criatividade” do médico, que não teve o nome revelado, foi Raimundo Januário Barroso, de 61 anos. Um homem humilde que há 30 anos presta serviços a comerciantes da avenida Alphonsus de Guimarães, no bairro Pompeia.
O absurdo da história fez a Prefeitura de Belo Horizonte a determinar um processo administrativo para apurar a conduta do médico. O Conselho Regional de Medicina (CRM) também abriu procedimento e vai ouvir o médico e outras pessoas envolvidas.
A saga de Raimundinho, como ele é chamado, começou há 15 dias após um tombo. Na ocasião, o idoso foi à UPA Leste e soube que havia fraturado a clavícula. Voltou para casa com o braço enfaixado e o incômodo das dores. Nessa quinta-feira (26), sem conseguir controlar o sofrimento, Raimundinho procurou a unidade novamente e saiu pior do que entrou. O médico que o atendeu nem se preocupou em pedir a Raimundinho para retirar a camisa e o idoso saiu da UPA quase como uma múmia. O braço ficou preso ao tronco com roupa e tudo.
Na rua, quem viu a cena parecia não acreditar. Muita gente parou para filmar e os vídeos tomaram conta da internet nesta sexta-feira (27). “Não sei onde chegaram com o descaso com a saúde pública”, reagiu a comerciante Maria Izabel Assis Souza, de 60 anos, autora de um dos vídeos. A indignação nas redes sociais foi imediata.
Revoltados, os comerciantes acionaram a Guarda Municipal. Mas, muito humilde e aliviado por não estar sentindo mais dores, Raimundinho se recusou a registrar boletim de ocorrência por acreditar que o procedimento médico foi o correto.
“De falta de humanidade eu já estou cansada. Raimundinho é uma pessoa humilde. Aceita as coisas. Se fosse comigo, como você, talvez, a gente perguntaria: ‘Uai, doutor, o senhor vai me imobilizar assim e como eu vou tomar um banho, em cima de roupa?’. Mas ele não tem esse esclarecimento. Isso me doeu muito mais no coração”, disse a comerciante, emocionada.
Nota oficial
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) abriu processo administrativo para apuração dos fatos. “A princípio, foi apurado pela SMSA que foi feito um procedimento de imobilização temporária para atendimento de paciente com indicação cirúrgica. O paciente já foi submetido a outro exame de raio X e já conta com outro tipo de imobilização”, informou a SMSA.
Avaliação
O Hospital Odilon Behrens, para onde Raimundinho foi levado nesta sexta-feira (27) não deu detalhes da situação de saúde do idoso. A reportagem do Super Notícia conseguiu confirmar, porém, que o paciente foi avaliado por uma equipe médica e ficou internado. Ele estava acompanhado de um sobrinho, que não quis falar com a reportagem. A cirugia está marcada para esta sábado (28).
“O médico deve ter ficado com nojo dele”
Raimundinho mora com a família na Vila São Rafael, no bairro Pompeia, e presta serviços a comerciantes da região, onde é conhecido por todos por sua simpatia e honestidade. “Apesar de ele beber muito, ele é bastante educado. Ele não incomoda. Não mexe com ninguém. Tudo que a gente quer, ele faz para a gente. Se ele paga uma conta, se sobra um centavo, ele faz questão de devolver um centavo”, conta a comerciante Maria Izabel.
O comerciante Hélio Lucioli, de 72 anos, disse ter ficado revoltado com o que considera descaso com o ser humano. “Parece que o médico teve nojo de pegar em um ser humano. É um cara muito simples, família humilde. Nota 10 para ele. E nota zero para quem o atendeu na UPA Leste”.
Nesta sexta-feira (27), a prefeitura buscou Raimundinho em casa e o encaminhou para o Hospital Odilon Behrens. O gesso foi retirado e ele deve ser submetido hoje a uma cirurgia.
Minientrevista
Fábio guerra
Presidente do CRM
Quais providências o CRM vai tomar?
É uma situação que foge ao padrão, o habitual. Mesmo tomando conhecimento através de mídia, sem ter uma denúncia formal, a gente toma essa situação como uma investigação de ofício. Já solicitei ao setor responsável abertura de um procedimento administrativo para avaliar a situação como um todo, ouvir os envolvidos e pedir uma explicação ao profissional.
O médico pode ser punido?
Um conselheiro vai fazer a análise da situação e emitir um relatório, que vai ser votado. Ele pode propor o arquivamento ou abertura de um processo ético profissional para apurar o caso com mais detalhamento. Se comprovada alguma falha ou infração, o médico pode ser penalizado. A cassação do registro profissional é uma das penalidades. Mas, antes da cassação, temos desde uma advertência confidencial a uma suspensão temporária.
O absurdo da história fez a Prefeitura de Belo Horizonte a determinar um processo administrativo para apurar a conduta do médico. O Conselho Regional de Medicina (CRM) também abriu procedimento e vai ouvir o médico e outras pessoas envolvidas.
A saga de Raimundinho, como ele é chamado, começou há 15 dias após um tombo. Na ocasião, o idoso foi à UPA Leste e soube que havia fraturado a clavícula. Voltou para casa com o braço enfaixado e o incômodo das dores. Nessa quinta-feira (26), sem conseguir controlar o sofrimento, Raimundinho procurou a unidade novamente e saiu pior do que entrou. O médico que o atendeu nem se preocupou em pedir a Raimundinho para retirar a camisa e o idoso saiu da UPA quase como uma múmia. O braço ficou preso ao tronco com roupa e tudo.
Na rua, quem viu a cena parecia não acreditar. Muita gente parou para filmar e os vídeos tomaram conta da internet nesta sexta-feira (27). “Não sei onde chegaram com o descaso com a saúde pública”, reagiu a comerciante Maria Izabel Assis Souza, de 60 anos, autora de um dos vídeos. A indignação nas redes sociais foi imediata.
Revoltados, os comerciantes acionaram a Guarda Municipal. Mas, muito humilde e aliviado por não estar sentindo mais dores, Raimundinho se recusou a registrar boletim de ocorrência por acreditar que o procedimento médico foi o correto.
“De falta de humanidade eu já estou cansada. Raimundinho é uma pessoa humilde. Aceita as coisas. Se fosse comigo, como você, talvez, a gente perguntaria: ‘Uai, doutor, o senhor vai me imobilizar assim e como eu vou tomar um banho, em cima de roupa?’. Mas ele não tem esse esclarecimento. Isso me doeu muito mais no coração”, disse a comerciante, emocionada.
Nota oficial
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) abriu processo administrativo para apuração dos fatos. “A princípio, foi apurado pela SMSA que foi feito um procedimento de imobilização temporária para atendimento de paciente com indicação cirúrgica. O paciente já foi submetido a outro exame de raio X e já conta com outro tipo de imobilização”, informou a SMSA.
Avaliação
O Hospital Odilon Behrens, para onde Raimundinho foi levado nesta sexta-feira (27) não deu detalhes da situação de saúde do idoso. A reportagem do Super Notícia conseguiu confirmar, porém, que o paciente foi avaliado por uma equipe médica e ficou internado. Ele estava acompanhado de um sobrinho, que não quis falar com a reportagem. A cirugia está marcada para esta sábado (28).
“O médico deve ter ficado com nojo dele”
Raimundinho mora com a família na Vila São Rafael, no bairro Pompeia, e presta serviços a comerciantes da região, onde é conhecido por todos por sua simpatia e honestidade. “Apesar de ele beber muito, ele é bastante educado. Ele não incomoda. Não mexe com ninguém. Tudo que a gente quer, ele faz para a gente. Se ele paga uma conta, se sobra um centavo, ele faz questão de devolver um centavo”, conta a comerciante Maria Izabel.
O comerciante Hélio Lucioli, de 72 anos, disse ter ficado revoltado com o que considera descaso com o ser humano. “Parece que o médico teve nojo de pegar em um ser humano. É um cara muito simples, família humilde. Nota 10 para ele. E nota zero para quem o atendeu na UPA Leste”.
Nesta sexta-feira (27), a prefeitura buscou Raimundinho em casa e o encaminhou para o Hospital Odilon Behrens. O gesso foi retirado e ele deve ser submetido hoje a uma cirurgia.
Minientrevista
Fábio guerra
Presidente do CRM
Quais providências o CRM vai tomar?
É uma situação que foge ao padrão, o habitual. Mesmo tomando conhecimento através de mídia, sem ter uma denúncia formal, a gente toma essa situação como uma investigação de ofício. Já solicitei ao setor responsável abertura de um procedimento administrativo para avaliar a situação como um todo, ouvir os envolvidos e pedir uma explicação ao profissional.
O médico pode ser punido?
Um conselheiro vai fazer a análise da situação e emitir um relatório, que vai ser votado. Ele pode propor o arquivamento ou abertura de um processo ético profissional para apurar o caso com mais detalhamento. Se comprovada alguma falha ou infração, o médico pode ser penalizado. A cassação do registro profissional é uma das penalidades. Mas, antes da cassação, temos desde uma advertência confidencial a uma suspensão temporária.
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