A cada dia um novo obstáculo afeta os trabalhadores e usuários da saúde pública em Campinas e a prefeitura segue negligenciando o direito à vida de milhares de pessoas. Desta vez os próprios médicos do Hospital Ouro Verde tiveram que relatar ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) que falta um laboratório para coletas de exames, ou seja, para realizar procedimentos que são fundamentais para se chegar aos diagnósticos e tratamentos dos pacientes.
Já são cotidianas as notícias a respeito da precariedade no Ouro Verde, um dos dois hospitais municipais, responsável pelo atendimento das regiões do Ouro Verde e Campo Grande, as duas mais populosas da cidade. Na semana passada relatamos aqui a indignante situação de filas com mais de sete horas de espera. Dessa vez os médicos e a equipe de saúde estão sem o apoio de um laboratório de exames clínicos, por isso os exames acabam indo até São Paulo para serem analisados ou levam mais de dez horas para receberem os resultados, quando tais exames conseguem ser realizados. Os médicos que fizeram a denúncia ao CREMESP afirmaram que tal demora prejudica o quadro dos pacientes, muitos dos quais estão em procedimento pré-operatório ou pós-cirúrgico, o que acaba levando a riscos ainda maiores.
A prefeitura de Jonas fecha os olhos para a crise na saúde de Campinas e quem mais sofre é a população que precisa do atendimento público, que deveria ser um direito garantido em primeiro lugar pelo governo. A falta de laboratório no Ouro Verde também é decorrente do escândalo de corrupção que envolve o Hospital, através da acusação da Organização Social Vitale Saúde que o administrava de ter desviado milhões em sua gestão. O laboratório de referência que atuou até o início deste mês era vinculado à Vitale e teve que ser trocado pela prefeitura há quase quinze dia e até agora não foi substituído. Também os exames básicos de urina estão suspensos em toda a rede municipal por problemas administrativos na compra das fitas reagentes, problema que até agora está sem uma resposta por parte da prefeitura.
A cena da saúde campineira é chocante. As longas filas de espera, a falta de insumos básicos, de estrutura para assegurar a qualidade e eficácia do atendimento à população constituem um retrato de negligência e entrega à sede de lucro centenas de milhares de vidas. Não à toa o próprio prefeito está sendo investigado nas denúncias de corrupção do Ouro Verde, juntamente com a Organização Social para quem entregou o “seu hospital cartão-propaganda da última eleição”, sem se importar com os usuários e a qualidade da saúde. Para garantir esse direito tão necessário é preciso que os hospitais sejam 100% públicos, que não tenham a iniciativa privada avaliando o quanto pode lucrar com a vida da população. Além disso o controle deve estar nas mãos daqueles que trabalham para que este serviço seja realizado, juntamente com os usuários que são seus maiores interessados.
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