quarta-feira, 4 de abril de 2018

Conselho de medicina denuncia situação alarmante da saúde no Amazonas

A denúncia é do presidente do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREM-AM), José Bernardes Sobrinho. Ele destacou a lotação em unidades de saúde e a falta de aparelhos para hemodialise e tomografia


Manaus - O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) apresentou, na manhã desta quinta-feira (29), um balanço sobre a real situação alarmante que se encontram os principais hospitais e prontos-socorros públicos na capital e no interior do Estado. Segundo o órgão, a população está sendo prejudicado devido a falta de assistência do governo, e exames não estão sendo feitos por por falta de itens essenciais. 

De acordo com o presidente do Cremam, José Bernardes Sobrinho, o Governo do Estado não tem dado atenção necessária aos pacientes que necessitam do atendimento nas unidades de saúde. "Tem acontecidos fatos inéditos no Amazonas, em que pacientes estão morrendo. Isso poderia ser evitado se houvesse insumos básicos. Não se pode admitir que, em um hospital de urgência, morram pacientes, como aconteceu semana passada, por não conseguir realizar exames de hemodiálises", criticou Sobrinho.

Segundo o médico, um do fatores para essa situação que se encontra a saúde é devido a diminuição no número de leitos e o aumento de pessoas desempregadas. "A saúde está sendo degradada e as internações dos hospitais não têm leitos suficientes. O Sistema Único de Saúde (SUS) diminuiu nos últimos dez anos cerca de 18 mil leitos, mas o número de pacientes tem aumentado por conta do desemprego. Para vocês terem uma ideia, estamos internando pacientes em poltronas, o que é um absurdo essa situação", denúncia o presidente do CREM-AM. 

Sobrinho disse, ainda, que as pessoas estão passando por esses problemas devido a corrupção que se instalou na saúde pública do Amazonas, citando, como exemplo, a operação "Maus Caminhos", que desviou quase R$ 150 milhões dos cofres públicos. A falta de gestão eficiente também foi um dos pontos levantadas pelo profissional sobre a precariedade nos hospitais públicos. 

O presidente da classe médica no Amazonas descartou uma possível paralisação dos profissionais. "Não pensamos em paralisar, por motivos óbvio, pois quem sai prejudicado é o paciente. O objetivo é chamar a imprensa e apresentar a realidade para que o Governo veja e tome as providências necessárias", justifica.

Hospitais e pronto socorros

Durante a coletiva, Sobrinho, destacou alguns problemas encontrados nos principais Hospitais de Manaus. Entre eles, o Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, localizado na avenida Mario Ypiranga, na zona centro-sul de Manaus. No local, pacientes realizam  exames de hemodialise lado a lado. De acordo com o médico, as maquinas estão próximas o que pode ocasionar em um grande risco de infecção.  

No Pronto Socorro Dr. Aristóteles Platão Bezerra Araújo, localizado na zona leste de Manaus, a situação é ainda pior. Conforme o relatório, existe a falta antibióticos na Urgência e Emergência, bem como no setor de Ortopedia. Durante a fiscalização, o órgão, constatou ainda que não existe um setor responsável para abastecer diariamente os consultórios.

Hospital e Pronto Socorro João Lúcio

No Hospital João Lúcio, localizado na Zona Leste de Manaus, está sem o medicamento Tramadol 50mg/100mg, utilizado para aliviar a dor dos pacientes, Soro fisiológico, fita de dextrose, são outros que faltam na unidade.

Pacientes reclama da do aparelho Raio X da Unidade que frequentemente se encontra quebrado. Além disso, a unidade está com estoque minimo de atadura de crepom, ataduras gessadas, intensificador de imagens, mandril usado para por fixadores externos, fios de sutura de todos os números, e outros insumos.

Susam

Em nota, a Susam informou que a atual gestão da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) recebeu as unidades da capital e do interior com sérios problemas e em meio a investigações pela Operação Maus Caminhos, deflagrada pela Polícia Federal. Em um único ano (2017), três governadores e quatro secretários de saúde passaram pelos respectivos cargos no Estado. A Susam, no entanto, esclarece que vem trabalhando para resolver todas as situações encontradas nas unidades, muitas delas já solucionadas e outras em execução, conforme o plano de metas com cronograma estabelecido para o ano de 2018.  

De acordo com o órgão o Governo do Estado está investindo R$ 65 milhões em obras na saúde, que estão em andamento ou em planejamento para 2018. O pacote inclui a conclusão das obras que estavam paradas na capital e interior e que foram retomadas por esta administração, além de reparos e manutenção predial corretiva e de equipamentos em geral, reformas e adequações em quase todas as unidades da capital.

O órgão ressalta que os profissionais da saúde são testemunha de como as unidades foram recebidas e do trabalho que vem sendo feito, em apenas cinco meses de gestão, para reconstruir o setor e colocar os serviços que estavam parados em funcionamento.

A nota também diz que  como presidente da empresa médica Univasc, terceirizada que presta serviços ao Governo do Amazonas, José Bernardes Sobrinho, que também preside o Conselho Regional de Medicina (CRM), acompanhou a degradação que ocorreu no setor nos últimos anos e sabe como o órgão foi recebido por esta administração.

A Susam esclarece que nos cinco meses desta administração avanços importantes já foram obtidos. Entre os exemplos, estão a entrega de uma enfermaria com 49 leitos no Hospital da Fundação Adriano Jorge, para dar retaguarda e amenizar a superlotação nos prontos-socorros. Todos os prontos-socorros infantis estão passando por reformas. Nos prontos-socorros da criança da Zona Sul e da Zona Oeste, as UTIs foram reformadas. O PSC da Zona Leste recebeu reforma no Centro Cirúrgico. No Platão Araújo, a UTI infantil aumentou o número de leitos.

Na capital, além da sede da Susam, 13 unidades de saúde estão passando por reformas e intervenções e outras estão planejadas para receber obras no próximo trimestre, incluindo todos os 12 Centros de Atenção Integra à Criança (CAICs).

A Central de Medicamentos (Cema), que foi recebida com apenas 25% do estoque, está recompondo o abastecimento na rede, com a realização de licitações para compra dos produtos. O Programa de Transplante, que foi encontrado parado, está sendo retomado. Na Fundação Hospital Adriano Jorge, o ambulatório de pós- transplante já voltou a operar e o de pré-transplante deve entrar em funcionamento até junho. Além disso, a secretaria prepara uma concorrência nacional, para a contratação do serviço de transplante de rim e fígado. Também está em processo, a licitação para ampliar a oferta de hemodiálise na rede estadual.

A secretaria também informa que está trabalhando para a legalização de todos os serviços que são prestados para o Estado, e que foram encontrados sem cobertura, bem como a revisão dos contratos firmados com as empresas médicas, de enfermagem e técnicos.



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