domingo, 8 de dezembro de 2019

Após interdição parcial, Hospital Getúlio Vargas é alvo de inquérito do Ministério Público de PE

Promotora afirma que a inspeção do prédio foi agendada para sexta-feira (6). Pacientes relatam dificuldade para remarcar cirurgias e consultas.


Ministério Público abre inquérito para apurar situação no Hospital Getúlio Vargas

A situação do Hospital Getúlio Vargas (HGV), que teve uma área interditada após estalos, originou um inquérito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Nesta quarta-feira (4), pacientes relataram dificuldades para remarcar consultas e cirurgias na unidade de saúde localizada no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife (veja vídeo acima).

Segundo a promotora Helena Capela, o objetivo da ação é garantir a assistência aos pacientes e a segurança dos funcionários, que relataram temor devido às rachaduras no prédio. Parte do prédio do hospital foi interditada pela Defesa Civil do estado, na sexta-feira (29), quando ocorreram os estalos.

Titular da Promotoria de Saúde, Capela explicou ao G1, nesta quarta (4), que vai inspecionar o hospital. "Vimos a notícia e recebemos denúncias de pessoas que trabalham lá, relatando que está com risco de desabar, que alguns blocos haviam sido interditados. Agendei a inspeção com o analista do MPPE em medicina e engenharia para avaliar a situação na sexta-feira (6)", afirmou.

Servidores do Hospital Getúlio Vargas, no Recife, fizeram foto que mostra rachadura
dentro da unidade hospitalar

Apesar da preocupação com os riscos estruturais, a prioridade é garantir que os pacientes do hospital não sejam prejudicados. "Acho que a situação é bem preocupante, mas o objetivo da Promotoria de Saúde é saber como vai ser prestada essa assistência à população. Já é difícil conseguir um agendamento. A gente quer garantir que não haja interrupção à assistência à saúde", disse.

Moradora de Gameleira, município localizado a 97 quilômetros do Recife, Márcia Ferreira foi uma das pacientes que chegou ao HGV e não conseguiu respostas sobre a marcação de consulta. "Dizem que, por causa da rachadura, acham que os médicos não vão nem atender os pacientes. A gente fica nesse peleja. Acordo às 2h para chegar aqui e não ter atendimento de nada", afirmou.

Com cirurgia no dedo marcada para esta quarta (4), Adriana Silva não sabia quando conseguiria realizar o procedimento. "O moço disse que não tem previsão de quando vai fazer. Mandam a gente para um lugar e outros funcionários dizem que devemos ficar vindo aqui para saber qual dia vamos conseguir a cirurgia. Não dá para ficar pagando passagem", disse.

Hospital Getúlio Vargas fica na Zona Oeste do Recife

Além da inspeção, uma reunião foi agendada pelo MPPE para a terça-feira (10) com representantes do Corpo de Bombeiros, das secretarias de Saúde e de Defesa Civil do estado, entre outros, para analisar a situação e o que pode ser feito.

"Queremos garantir assistência à população que tem agendamento e utiliza o hospital, emergência, cirurgia. Agora, claro, que isso é em função de um problema que é o risco de desabamento. Tem gente dizendo que está trabalhando de apito. Não acredito que deixariam a área funcionando se houvesse, de fato, risco porque seria crime, mas vamos analisar tudo isso", declarou a promotora.

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) também foi convidado a participar da inspeção na sexta, segundo Capela. Em nota, a entidade apontou que esteve no hospital logo e constatou que as condições de trabalho estão "abalando a saúde dos profissionais que atuam no complexo hospitalar".

O Simepe afirmou, também, que a situação no HGV é uma cobrança antiga e cobrou a apresentação de um calendário de obras que solucionem de forma definitiva problemas dessa natureza. O governo estadual afirmou que essas intervenções estão sendo estudadas.

Resposta


Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que o ambulatório do Hospital Getúlio Vargas (HGV) tem atendido a população nas mais diversas especialidades e que foram realizados remanejamentos de salas para que as consultas pudessem ser realizadas.

"Os atendimentos que precisaram ser desmarcados serão devidamente reagendados pela equipe do hospital, que tem mantido contato permanente com os gestores municipais", disse no texto.

A direção do HGV afirmou, também, que a emergência, enfermarias e parte dos blocos cirúrgicos estão em funcionamento e que a rede estadual de saúde deu o suporte necessário à unidade.

A equipe de engenharia da Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) realizou vistorias na unidade de saúde e, de forma preventiva, uma área do Bloco G3 foi isolada enquanto o caso é analisado. Além do isolamento preventivo e provisório, novas análises estão sendo realizadas por diversos órgãos para averiguar a situação, dar os devidos encaminhamentos e maior segurança para todos, apontou a SES.


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