domingo, 8 de dezembro de 2019

Pacientes sofrem com falta de remédios e ambulância e funcionários estão sem salário em hospitais do Rio

Pacientes, familiares e funcionários terceirizados sofrem com o caos da saúde pública. A A prefeitura e o governo do estado ainda não deram retorno sobre os problemas.


Paciente internada aguarda cirurgia há uma semana, no hospital estadual
Carlos Chagas

Pacientes, familiares e funcionários terceirizados sofrem com o caos da saúde pública no Rio de Janeiro. Faltam medicamentos, ambulâncias, alimentos e pagamentos.

No Hospital Estadual Carlos Chagas os pacientes reclamam da falta de medicamentos para os tratamentos.

Já no Hospital Getúlio Vargas, a falta de ambulâncias afeta quem precisa fazer exames em outros locais. No Hospital Albert Schweitzer , os funcionários ainda não receberam o pagamento de outubro.

Sem medicamentos


A paciente Helena da Cunha, de 51 anos, está internada há uma semana no Hospital Estadual Carlos Chagas com úlcera, além de complicações no fígado e no esôfago, o que provocou vômitos e sangramentos.

Ela não consegue recuperar porque seu tratamento depende de um tipo específico de medicamento - uma espécie de cola para curar os ferimentos internos. A medicação, no entanto, não está disponível na unidade

"Não tem o material. Nem aqui, nem em outros hospitais da rede. Ela chegou a ser levada ao Hospital do Fundão mas, na hora do procedimento, disseram que a cola que eles têm não é a mesma", lamentou a filha de Renata Cunha das Chagas.

Até o momento da exibição da reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde ainda não havia enviado um posicionamento sobre o caso.

Sem exame


Já Marcos Vinícius Calasans Passos, internado há quase um mês no Hospital Getúlio Vargas, deixou de fazer um cateterismo por não haver ambulância para levá-lo.

"Só conseguiremos saber o que acontece com o coração dele após fazermos esse procedimento. Ele foi internado no último dia 5. No dia 7, esse cateterismo já foi solicitado, quando ele ainda estava no CTI, onde passou cinco dias internado. O exame só poderia ser realizado no dia 27. Acontece que no próprio dia 27, fui informada que só havia duas ambulâncias: uma com o médico e outra sem médico. O veículo com médico levou um paciente para fazer outro exame em Petrópolis", disse Pâmela Calasans, filha de Marcos.

Segundo ela, mesmo que o outro paciente estivesse em situação mais grave, o hospital tem que estar preparado para atender a todos. "Em um hospital do porte do Getúlio Vargas dezenas de pacientes mais graves vão chegar e muitos, como o meu pai, continuarão precisando de exames e transferências", afirmou.

Por meio de nota, a direção do Hospital Getúlio Vargas informou que a unidade tem três ambulâncias durante o dia e mais duas à noite.

Ainda de acordo com a nota, casos como o de Marcos Vinícius são reagendados por conta da chegada de pacientes mais graves.

Sem pagamento


Enquanto isso, os funcionários terceirizados do Hospital Albert Schweitzer ainda não receberam - apesar de já estarmos em dezembro, o pagamento de outubro ainda não foi pago.

Os funcionários também relatam falta de alimentos e medicamentos na unidade – alguns médicos, disseram os enfermeiros, evitam internar pacientes já que não há sequer antibióticos.

na terça-feira da semana passada, o Tribunal Regional do Trabalho determinou um arresto de R$ 325 milhões para garantir o pagamento dos funcionários.

No entanto, a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com um recurso alegando que esse dinheiro já estava comprometido para outras ações do município, como as obras do corredor BRT Transbrasil e construção de casas populares.

A Justiça deu ganhou à argumentação feita pela AGU. "A gente está sem pagar aluguel, sem pagar nossas contas, cartão vem com juros, conta de luz, água e gás. Muitos estão sem o básico para dentro de casa. Estamos pagando para trabalhar. Muitos não estão indo por falta de dinheiro de passagem. A gente está pedindo socorro, estamos adoecendo. Queremos nosso pagamento - é direito, não estamos pedindo favor".

A Prefeitura do Rio informou que está apurando as informações para poder dar uma resposta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário