sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Agevisa ressalta que erro de medicação é questão de saúde pública; segundo OMS


A Agência Estadual de Vigilância Sanitária reservou as edições do período de Carnaval do informativo radiofônico Momento Agevisa para alertar os paraibanos sobre os riscos de erros de medicação – um problema que pode afetar qualquer pessoa que precise tomar algum tipo de medicamento, seja em sua casa, por meio da compra de remédios mediante receituário médico, seja em unidades de saúde, onde as medicações são ministradas por profissionais qualificados, mas passíveis de cometer erros.
Recorrendo a Boletim de Farmacovigilância publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária no final de janeiro passado, a Agevisa/PB informou que “entende-se por erro de medicação qualquer ocorrência evitável que possa causar ou induzir ao uso inadequado de medicamentos ou danos ao paciente enquanto o medicamento está sob os cuidados do profissional de saúde, do paciente ou do consumidor”. Tais eventos, segundo o documento, “podem estar relacionados à prática profissional, aos produtos, procedimentos e sistemas de saúde, incluindo prescrição, comunicação entre profissionais, rotulagem, embalagem, nomenclatura, composição, dispensação, distribuição, administração, educação, monitoramento e uso”.
Receitas médicas “Dentre os fatores aos quais podem ser atribuídos os erros de medicação, merece destaque um (em especial) bastante conhecido da população e que tem referência direta com o processo de prescrição por parte da maioria dos profissionais de Medicina. Trata-se da escrita dos nomes dos medicamentos e das informações de uso presentes nas receitas médicas, na grande maioria dos casos de difícil entendimento e tradução pelos pacientes e, muitas vezes, por parte dos próprios funcionários das farmácias e drogarias”, explicou a Agevisa, e enfatizou:
“Se as pessoas não conseguem traduzir fielmente os nomes, indicações e instruções de uso impressos nas receitas, há aí uma grande possibilidade de se tomar um medicamento errado (diferente do que foi prescrito pelo médico) ou mesmo de se tomar um medicamento certo de forma errada, ou seja, de modo diverso das instruções grafadas no receituário pelo profissional de Medicina”.
Neste ponto em particular, a Agevisa ressaltou a importância de se prestar muita atenção nos medicamentos que se consome; de só tomar medicamentos mediante prescrição médica, e de solicitar aos profissionais de Medicina que escrevam nas receitas os nomes dos medicamentos e o modo de usá-los com letras legíveis e de fácil entendimento.
Saúde pública e segurança do paciente  No Brasil, há hoje uma cultura no sentido da garantia da segurança do paciente nos serviços de saúde. Tal objetivo é defendido e acompanhado de perto pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), que tem coordenação geral da Anvisa e participação ativa das Vigilâncias Sanitárias estaduais e municipais.
Com base nessa cultura, os serviços de saúde têm se empenhado no sentido de fornecer uma assistência segura aos seus pacientes. Mesmo assim, conforme destacado no Momento Agevisa, sempre há o risco da ocorrência de eventos adversos capazes de comprometer a saúde e até a vida das pessoas que buscam atendimento médico, sendo a infecção hospitalar o mais conhecido de todos.
Morbidade e mortalidade Apesar de a infecção hospitalar figurar entre os erros adversos mais comuns nos serviços de atenção à saúde, os erros de medicação constituem um grande problema de saúde pública e são responsáveis pela ocorrência de hospitalizações, morbidade, mortalidade e aumento dos custos em saúde em todo o País. Conforme descrito no Boletim de Farmacovigilância nº 08/2019, da Anvisa, disponível no portal.anvisa.gov.br, a segurança no uso de medicamentos faz parte do amplo contexto da segurança do paciente e é um elemento essencial para a garantia da qualidade nos serviços de saúde.
Os medicamentos, de acordo com o boletim, podem causar danos graves à saúde das pessoas se tomados incorretamente, monitorados insuficientemente, ou se a ingestão resultar de um erro, acidente ou problemas de comunicação.
Fatores que podem gerar erros de medicação Para auxiliar na identificação dos erros de medicação, a Organização Mundial de Saúde elencou alguns fatores principais que podem contribuir para o surgimento de tais episódios. Segundo a OMS, podem gerar erros de medicação fatores associados aos profissionais de saúde, aos pacientes, ao ambiente de trabalho, aos próprios medicamentos, às tarefas desempenhadas pelos profissionais, aos sistemas de informação computadorizados e à interface entre as atenções primária e secundária.
Treinamento insuficiente – O primeiro fator está associado aos profissionais de saúde e pode ser favorecido pelos seguintes problemas: falta de treinamento a respeito da terapia adotada; experiência e conhecimento insuficientes sobre medicamentos; pouco conhecimento do perfil do paciente; percepção inadequada do risco; sobrecarrega e fadiga; problemas de saúde físicos ou emocionais, e, por fim, escassa comunicação entre profissionais e pacientes.
Características dos pacientes O segundo fator está ligado aos pacientes e diz respeito a características como personalidade, grau de instrução e barreiras de linguagem, tendo referência também com a complexidade de cada caso clínico, incluindo múltiplas condições de saúde, polifarmácia e o uso de medicamentos de alto risco.
Ambiente de trabalho  De acordo com a OMS, erros de medicação também podem ser provocados por fatores associados ao ambiente de trabalho, como, por exemplo, grande carga de obrigações e tempo insuficiente para cumpri-la; distrações e interrupções provocadas por outros profissionais e/ou pacientes; falta de procedimentos e protocolos padronizados, insuficiência de recursos e questões relacionadas ao ambiente físico de trabalho (iluminação, temperatura, ventilação etc.).
Rótulos, embalagens e atividades repetitivas Os nomes dos medicamentos e os rótulos e embalagens também podem induzir a erros de medicação. Tais ocorrências podem ainda ser provocadas por fatores associados às tarefas dos profissionais de saúde, com destaque para os sistemas repetitivos de prescrição, processamento e autorização, e para o monitoramento dos pacientes – procedimento este que depende da prática clínica, do prescritor, do próprio paciente e dos outros ambientes onde este recebe cuidados.
Comunicação precária  Outro fator relacionado pela Organização Mundial de Saúde como gerador de erros de medicação está associado à “interface entre as atenções primária e secundária”, relação esta marcada por uma qualidade limitada de comunicação e por poucas justificativas para as recomendações feitas pela atenção secundária.
Erros geram custos globais excessivos
Segundo dados do Boletim de Farmacovigilância nº 08/2019, publicado no portal.anvisa.gov.br no final de janeiro passado, estima-se em 42 bilhões de dólares os custos globais anuais associados aos erros de medicação.
No Brasil, também conforme o boletim da Anvisa, estudo realizado em unidades de clínica médica de cinco hospitais públicos de ensino das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste identificou 1.500 erros de medicação relacionados à administração de medicamentos, demonstrando que 30% das doses administradas continham alguma falha.
Relacionadas a horário (77,3%), dose administrada (14,4%), via de administração (6,1%), uso de produto não autorizado (1,7%) e a erro cometido pelo paciente (0,5%), tais ocorrências envolveram especialmente medicamentos de administração parenteral (48,5%) e oral (46%). Os medicamentos mais comumente relacionados aos erros pertenciam aos grupos utilizados para o sistema cardiovascular, sistema nervoso, trato alimentar e metabolismo e anti-infecciosos de uso sistêmico.
Desafio global  Em março de 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou como 3º Desafio Global para Segurança do Paciente a redução, em 50%, dos danos relacionados aos erros de medicação em todo o mundo.
Nesse sentido, os países foram convocados a adotar medidas prioritárias em três áreas de ação: polifarmácia (em que um paciente utiliza múltiplos medicamentos para diferentes doenças), situações de alto risco (relacionadas a medicamentos com alto risco de dano se utilizados de forma incorreta) e transições de cuidado (que diz respeito à transição dos pacientes entre os níveis de atenção à saúde). A estratégia tem foco nos pacientes e na comunidade, nos profissionais de saúde, nos próprios medicamentos e nos sistemas e práticas de medicação.
No âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária brasileiro, o desenvolvimento e a implantação de programas e estratégias de prevenção de erros de medicação é estimulado pela Anvisa de forma integrada entre todos os setores do sistema de saúde, incluindo os profissionais envolvidos e os pacientes.
VigiMed facilita notificações  A Anvisa também defende que os erros de medicação sejam regularmente notificados em todos os níveis de assistência em saúde, uma vez que as notificações são fundamentais para a identificação dos erros, permitindo a adoção de medidas para evitá-los. Para tanto, a agência disponibiliza no endereço portal.anvisa.gov.br/vigimed  o sistema VigiMed, que é uma ferramenta onde os cidadãos e os profissionais de saúde podem relatar eventos adversos a medicamentos e vacinas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário