sábado, 8 de fevereiro de 2020

Idosa de 70 anos diagnosticada com aids e gravidez pede R$ 100 mil da Prefeitura

Mulher tinha feito exame para hepatite em postinho, mas acabou sendo diagnosticada com HIV e gravidez


Uma aposentada de 72 anos entrou com ação indenizatória por danos morais contra a Prefeitura de Rio Preto após erro médico que ocorreu no posto de saúde no bairro Lealdade Amizade, em 2017. O pedido de indenização foi protocolado em dezembro do ano passado.

A idosa estava no posto de saúde esperando uma consulta com sua médica, quando viu um cartaz de exames para hepatite e resolveu coletar o sangue para verificar se estava com a doença. A aposentada então foi levada para o local de coleta de sangue e informada de que o exame seria feito para todas as doenças sexualmente transmissíveis. A mulher tinha 70 anos na época, já era divorciada e não tinha vida sexual ativa há mais de 40 anos, de acordo com o processo.

Quando a idosa voltou para buscar o exame, depois de um mês, ela foi informada por uma funcionária do postinho que o resultado havia dado positivo para HIV e resultado inconclusivo para sífilis. O filho dela morreu com 27 anos por causa do HIV em 1995. A idosa teria perguntado para a funcionária se ela tinha certeza dos resultados e ela afirmou que sim.

Ao chegar em casa, a idosa foi ler novamente o exame e se surpreendeu com outro detalhe: no exame constava também que ela estava grávida. Percebendo o grave erro, ela voltou imediatamente para o posto de saúde e questionou os funcionários. 

A advogada da mulher, Gabriella Pimenta Ribeiro, apontou a falta de respeito com a cliente. "A médica havida dito que os funcionários simplesmente esqueceram de riscar a palavra gestante! É claro que o exame da requerente foi trocado pelo exame de alguma gestante, por isso o resultado de HIV positivo”, escreveu a advogada no processo. 

Depois de alguns dias, a idosa foi a um posto de saúde em Ribeirão Preto, levada pela neta, e os exames descartaram a gravidez, o HIV e a sífilis. Os próprios funcionários da UBS em Ribeirão a aconselharam a pedir reparação por danos morais contra a Prefeitura de Rio Preto. "Claramente houve um erro absurdo onde o exame provavelmente havia sido trocado e eles não poderiam dar uma notícia dessas assim, antes de repetir o mesmo exame”, diz trecho da ação.

"Além de ser idosa, na época 70 anos de idade, tem pressão alta e diabetes, toma remédios para controlar sua pressão arterial e insulina diariamente. Diante de todo esse transtorno, além de ter sofrido um irreparável abalo emocional e psicológico, de ter relembrado a morte de seu filho em decorrência dessa doença incurável e de todo o sofrimento da família à época, também sofreu com a alta repentina de sua pressão arterial e sua diabetes, que demorou dias para conseguir controlá-las novamente. Correndo, assim, o risco de sofrer um infarto, AVC ou ainda pior: a morte. Tudo por causa desse erro absurdo”, reforçou a advogada, que fixou o pedido de indenização no valor de R$ 100 mil.

De acordo com o chefe do Departamento Jurídico da Saúde, Matheus Costa, o município foi citado para apresentar sua defesa. A Secretaria da Saúde, através do departamento responsável, prestará as informações técnicas à Procuradoria-Geral do Município "visando subsidiar, em contraditório, a ampla defesa da municipalidade".
 
"Qualquer juízo de valor sobre os fatos narrados nos autos, e sobre o atendimento médico, é prematuro neste momento, além de esbarrar no sigilo profissional médico-paciente", diz nota enviada pela assessoria da Saúde.

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