segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

JOVEM DE 23 ANOS QUER PROCESSAR HMI APÓS PERDER GÊMEAS EM GESTAÇÃO

"Com 36 semanas de gestação, minhas filhas morreram por causa de negligência médica", afirmou a jovem

Moradora de Aparecida quer processar HMI após perder gêmeas

Moradora de Aparecida de Goiânia, Vanessa Freitas Lima, de 23 anos, pretende mover uma ação judicial contra o Hospital Estadual Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI) por negligência médica.

A paciente estava grávida de gêmeas e perdeu os bebês ainda no útero no último dia 3 de fevereiro.

Vanessa, que é manicure e reside no setor Rosa dos Ventos, disse que já procurou um advogado e aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para acionar a Justiça.

“Com 36 semanas de gestação, minhas filhas morreram por causa de negligência médica”, afirmou a jovem.

Procurada pela Folha Z, ela relatou o ocorrido.

Entenda

No dia 18 de janeiro de 2020, Vanessa estava grávida de 34 semanas, quando deu entrada no HMI sentindo dores.

Ela contou que foi internada na unidade de saúde com infecção de urina e ficou no hospital por 4 dias.

Ao receber alta, a paciente disse que foi orientada a retornar em 3 dias. No retorno, uma médica teria dito a ela que tudo estava normal com a gravidez e que era necessário esperar as 36 semanas para fazer o parto.

Vanessa Freitas Lima ao lado do marido, Vanderlei Francisco do Amaral 

Síndrome da Transfusão Feto-Fetal

No dia 29 do mesmo mês, Vanessa disse que voltou ao HMI para fazer uma ultrassonografia de rotina.

Após realizar o exame, ela contou que a médica disse a ela para procurar a emergência, porque o líquido amniótico de uma das crianças estava maior do que da outra.

A paciente disse à reportagem que essa mesma profissional solicitou um novo ultrassom, desta vez para saber o peso dos bebês.

No resultado, a profissional suspeitou da ocorrência da Síndrome da Transfusão Feto-Fetal, quando um bebê transfere sangue para o outro (ocorre na mesma placenta, ou seja, com gêmeos idênticos).


Mudança de turno

Na sequência, segundo Vanessa, houve troca de plantão e um 3º médico entrou para avaliá-la.

Esse profissional, segundo ela, disse que estava tudo normal com a gravidez e, ao ouvir a notícia, ela foi embora.

Porém, durante o pré-natal, já no dia 31 de janeiro, Vanessa relatou que novamente reclamou de dores.

De acordo com ela, os especialistas afirmaram de novo que estava tudo normal e, na segunda-feira, dia 3 de fevereiro, realizaria o parto.

A paciente retornou no dia 3 para o procedimento, mas ela afirmou que o médico encontrou dificuldades para ouvir os batimentos cardíacos dos bebês.

Foi solicitado um novo ultrassom e nele constatou-se o óbito das crianças. No mesmo dia, às 15h, Vanessa disse que as filhas foram retiradas do seu útero, já sem vida.

“Vocês estiveram meses em meu ventre e eu sonhava com a hora em que finalmente poderia ter minhas princesas em meus braços. Infelizmente, vocês saíram de dentro de mim para dentro do meu coração, vivendo com as minhas mais lindas lembranças”, lamentou a jovem por meio das redes sociais.

Agora, ela exige explicações do hospital.

Vanessa foi paciente do Hospital Materno-Infantil, em Goiânia

Posicionamento do HMI


Procurada pela reportagem, a direção do HMI relatou que a paciente, com gestação gemelar, de 36 semanas, foi admitida na unidade no dia 3 de fevereiro (2ª feira), por volta de 8h30.

Segundo o hospital, Vanessa apresentava ausência dos MVF (movimentos fetais) havia 1 dia.

Ainda conforme a unidade de saúde, a paciente foi prontamente atendida, passou por avaliação médica e uma ultrassonografia, que evidenciou óbito fetal.

Com o diagnóstico, o HMI disse que a paciente foi internada e submetida a uma cesariana, após período de jejum, sem intercorrência.

O hospital relatou à reportagem ainda que, antes disso, a paciente havia feito o acompanhamento de pré-natal na rede básica de saúde, realizando apenas 2 consultas no pré-natal de alto risco no próprio HMI, nos dias 24 e 31 de janeiro de 2020.

A direção da unidade confirma que a paciente foi orientada a retornar no dia 3 de fevereiro para realizar a cesariana.

De acordo com o hospital, a paciente passou por todos os exames preconizados para gestação gemelar: ultrassom e de avaliação do bem-estar fetal, durante o acompanhamento no Materno-Infantil.

O HMI relatou também que todos os resultados foram normais até a última consulta do dia 31 de janeiro, o que não justificava interrupção precoce da gestação.

A direção do hospital disse que, até o momento, não foi detectada uma causa aparente para o óbito fetal e que os fetos foram encaminhados ao IML para investigação


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